quarta-feira, 28 de abril de 2010

BALÉ DE LUZ, na CHOPERIA DA LAGOA

Você já pode confirmar a sua presença no Show BALÉ DE LUZ, de Juliele.

Mesa c/4 lugares: 80,00
Camarote c/6 lugares: 120,00
Camarote c/10 lugares: 200,00

Locais de Venda: 
Sorveteria Jesus de Nazaré
Sonia Canto Produções: Av. Fab, 1070 sala 206 - Fone: 3225-6733 / 8111-0695
Doctor Feet: SHOPING MACAPÁ - Loja 110 - 1º Piso - Fone 3223-8872

NOVAS (E VELHAS) EXPRESSÕES DO POVO LAGUINHENSE

O cara é muito “espora”.

Cavalo “espordejado” (não é manso, está “assustoso”, segundo os “paientes” do Curiaú).

Dei-lhe uma “beiçada” na cerveja!

Uma “lamparinada”!

Esse cara só conta “galão”.

Essa aí tá “entubada”.

Papai do Céu é meu chapa.

Meu bem vem pra casa pra gente “bater um caroço”.

Vou te ganhar sem precisar de “brebe”.

Lavou, tá novo.

LÓGICA PLANCANTÂNICA

plan2 O seu Valdevino, conhecido como Plancantã, lá do Laguinho é campeão em fazer das suas.

Certa vez uma senhora lhe pediu uma cerveja sem descer do carro, perguntando a ele quanto era . Ele disse que custava R$ 1,50. Ela pediu para ele levar a latinha até o carro. E para sua surpresa ele cobrou R$ 2,00 reais. Mas não era R$ 1,50? Perguntou a madame. No balcão, respondeu nosso herói, fora dele é R$ 2,00.

Outra vez o Irani, amigo dele há anos “ralhou” com ele porque continuava a fumar. E lhe disse dos males do vício e que ele poderia acabar morrendo por causa do cigarro. Ai ele disse: - Olha seu fdp, eu fumo desde os 13 anos, vou fazer 79 e eu “nunca morri”. Porque que tu insiste em querer que eu pare de fumar? (Lógica plancantânica = do Plancantã = Pai do Valdir do Calçadão)

terça-feira, 27 de abril de 2010

UM ÍCONE DE MAZAGÃO VELHO SE FOI

Por Gabriel Penha, jornalista.

A comunidade de Mazagão Velho começou a semana de luto. Aos noventa anos de idade completados no último dia 19 de janeiro, seu Washington Elias dos Santos faleceu por volta de 7h30min de segunda-feira, 26. Seu Vavá Santos, como era carinhosamente chamado.

Seu Elias era um apaixonado por Mazagão Velho. Pelo seu povo, pela sua cultura, em especial pela Festa de São Tiago. Aliás, a maior encenação religiosa e cultural da comunidade, que acontece no mês de julho, tem grande dívida com seu Vavá. Fazia questão, a cada ano, de pegar o microfone e comentar detalhes da encenação (personagens, enredo), durante os dois dias de seu ápice: 24 e 25 de julho. Só se afastou há três anos, para lutar contra um câncer de estômago, que acabou tirando-lhe a vida.

Mesmo na doença, não se deixou abater. Nunca se via o seu Vavá (sentado em sua indefectível cadeira no corredor de sua residência na vila mazaganense) exibir semblante triste. Ao contrário, estava sempre com um sorriso radiante no rosto e um bom humor contagiante. E não se fazia de rogado para contar suas belas histórias. Histórias de um mazaganense que combateu na Segunda Guerra Mundial. Sim, o nosso pracinha! Que honrou suas origens no front. Histórias de quem conhecia como poucos os adendos das festas religiosas de nossa terrinha. Histórias compartilhadas com estudantes, professores e acadêmicos ávidos para a construção de monografias.

vava_gabriel A última entrevista que fiz com seu Vavá foi em 2008, para matéria sobre a festa daquele ano. Na verdade, com seu Washington nunca era uma entrevista, mas sim um gostoso bate-papo. Tanto que o tempo parecia voar! E era assim com todos os que iam procurá-lo para um dedo de prosa. Era impossível não ficar curioso para saber o final dos “causos” que ele contava. Mas a voz que alegrava as narrações de nossa festa e nos contava boas história agora calou-se para sempre...

A despedida de seu Washington não poderia ser diferente: a imagem de São Tiago que percorre a vila durante a procissão de 25 de julho, as caixas de vominê e os foliões de Nossa Senhora da Piedade vieram da terra da fé e da cultura, para render a última e merecida homenagem de seus filhos para um de seus baluartes.

Resta agora às autoridades, à comunidade da vila e a todos os amapaenses reconhecerem a grandiosidade desse homem impoluto, que tanto contribuiu para o engrandecimento da cultura de Mazagão Velho. Descanse em paz, amigo Vavá Santos!

