sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A AMAZÔNIA COMO ELA É

Por MARCELO LARROYED

BRASÍLIA, 2012 – Ray Cunha lança, até dezembro, novo livro, Na Boca do Jacaré – A Amazônia como ela é (Ler Editora, Brasília, 139 páginas), enfeixando 14 contos ambientados em Belém do Pará, cidade considerada o Portal da Amazônia, “a região mais vertiginosamente bela do planeta, a que os europeus chamam de realismo fantástico” – como diz o escritor. Alguns contos se movem no Ver-O-Peso, a maior feira livre da Ibero-América, “onde o Trópico Úmido ferve para sempre”.

na boca do jacare_raycunhaNa Boca do Jacaré, conto que dá título ao livro, é o mergulho suicida de um arqueólogo nos abismos da maior ilha flúvio-marítima do planeta, Marajó, em pleno Mundo das Águas, a confluência do maior rio do planeta, o Amazonas, ao norte; do rio Pará, a oeste; e dos rios Tocantins e Guamá, ao sul, este, formando a baía de Guajará, que passa defronte do Ver-O-Peso, em Belém. Os rios Pará, Tocantins e Guamá alimentam a baía de Marajó. O Mundo das Águas arreganha a bocarra de jacaré-açu para o oceano Atlântico, a nordeste.

Autor do romance A Casa Amarela (Editora Cejup, Belém, 2000), ambientado em Macapá no ano do golpe que instalou no país a Ditadura dos Generais (1964-1985), e de Trópico Úmido – Três Contos Amazônicos (Edição do Autor, Brasília, 2005), além de A Grande Farra (Edição do Autor, Brasília, 1992), o Mundo das Águas, a Amazônia Caribenha, a Hileia, perpassa a literatura de Ray Cunha, que nasceu em Macapá, cidade que se debruça na margem esquerda rumo à boca do rio Amazonas, na confluência da Linha Imaginária do Equador, no setentrião da costa brasileira.

