sábado, 6 de outubro de 2012

MEU PRIMEIRO TÍTULO

título

Título é um nome com o qual se designa um livro, um artigo, etc., mas também é uma qualificação, um documento que autentica um direito. Por exemplo: o direito de votar.

Entre tantos significados conto para o TP e para o RT que na época em que votei pela primeira vez, aos 18 anos aqui em Macapá, o ato de votar tinha uma certa magia. Os eleitores eram paparicados pelos candidatos a vereador (só a vereador porque o prefeito da então capital do TFA era nomeado pelo Governador) que iam às sessões eleitorais vestidos com paletós e sisudas gravatas. Por lá apareciam Valter Banhos de Araújo, Chefe Humberto, Binga Uchôa, Geovani Borges e outros, sempre conversando com os eleitores numa “quase boca-de-urna” disfarçada. - E aqueles dez cruzeiros dentro da caixa de fósforos, heim, TP?

Lembro que quando escrevi o nome do meu candidato, foi como pensar em um novo começo para o mundo. Parecia que tudo iria mudar. Mesmo já sendo maior de idade acreditava piamente nisso, pois vivíamos em uma ditadura em que nem essa palavra era permitido falar. Mas a esperança era verde e estava presa ao coração. Votei e votei bem. Porém, seis meses depois passamos a encarar o caricato e paranoico episódio do “Engasga-Engasga” (maio de 1973), que muita gente ainda se lembra. O mundo desabou, pois nenhum candidato jamais se pronunciou sobre o assunto, um fato marcante e traumatizante para muitos jovens espantados, que foram presos injustamente no Exército, nos calabouços da Fortaleza de São José e nas celas do DOPS.

Ao olhar esse título hoje, penso o quanto as vozes que foram caladas covarde e abruptamente no tempo, foram importantes para que a democracia tão sonhada se concretizasse no Brasil. Afora isso vem o sorriso de satisfação de hoje fazer parte de um mundo mudado pela conquista, mormente da articulação das palavras e de tantos títulos de livros e artigos de homens e mulheres responsáveis, que escreveram novos capítulos para o futuro do nosso país.

E nesse olhar é que me proponho até a velhice encontrar os amigos que não vejo há tempo - assim como no Círio ou no dia de Finados - nas filas das sessões eleitorais, votando pela certeza de um mundo melhor para os nossos descendentes... E para nós, para que possamos envelhecer com dignidade.

3 comentários:

  1. Meu amigo FC, corroboro plenamente com o que escreves sobre essa poderosa arma que é o Titulo Eleitotal. Minha memória veio tão abruptamente que nem um piscar de olhos naqueles anos de chumbos de nosso Brasil.

    FC, vou te contar, vou te falar e vou te dizer,parodiando o nosso saudoso amigo Amilar Artur Brenhas quando nos recepcionava na outrora pacata cidade de Mazagão, e em qualquer hora, em sua residência, para lembrar, também, a respeito de a "caixa de fósforo", e eu era fumante e votava no IETA em 1972, quando veio em minha direção um candidato a vereador que era meu vizinho no Jacaré-Acanga, me oferecendo uma "caixa de fósfero", Surpreso fiquei com aquilo e perguntei ao Alvanir Bezerra(já falecido),o seguinte: mas, seu Alvanir cadê o cigarro? E, ele respondeu: abra a caixa! Falei que eu fumava. Não demorou muito ele me trouxe um maço de cigarro de marca Gaivota, lembras do cigarro Gaivota? Rsrsrs.

    Até um amigo meu apelidado carinhosamente de "Marquês de Bonfá"(já falecido) me ofertou uma caixa de fósforo, quando candidato a deputado federal, e ao abrir a dita caixa, eis que lá dentro estava o seu número para que eu votasse com segurança.(!!!???).

    Infelizmente, hoje, ainda, o descaramento é imenso, antecipadamente, pela compra de o voto por parte de "candidatos endinheirados".

    Consumistes alguma vêz o Cigarro Gaivota, heim meu amigo, FC?

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  2. Prezado amigo TP. Fiquei mt desconfiado quando traguei um cigarro Gaivota. A fumaça parecia rasgar os brônquios de tão forte que era. Égua! Um vulcão logo. Tinha um padre lá paróquia de São Benedito que tinha esse apelido - Gaivota - de tanto fumar o tal tcharo que mais parecia uma porronca ou um cigarro de taquari (usado pelos pajés do Oiapoque). Fedia mais que charuto baiano, brother. Mas já deixei esse vício nojento.
    Agora eu te pergunto: em quem votaste em 1972 e qual era o partido do teu candidato? Eu aposto que foi no Chefe H., da ARENA, pois tu eras governista e gaivotante (Opss!),fumante de gaivota.

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    1. Na verdade, meu preclaro amigo FC,em 1972 os dois partidos existentes eram a ARENA e o MDB, ou não? Eu votei no STEPHAN HOUAT que era padrinho de meu irmão Epaminondas,e se não me falha a memória o STEPHAN era do MDB.

      Tu descobristes quem foi que quebrou a vidraça do Gabinete do Ivanhoé Martins que olhava de binóculos aos estudantes do Colégio Amapaense metidos a bagunceiros que usavam calças bocas larga, cabeludos e bolsas a tira-colo e que Ivanhoé dera ordens para prendê-los, com bala de canhão em 1971?

      Depois do Gaivota, eu fumei o Continental.


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