LISTA DE DOIS

unifap O Conselho Universitário da UNIFAP votou por unanimidade, nesta segunda-feira, 26, o nome do professor Tavares para reitor, após consulta prévia realizada pela comunidade universitária no último dia 14.

Agora será encaminhada a lista (lista?) com o nome dele e do professor Adalberto para a escolha do presidente Lula.

Em tempo: como só duas chapas concorreram, obviamente não haverá a famosa “lista tríplice” para ser encaminhada.

NOVA TORCEDORA

ori Quem pediu para ir “no Laguinho” neste domingo foi minha neta Ana Clara, de dois aninhos. Eu, ela e a avó fomos passear na sede do clube mais querido, o São José, que realizava parte da Festa do Tambor.

Caicai, ficou muito feliz com o passeio e ainda assistiu a um torneio de futsal.

Fomos lá com a permissão do pai Targino, que é Ypiranga e ex-morador do bairro do Trem.

PAGODE NO LAGUINHO

pagode1

pagode2 Uma galera de pagodeiros esteve reunida no domingo na casa da Valda (Também da Raimundinha, do Sené, do Beím, do Chico...), em frente à sede dos Boêmios. Fazem isso de 15 em 15 dias.

Muita gente boa se apresentou relaxada e despojada de pavulagem. Estiveram presentes os sambistas Carlos Piru, Jorginho do Cavaco, Meio-Dia da Imperatriz, Lincolin Américo, Igor, Noel, Amaralzinho e mais uma turma de jovens talentosos instrumentistas.

BOTAFOGUENSES EM CARREATA

botafogo

Delegado Claudionor

botafogo2

Francisco Lino

Uma enorme concentração de botafoguenses foi vista domingo pelas ruas do comércio e pela orla de Macapá. Eram 13 carros em um cortejo puxado pelo conhecido delegado Claudionor, que agitava uma bandeira do clube campeão carioca deste ano.

Nossos sinceros parabéns a ele e aos amigos Humberto, Evandro, Lino, Renivaldo, João Henrique, Maraca, ao meu irmão Juvenal, pois são tantos os torcedores que às vezes a gente até esquece.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O ELOGIO DO PÉ

Publicado no jornal "A Gazeta" de domingo, 25/04/10 
           
Poema de Fernando Canto
Para Ubiratan do Espírito Santo, o Bira, craque maior do futebol amapaense

                        I
Ainda que a mão guie
O rápido correr do atleta
O pé equilibra a perseguição da pelota e seu couro
Tal como o ouro em seu brilho
Desperta e arrisca o assombro à cobiça
No fado de explodir a bola
Num voo atômico em direção à rede.
                       
                        II
O atleta – certeiro - atinge o alvo duas vezes
Pé e cabeça se harmonizam nesse objetivo
E mais vezes, mais os olhos se guiam à rede – incansável,
Mistura de inseto, soldado, animal de testa larga
Arranca cem vezes o grito da torcida enlouquecida.

                        III
É azul, preto e branco, vermelho
O gosto da loucura ecoante
De rugidos da selva, de cantares da alvorada
E de sangue guerreiro de norte a sul do Brasil:
É Bira de Nueva Andaluzia, paraoara,
Dos pampas, das alterosas,
Do espiritu sancto do gol, das vitórias domingueiras
Das tardes ensolaradas, crepúsculos festivos
Da tela não-pintada de Michelangelo
(Alegoria de Deus que entrega a bola a Adão
No leve tocar de dedos)
Como um contrato entre as partes no Éden tupiniquim.

                        IV
É Bira, príncipe da arte de chutar no gol
Viajante contumaz do oco da bola                                                                    
Onde moram os querubins do futebol

                        V
No contato da chuteira e a bola
Centelhas rompem imperceptíveis aos olhos da torcida
Mas ali, na trajetória da pelota ensandecida
Girando em curva ou reta
Corre o chute mágico do atleta uBIRAtan
Que trave alguma, vento algum, goleiro algum,
É capaz de parar ante o fundo da rede, o seu destino.

                        VI
É certo que o tempo, implacável como o goleador
Também abre ruas no rosto em movimento
Ventos empoeirados surgem abruptos dos logradouros
Como quem logra a vida em ciclos imemoriais.

                        VII
Onde se vê de novo o voo rasante dos quero-queros
Sobre verde do gramado?
Talvez no espelho da lembrança
Porque a fama, efêmera e fugaz
Faz da vida o templo da memória, onde se clama
O que ficou para trás
Onde os cantares se repetem em rituais
Para abençoar a glória dos que vencem
Em tempos que escrevemos nosso esquecimento.