Inclusive O Casulo Exposto (LGE Editora, Brasília, 153 páginas, R$ 28), livro de contos ambientados nos subterrâneos de Brasília, repete o conto Inferno Verde, história curta publicada inicialmente em Trópico Úmido, e que se move simultaneamente no universo Belém/Ver-O-Peso/Marajó e na capital do Brasil, onde o autor mora.
casulo exposto_raycunhaO Casulo Exposto Trabalhando desde 1987 como jornalista, em Brasília, cobrindo amplamente a cidade, o Entorno e o Congresso Nacional, a capital da República passou a se constituir, naturalmente, em outro universo do escritor. Assim surgiu O Casulo Exposto, que se refere “à redoma legal que engessa o Patrimônio Cultural da Humanidade, a borboleta de Lúcio Costa, ninfa golpeada no ventre, as vísceras escorrendo como labaredas de luxúria, depravação e morte nos subterrâneos da cidade dos exilados”.
Segundo o autor, “a fauna, heterogênea, que tenta sobreviver na ilha da fantasia, chafurda nos mensalões brasilienses e arde numa imensa fogueira das vaidades”. As personagens que transitam em O Casulo Exposto são“políticos, inclusive daquele tipo mais vagabundo, que não pensa duas vezes antes de roubar merenda escolar; jornalistas que se equilibram no fio da navalha; tipos fracassados e duplamente fracassados; estupradores; assassinos; bandidos de todos os calibres se misturam, nos contos, numa zona de fronteira fracamente iluminada. Contudo, a ambientação de sombra e luz tresanda, também, a perfume e a romance” – diz o coautor de Xarda Misturada (Edição de autor, Macapá, 1971) e autor Sob o Céu nas Nuvens(Edição do Autor, Belém, 1982), também de poemas.
“Nascido em Macapá (AP), mas radicado em Brasília desde 1987, o jornalista e escritor Ray Cunha conhece como poucos as cicatrizes da capital brasileira. Experiência adquirida em mais de duas décadas como repórter de cidades e na cobertura intensa do Congresso Nacional. Por isso, não deixa de ser oportuno que o seu mais recente trabalho, o livro de contos O Casulo Exposto, chegue às livrarias justamente no momento em que o Senado passa por uma de suas piores crises” – o jornalista Lúcio Flávio publicou no Correio Braziliense, em 2008.
“A intimidade do autor com a cidade é denunciada não apenas por meio dos temas abordados - seja a política ou as mazelas da cidade -, mas também pela geografia desenhada em histórias que têm como personagens as vias da cidade como a W3 Sul e a W3 Norte ou um encontro aparentemente casual na Churrascaria Porcão” – escreve Lúcio Flávio, ao que diz Ray Cunha: “Sou um observador privilegiado da cidade.”
“Seus romances e contos são, geralmente, ambientados na Amazônia. Qual a sensação de escrever um livro candango, ou seja, produzido com as coisas que acontecem em Brasília?” – perguntou-lhe o jornalista belenense Aldemyr Feio, ao que Ray Cunha respondeu: “É a mesma sensação de trocar pirão de açaí com dourada frita por pão de queijo, ou de trocar a Estação das Docas por shopping. São duas situações absolutamente diferentes. No meu caso pessoal, caio de joelhos por tudo o que diz respeito à Amazônia, mas também curto Brasília. Assim, sinto-me perfeitamente à vontade tanto na Amazônia como em Brasília”.
"O que tu queres dizer com o casulo que também tresanda a perfume, romance e esperança, nas luzes da grande cidade?” – perguntou Aldemyr Feio. Ray Cunha: “O casulo do título evoca o fato de que Brasília é reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade. Em termos práticos, não se pode mudar a arquitetura original do Plano Piloto, que compreende o projeto do urbanista Lúcio Costa, excluindo-se as cidades-satélites. Então, o Plano Piloto é protegido sob uma redoma, um engessamento, como Patrimônio Cultural da Humanidade. Mas nas suas ruas não há romantismo, como em todas as metrópoles brasileiras, inchadas e perigosas. Apesar disso, há contos perfumados, prenhes de romance, de esperança, como o que encerra o livro: A Caça (já publicado pela Editora Cejup, de Belém), que, no final, refere-se às luzes de Brasília, e termina com toda a família (os pais e uma garotinha) deitada na cama de casal no quarto de um bom hotel, após perigosa aventura na recém-nascida Palmas (TO)”.
“Você acha que o leitor vai entender as colocações contidas no Casulo?” – perguntou-lhe Aldemyr Feio. Resposta: “Certamente que sim. A literatura, como qualquer arte, tem algo maravilhoso. No seu caso específico, as palavras remetem o leitor a mundos que são somente dele. O escritor é um mero porteiro. Lembrei-me de um caso que ocorreu com William Faulkner. Alguém o informou que leu duas vezes um livro seu e não entendeu a história. Faulkner sugeriu que lesse mais uma vez”.

SERVIÇO

O Casulo Exposto está à venda na Livraria Cope Espaço Cultural, na 409 Norte, Bloco D, Loja 19/43
Telefone: 3037-1017
E-mail:
copelivros@ibest.com.br

Ler Editora (www.lereditora.com.br), no SIG, Quadra 4, Lote 283, prédio da Fórmula Gráfica, Primeiro Andar
Pedidos para o editor, Antonio Carlos Navarro, pelo telefone: (55-61) 3362-0008 e fax: (55-61) 3233-3771
E-mails:
lereditora@lereditora.com.br e acnavarro@lereditora.com.br

Pedidos também para as redes de livrarias:
Saraiva:
www.livrariasaraiva.com.br
Cultura: www.livrariacultura.com.br
Leitura: www.leitura.com

Trópico Úmido – Três Contos Amazônicos pode ser pedido para o autor, a R$ 30, incluindo frete, pelo e-mail: raycunha@gmail.com

Blog do autor: raycunha.blogspot.com
Contato do autor:
raycunha@gmail.com

Um comentário:

  1. POR VENTURA SERÁ A AGUA DESTA - MARGEM ESQUERDA DO AMAZONAS- TÃO CANTADA PELO LITERATO-ESCRITOR RAY CUNHA. QUE MEXE NO DNA DOS NATIVOS, E OS FAZ EXCELENTES CONTISTAS.OU SERA APENAS A ADMIRAÇÃO E O BEM QUERER DO POETA PELO QUE ELES ESCREVEM QUE CRIOU ESTE ELO.
    LJORGE.

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