                        VIII
A voz grossa dos que torcem e glorificam
Deixam grandes silêncios na alma
Cobram-se cobranças, cobram-se castigos
A falta, a mão, o pênalti
E o gol, que para sempre é objetivo
Resta, então, a festa da massa em labaredas
Em gritos, confetes e bandeiras
(ou o desterro infausto em outros horizontes)                                                                         
                        IX
Entretanto o pé-de-ouro arrisca
Em balés de pés-de-lã/ pés-de-moleque
Pés-de-pato sob as gotas de um pé-d’água na neblina
Nas estações mais aziagas das paisagens-penitências
E realiza seu trabalho de cerzir o tempo e as camisas coloridas

                        X
Ora, a inveja é um olhar sinistro
Que se movimenta sobre a dádiva
Ofertada aos talentosos
É um ovo só
Saído das entranhas da serpente,
Para reduzir a alma que alimenta com seu ranço

                        XI
Ora, o futebol não se limita a homens
Em seus campos de lama e de gramas aparadas
Há um árbitro, há rivais que se trajam de esperança
Oponentes opulentos em nervos eriçados
Quando a bola cintilante gruda ao pé do craque
E ele mergulha nas funduras do seu rio
Onde cardumes geram suas eternidades
E esperam uma coreografia não ensaiada
Para, enfim, soltar a voz contida em milênios de partida

                        XII
Ah, a pira dos deuses parece penetrar em águas abissais
De onde irrompe o grito final do campeão

                        XIII
Quem não viu não mais verá. Nem ouvirá
O clamor dos ribeirinhos do Amazonas, o eco da baía de Guajará
O som ferrífero da serra do Curral e o brado dos gaúchos do Guaíba.
Quem não viu não sentirá
A poesia refletida na potência do olhar, da mira
Da luz mágica do Bira e seu bólido de vidro e luz
Transformando-se em espelho pela última vez.

                        XIV
E nós aqui tal degredados em nossa própria aldeia
Apenas com as imagens do passado e nosso orgulho
Fomos os pés, os pés do Bira
Quando o chute governava a bola
E a noite vigorava um brinde
A mais um campeonato ganho na história
Pelos pés do nosso ídolo
De sonho e de memória.

Macapá, 21 de abril de 2010

sábado, 24 de abril de 2010

COLUNA CANTO DA AMAZÔNIA

Publicada no jornal “A Gazeta” de sexta-feira, 23/04/10

ARQUITETURA E URBANISMO

Termina hoje em Lisboa o 1º. Seminário Internacional da Academia de Escolas de Arquitetura e Urbanismo de Língua Portuguesa, que desde o dia 19 está a debater o tema “Uma Utopia Sustentável: arquitetura e urbanismo no Espaço Lusófono, que futuro?”

Uma delegação composta de seis professores e uma acadêmica, liderados pelo vice-reitor, professor José Alberto Tostes, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIFAP, está presente no evento.

O professor Tostes viajou com o objetivo de participar do seminário, formalizar convênios de cooperação entre a UNIFAP e universidades portuguesas e acertar seu estágio de pós-doutoramento na área de Arquitetura. É a primeira delegação internacional da instituição.

BIRA

bira_jogador Esse Bira, além de grande craque do futebol brasileiro e orgulho do nosso, é protagonista de inúmeras histórias como aquela da pergunta que fez ao ex-deputado Coronel Alves, segundo me contaram: - E aí, coronel, vai sair para a reeleição? - Não, respondeu o coronel, tem muita gente. E o Bira teria dito: - Então o senhor não vai ao Círio...

Em outra vez, terminados os trabalhos etílicos no bar, no tempo em que o atleta era chegado a um goró, a turma estava fazendo a vaquinha para pagar a despesa e alguém perguntou: - Ei, Bira, o que é que tu vais dar? Ele, “sem um pau pra dar num gato”, de pronto respondeu: - Vou dar o fora.

WASHINGTON

Recupera-se bem de problemas respiratórios o mazaganense Washington Elias dos Santos, grande conhecedor da cultura de Mazagão Velho, sua terra natal.

Seu Vavá, como é conhecido, é pai de Rachid (ex-secretária de Urbanismo da PMM) e de Antonio Elias (ex-prefeito de Mazagão e secretário da Pesca), e avô do jornalista e professor Rafael Costa. O Patriarca da família está com 90 anos e lutou na Itália como pracinha na Segunda Guerra Mundial. É um dos poucos heróis desse tempo que resiste. Desejamos a ele votos de breve recuperação.

HOMOLOGAÇÃO

O Conselho Universitário da UNIFAP homologa nesta segunda-feira, dia 26, os nomes dos professores José Carlos Tavares e Antonio Filocreão, como vencedores da consulta prévia realizada no dia 14 pela comunidade universitária.

Depois disso será encaminhada ao presidente Lula ainda uma lista tríplice para a escolha do reitor, cuja posse será nos meados de julho.

DECRÉPITOS

Os alunos na Universidade da Terceira Idade estão muito “putos” com os alunos dos cursos de graduação, por terem sidos chamados de “velhos, decrépitos e ignorantes” pelos acadêmicos durante a eleição do professor Tavares.

Eles dizem que “a comunidade estudantil da Maturidade é composta por pessoas com vasta experiência e sabedoria de vida, entre os quais se encontram engenheiros, assistentes sociais, sociólogos, pedagogos, médicos, licenciado plenos e até doutores”.

DECRÉPITOS 2

Diz o panfleto: “Não estamos aqui para tirar a vaga de ninguém, queremos ampliar nossos horizontes. É um direito que nos cabe”.

“Velha é a pessoa que perdeu a jovialidade/ você é idoso quando sonha/ É velho quando apenas dorme/ você é idoso quando apenas dorme/ você é idoso quando ainda aprende/ É velho quando já não ensina”

ZUNIDOR

Entre 26 e 28 de maio será realizada em Salvador-BA, a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Informações e inscrições no site www.mct.gov.4cncti.

Professoras Bianca Carvalho, Fátima Pelaes, Daniele Guimarães e Ana Carina e a estudante Dulce compõem a delegação da UNIFAP em Portugal. Quem também embarcou na mesma foi o coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional, professor Yurgel Caldas, com agenda de trabalho na Universidade de Coimbra.

Ernesto Che Guevara deixou escrito que “Todos os dias a gente se arregla el cabello. Por qué no el corazón?”

O escritor Amiraldo Brilhou na Bienal Cearense de Livros. Foi inclusive palestrante.

É hoje a festa de São Jorge na comunidade do Morro do Sapo, no Laguinho. Dona Chiquinha do Bolão tá espaiada.

Parece que vem uma tsunami política por aí.

Inderê! Volto zunindo na sexta.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

domingo, 18 de abril de 2010

O NAVIO DOS CABELUDOS E A EDUCAÇÃO PELO MEDO

Publicada no jornal “A Gazeta” de domingo, 18/04/10.

medo1 O medo de fazer algo errado e ser punido controlava a ação de qualquer moleque da minha idade.

Os mais velhos comentavam com veemência sobre uma tal Ilha de Cutijuba, no Pará, para onde levavam os jovens transgressores das leis, falando misérias sobre ela. Diziam ser um presídio de onde era impossível fugir por causa dos tubarões e pirararas que viviam ao seu redor, perto do oceano; um lugar quase inacessível, que para viver era preciso lavrar a terra na chuva e no sol para produzir seu próprio alimento; uma prisão ao ar livre na qual poucos sobrevivam cumprindo suas penas. Em suma: um inferno.

O controle social bem articulado, posto nas nossas cabeças pelo medo, povoava nossas vidas desde a infância. Para cada situação sempre existia uma história que evitava o fazer errado. Era a educação pelo medo. Até hoje quando vejo uma sandália virada providencio logo que ela fique na posição de calçar, pois me ensinaram a acreditar na superstição de que minha mãe morreria se a sandália não estivesse de cabeça para cima. Espertos esses adultos! Eles inventaram uma forma de fazer as crianças não bagunçarem os espaços da casa e também de não castigá-las com surras e outra correções violentas. Certa vez um dos meus filhos, ainda criança, viu o irmão chutar uma sandália que ficou de cabeça para baixo num canto da sala. Imediatamente ele disse: - A mamãe vai morrer, eu não tô nem aí, eu não tô nem aí! E saiu se isentando da culpa da (im)provável “morte” de sua mãe, causada pela sandália virada.

Situações como essa aprendemos em todos os lugares, seja em casa, na rua ou na escola, onde nossas relações sociais se ampliam e solidificam. E assim a gente vai se educando, variando os conhecimentos, resistindo ou não às novidades, segundo os contextos históricos, sociais, culturais e políticos que se apresentam. Mas dificilmente essas superstições e abusões sairão de nossas memórias, embora entendê-las, hoje, signifique dar boas risadas, porque todas as representações simbólicas produzidas pela consciência coletiva ou individual expressam visões de mundo e de sociedade. É uma visão política de realidade porque as ideologias estão ligadas à compreensão da cultura, que por sua vez é uma percepção ligada às diferenças entre os homens. O controle implícito no gesto de “ajeitar” a sandália é uma experiência de poder.

Bem próximo, na continuação da educação pelo medo, lembro da expressão “o Navio dos Cabeludos vem te buscar”, uma forma de coação social e familiar para os que não gostavam de cortar os cabelos, principalmente no tempo da Jovem Guarda, quando era moda usar os cabelos compridos, mesmo se arriscando a ser chamado de “bicha”. Não sei de onde veio a dita expressão, mas desde a Guerra do Paraguai, passando pela Revolução dos Cabanos e pela Segunda Guerra Mundial, muitos jovens se escondiam no mato com medo dos “Pega-pega”, navios que passavam nos rios da Amazônia para alistá-los compulsoriamente e remetê-los aos campos de batalha.

A invenção dessa “pedagogia” não raro ainda se estabelece em muitos lares urbanos e rurais da Amazônia. E funciona com as crianças, porque todas têm medo. Nenhuma delas quer perder a mãe por causa da sandália virada. Ninguém quer viajar a força num desses Navios dos Cabeludos que sempre aparecem na frente da cidade para uma viagem sem destino e sem volta.

Imagem disponível em: www.eutedigo.wordpress.com

ADORADORES DO SOL

Cenas do lançamento ocorrido na sexta-feira (16;04) no Bar do Abreu.

Lancamento Adoradores_abreu

sexta-feira, 16 de abril de 2010

COLUNA CANTO DA AMAZÔNIA

Publicada no jornal “A Gazeta” de sexta-feira, 16/04/10

TAVARES CONTINUA NA UNIFAP

tavares Com uma margem de votos significativa, a chapa 02, encabeçada pelo professor José Carlos Tavares, ganhou as eleições para reitor da UNIFAP. O resultado oficial só sai hoje, mas as informações vindas de Oiapoque e Laranjal do Jari dão conta que Tavares venceu nos três segmentos da comunidade universitária. Quero expressar meus parabéns aos concorrentes pela campanha limpa e organizada das duas chapas, que visaram em suas propostas unicamente o melhor para a instituição.

SULAMIR MONASSA

Sulamir Monassa Tive o prazer de encontrar a ilustre desembargadora do TRT da 8ª Região – Pará e Amapá, drª Sulamir Monassa e professora do curso de Direito da UNIFAP, cumprindo sua obrigação democrática durante as eleições para reitor.

Sulamir agora é diretora da Escola Judicial (ex de Magistratura) da 8ª Região e vai promover em outubro, em Belém, o 5º. Fórum Nacional de Memória da Justiça do Trabalho, onde haverá palestras e debates ministrados por convidados que enfatizarão aspectos sociológicos e filosóficos do tema, entre outros

SÃO JORGE

sao jorge Na próxima sexta-feira a família Prazeres do bairro do Laguinho promove a já esperada festa em homenagem a São Jorge, o santo guerreiro. Vai ter alvorada festiva com fogos, leilão, ladainha, folia e muito marabaixo, com apresentações dos grupos folclóricos do bairro e do Curiaú.

A festa é realizada anualmente na antiga casa da Dona Geralda dos Prazeres que fica localizada no alto do Morro do Sapo, na Rua São José com Avenida José Tupinambá (ex-Nações Unidas).

FUNDO MUNICIPAL DE CULTURA

marcelo_dias_elaine Desde outubro de 2009 a Lei Municipal que dispõe sobre o Fundo Municipal de Cultura está em vigor. Ela é de autoria do vereador e cantor Marcelo Dias, aprovada por unanimidade pelos seus pares da Câmara de Vereadores e sancionada pelo prefeito Roberto Góes. Vai disponibilizar dois milhões de reais para investimentos na cultura local.

Segundo o autor ela vai acabar com a velha história do “pires na mão” que os artistas e produtores culturais repetem ao longo da vida cultural amapaense. Precisamos agora conhecer a Lei na sua essência para podermos divulgar e valorizar o que temos de melhor nas artes e na cultura. (Foto: Marcelo e Elaine Dias)

PRIMEIRO SHOW

O cantor e compositor Cley Lunna realiza amanhã no Teatro das Bacabeiras o seu primeiro show profissional em Macapá, denominado “Minha História”. A partir das 21h00 o artista santanense estará mostrando o seu repertório que, segundo o próprio se pauta no estilo de música popular brasileira contemporânea.

Entre os seus convidados estão Patrícia Bastos, Zé Miguel, Enrico di Micelli e Pedro Carmona, além, Márcio Frias, de Belém do Pará.

O show Minha História é uma preparação para o CD do artista, a ser produzido em São Paulo ainda para este ano. Vamos lá incentivar o artista amapaense.

RELANÇAMENTO

capa_frente Hoje à noite, a partir da 20h00 no bar do Abreu, vou fazer o relançamento do livro “Adoradores do Sol – Novo Textuário do Meio do Mundo, atendendo o gentil convite do gerente Ronaldo, do empresário Marquinhos e da primeira dama Dona Liete.

Tenho agendado também o relançamento, a convite, na UNIFAP para o início de maio e no IMMES (Instituto Macapaense de Ensino Superior).

No Abreu teremos a música executada pelo multiinstrumentista e cantor Bolachicha, que sempre encanta os frequentadores do mais famoso bar macapaense. Espero vocês por lá.

SUCESSO

heraldo Foi um sucesso o show comemorativo de um ano do Programa Movimento em Ação, comandado pelo radialista Heraldo Almeida, na noite de sexta-feira passada em frente à sede dos Boêmios.

Heraldo estava radiante, mas visivelmente emocionado ao ver desfilar as estrelas que convidou para abrilhantar a festa. Os melhores e mais conhecidos artistas o Estado passaram pelo palco, inclusive o Grupo Pilão, os grupos de Marabaixo e Batuque e de Pagode, que são do bairro do Laguinho e foram lá prestigiar o apresentador e amigo. Heraldo é o cara que pensa 24 horas a cultura amapaense e valoriza a cada instante o que temos de melhor em todos os segmentos A ele, Rogério, Mariléia e Vicente Cruz, reitero meus parabéns.

ZUNIDOR

celio_alicio Célio Alício será o novo diretor da Rádio Difusora de Macapá. Parabéns e sucesso!

cleverso_erica Érica, Ericasinha, tem bebê agendado para nascer em agosto. O pai, Cléverson, anda todo feliz com a vinda de Clívia Baía, nome escolhido pela mãe para homenageá-lo.

juliele_mc Juliele trabalha incansavelmente no repertório do seu show do dia 30, na Chopperia da Lagoa.

Lindo o “ladrão” do Élcio Ferreira sobre a Mãe Venina. Vejam este trecho:

“Tá no mar de cima / vigiando o mar abaixo /paraíso, olô¹”.

A FIEAP e SESI realizam no dia 22 a premiação das escolas vencedoras do Prêmio “Construindo a Nação” 2009. Ao mesmo tempo lançam a 2ª edição estadual do prêmio, que todas as escolas podem participar desde que tenham projetos que solucionem problemas comunitários (Informações: ascomfieap@gmail.com).

Inderê! Volto zunindo na sexta.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

TAVARES GANHA ELEIÇÃO DA UNIFAP

 

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Comissão Eleitoral

Saiu agora a pouco (às 22h00) o resultado da eleição para reitor da UNIFAP.

A chapa 02, encabeçada pelo atual reitor, professor José Carlos Tavares e Antonio Filocreão foi vencedora nas três categorias da comunidade universitária. A chapa 01 do professor Adalberto ganhou apenas em três urnas do segmento estudantil com diferença muito pequena. Votaram mais de 1800 estudantes, de um total de 6000, o que se configura um recorde nas eleições da IFES.

A Comissão Eleitoral informou que amanhã, dia 15 sai o resultado oficial. O resultado das urnas dos campi de Oiapoque e Laranjal do Jari foram informados por telefone.

Parabéns ao professor Tavares. A comunidade universitária optou pela continuidade do processo de organização que vem sendo implementado há quatro anos com muita competência pela sua equipe.

ESTRADA DO TEMPO

escola normal O Instituto de Educação do Território do Amapá – IETA, na década de 60, visto da rua Eliezer Levy com seus muros baixos, quando ainda era Escola Normal. Depois de IETA virou CRDS e agora abriga a Universidade Estadual do Amapá – UEAP (Foto: autor desconhecido. Acervo: Fernando Canto, gentilmente cedida por Binga Monteiro).

terça-feira, 13 de abril de 2010

O BRILHO DO VAGA-LUME E A INVEJA

Por Sônia Canto

vaga-lume_serpente2 Uma leitora inveterada, na ânsia de absorver mais e mais conhecimento, acumula livros, revistas e jornais, um calhamaço de papel, que dada a exigüidade do espaço, é primordial, pelo menos uma vez ao ano, reservar um tempo para selecionar aquilo que vale a pena guardar e o que pode ser descartado.

É exatamente nesse momento que me encontro. Olhando velhos jornais, velhas revistas, relendo artigos. É muito difícil precisar quando aquele artigo interessante vai ser necessário, ou determinar se aquela notícia lida um ano depois passou a se constituir um fato histórico e aquele jornal deixa de ser apenas um periódico para se transformar num documento de valor para a História.

Metódica que sou, reservo pelo menos uma hora do meu dia para essa tarefa. Ao final deste período invariavelmente a pilha a ser preservada é sempre maior que a que selecionei para ser descartada.

Numa dessas vezes um texto me chamou a atenção: é de autoria de Daniel C. Luz e foi publicado em agosto de 2005 na revista Qualimetria, uma publicação da FAAP, Fundação Armando Álvares Penteado e discorre sobre a inveja.

Um dos sete pecados capitais, a inveja nunca incomoda o pecador, já que ninguém assume o fato de ser invejoso.

Desde a antiguidade a literatura é farta em ponderar sobre os malefícios da inveja. No artigo citado o autor nos fala da fábula de Esopo, quando um avarento e um invejoso, vizinhos um do outro, foram à presença de Júpiter, em seu oráculo fazer pedidos. O deus resolveu dar em dobro tudo o que lhe fosse pedido, esclarecendo, porém, que daria em dobro ao vizinho o que fosse concedido a um e a outro. O avarento pediu uma sala cheia de ouro, e conformou-se quando seu vizinho também foi agraciado. Já o invejoso pediu a Júpiter que lhe furasse o olho direito. Seu desejo foi realizado e seu vizinho avarento ficou cego dos dois olhos.

Como detectar a inveja? Olhe a seu redor. Pessoas bem sucedidas, seja no trabalho, na vida pública ou na vida pessoal são alvos dos invejosos. O invejoso geralmente perde grande parte de sua vida vivendo a vida de outros. Não percebe que aprimorar seus talentos é uma forma mais prazerosa de relacionar-se com seus semelhantes.

Deixo, agora, esta historinha abaixo para refletir. Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um vaga-lume que só vivia para brilhar. Ele fugia rápido da feroz predadora e a cobra nem pensava em desistir. Fugia em um dia e no outro, lá estava a cobra a lhe perserguir. Outro dia, e continuava a perseguição. No terceiro dia, já sem forças, o vaga-lume parou e disse à cobra:

- Posso lhe fazer três perguntas?

Ela disse: - Não costumo abrir esse precedente, mas já que vou te comer mesmo, pode perguntar.

– Pertenço a sua cadeia alimentar?

– Não.

– Fiz alguma coisa para você?

– Não.

– Então porque é que você quer me comer?

A cobra respondeu: - Porque não suporto ver você brilhar...

Quantas pessoas não suportam o sucesso dos outros. Se, por exemplo, vêem uma casa nova, bem construída, nunca pensam no sacrifício de seus donos. Não só pensam como verbalizam que ela foi feita com dinheiro roubado. Se uma pessoa alcança o sucesso profissional, os invejosos buscam sempre uma forma de denegrir a imagem dela. Jamais agem de forma proativa.

Encerro aqui esta prosa com o último parágrafo de Daniel Luz: “A pessoa invejosa é uma pessoa doente que não suporta a si mesma, não suporta a sua imagem e somente consegue se olhar através do espelho do sucesso alheio”. Agora, que tal fazer um exame de consciência e expurgar esse pecado capital de você?

Desenho disponível em mscamp.wordpress.com

BRASIL 500 PÁSSAROS

ANHUMA ( UNICORNE OU LEICORNE) Anhima cornuta

Comprimento: 80 cm; altura: 61 cm; envergadura: 170 cm; peso: 3,2 kg. Espécie tipicamente amazônica presente em quase toda a região, chegando também até o interior do Ceará, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso (pantanal), São Paulo e Paraná. Encontrada ainda na Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Habita Pantanais e beira de lagoas e rios com margens florestadas ou vegetação rasteira. Vive aos casais e em grupos familiares, eventualmente em bandos maiores. Alimenta-se de plantas flutuantes ou de gramíneas em alagados. Migra durante a seca, retornando na estação chuvosa. Voa e plana bem. Faz ninhos grandes sobre a vegetação flutuante, ancorada em arbustos ou gramíneas na água rasa. Põe 3 ovos marrom-oliváceos. Conhecida também como inhuma, Inhaúma, unicorne, licorne, anhima, cuintaú, ema-preta, cametaú, guandu (Mato Grosso), caiuí, Itaú. É a ave símbolo do estado de Goiás. Inhuma deriva da palavra tupi “nhãum”, que significa “ave-preta”.(Fonte: Brasil 500 Pássaros, Eletronorte,2008)

Nicórnio O Unicórnio é um animal mitológico (cavalo de um chifre) da Grécia antiga. No Amapá é uma ave grande e bonita, que habita o nosso litoral, onde o fotógrafo Juvenal Canto conseguiu capturar sua imagem (Sucuriju, no rio Araguari). Tem na testa uma cartilagem longa que se assemelha a um chifre, daí a semelhança com o nome do mito grego. (Foto: Juvenal Canto)

domingo, 11 de abril de 2010

ADORADORES DO LIVRO IMPRESSO

Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo, 11 de abril de 2010

imagesCA2FJ3VZ Desde o surgimento dos computadores pessoais que ouço falar no fim do livro impresso. E já se vão anos.

Cientistas falam de um mundo novo, de substituição de tecnologias, e apontam como exemplo a revolução sem igual na história que foi a invenção do livro impresso, por Gutenberg, pois antes disso só haviam livros copiados, manuscritos que valiam fortunas. A revista Superinteressante do mês passado traz um artigo muito atual sobre o assunto, enfatizando esses aspectos inclusive com a informação de que a revolução citada acima já acabou há dez anos, “quando a internet começou a crescer para valer”, e que ela passaria uma borracha na história do papel impresso e começaria outra. Cita que “os 7 milhões de volumes que a Universidade de Cambridge mantém hoje nos 150 quilômetros de prateleiras de suas várias bibliotecas caberiam em quatro discos rígidos de 500 gigabytes. Só quatro. Sem falar que ninguém precisaria ir até Cambridge para ler os livros”.

Mas apesar disso tudo a internet não mudou muito a história dos livros. Permanece um mistério inexplicável. O livro não foi morto nem enterrado. A Super diz que o segundo negócio online que mais deu certo (depois do Google) é uma livraria, a Amazon. E informa também que o mercado de livros eletrônicos deslanchou nos E.U.A com vendas em torno de 350 milhões de dólares em 2009, sendo que em 2008 elas atingiram um patamar inferior a 150 milhões.

Concordo que ler um livro no computador é um negócio ruim, até mesmo insuportável, porque ler por horas numa tela é o mesmo que ficar olhando uma lâmpada acesa. Não há quem aguente. Porém já apareceu (há três anos) o primeiro livro realmente viável: o Kindle, da Amazon, que cabe 1.500 obras e só pesa 400 gramas. Tem tela monocromática e pequena. Ele não emite luz e a tela é feita de tinta, preta para as letras e branca para o fundo. No início deste ano apareceu o iPad, da Apple, que segundo a revista citada, “tudo o que o Kindle tem de péssimo este tem de ótimo: tela enorme, colorida, páginas que você vira com os dedos, sem botão como se estivesse com um livro normal, mas a tela é de LCD. Não dá para ler um romance inteiro nele”.

Agora dezenas de empresas estão trabalhando para unir o que os dois têm de melhor, até chegarem ao livro eletrônico perfeito. A Phillips, por exemplo desenvolve o protótipo Liquavista, com tela de tinta colorida e a Pixel Qi um com LCD sensível ao toque, mas que não emite luz, de acordo com a informação da Super.

gutenberg50 Mas enquanto o “livro perfeito” não vem vou fazendo como os adoradores de livros impressos o fazem sem pestanejar: curtir meu afeto por eles. Quantas pessoas, apaixonadas ou não, já não guardaram dentro deles flores, folhas, e até mechas de cabelos que lhes trazem boas lembranças, de amores e de desilusões? Folheá-los pode significar o encontro com algumas cédulas de real guardadas por acaso para uma ocasião e esquecida sem querer. Arrumá-los na estante é uma é um trabalho que nunca dá preguiça. Lê-los, sobretudo, é apreender e conhecer o legado da Humanidade. No livro eletrônico essas historinhas bobas de quem ama os livros não seriam possíveis.

Recentemente, ao receber meu livro “Adoradores do Sol” da editora que o confeccionou, confesso do prazer de senti-lo ao tocar sua capa e abrir suas páginas, de ver impresso um trabalho de anos, da satisfação de tê-lo nas mãos e de saber que iria compartilhar com meus queridos leitores as informações e opiniões que deixei escritas em um objeto vivo, que todos podem, como eu, acariciar e carregar nas mãos. Que venha o livro eletrônico. Tudo muda, mas o livro impresso ainda é o bicho.

sábado, 10 de abril de 2010

CENAS DO SHOW DE ANIVERSÁRIO DO PROGRAMA MOVIMENTO EM AÇÃO

Show Movimento em Ação Heraldo Almeida, anfitrião da festa, arrebentou na apresentação.

Juliele cantou, acompanhada do Maestro Manoel Cordeiro, “Meu Endereço” (Fernando Canto/Zé Miguel) em ritmo de marabaixo e foi ovacionada pelo público, princialmente quando declarou que nasceu e se criou no Laguinho e que sentia-se em casa cantando “Aonde tu vais rapaz…”, que encerrou sua participação.

O Grupo Pilão compareceu com Fernando, Eduardo, Juvenal e Orivaldo e cantou “Geofobia”.

Osmar Jr. cantou “Ainda Laguinho”.

A festa foi encerrada com a Bateria Pororoca, de Boêmios do Laguinho e Macunaíma, intérprete oficial, cantando os sambas-enredo da Universidade.

AMAZON MUSIC NO CEARÁ DA CUÍCA

amazon music para blog

sexta-feira, 9 de abril de 2010

COLUNA CANTO DA AMAZÔNIA

Publicada no Jornal “A Gazeta” de sexta-feira, 09/04/10

CASA PRÓPRIA

A UNIFAP vai realizar convênio com a Caixa Econômica Federal para beneficiar servidores interessados na aquisição da casa própria.

Essa possibilidade vinha sendo esperada com ansiedade por dezenas de professores e funcionários técnico-administrativos da instituição, que agora já poderão ver seu sonho realizado. O limite do financiamento é de 400 mil.

BARCOS CLANDESTINOS

Um milhão é o número de barcos que trafegam na Amazônia, mas apenas 68.000 (6,8%) deles são legalizados nas Capitanias dos Portos da região.

Segundo o sociólogo Emanuel Leal de Lima, que inicia pesquisa sobre transporte hidroviário da Amazônia, especialmente sobre o porto de Santana e os fluxos econômicos da Amazônia setentrional, isso representa a maior frota de embarcações clandestinas do planeta, com 932.000 unidades.

SUMIÇO DAS LANCHAS A JATO

Lima enfatiza em seu projeto que as embarcações tipo “expresso” ou “jato” que faziam linha para Macapá e Santana na década de 1990 sumiram do mapa.

Não há informações sobre o desaparecimento delas, apenas especulações como a de que foram retiradas desse lucrativo mercado por provocarem danos ambientais, tipo assoreamento dos rios.

UM ANO DO MOVIMENTO

 Blog_movimento Com uma programação onde dezenas de artistas locais estarão presentes, o programa radiofônico Movimento em Ação, capitaneado por Heraldo Almeida, realiza hoje em frente aos Boêmios do Laguinho uma grande festa.

O show vai comemorar o primeiro ano em que ele é levado ao ar diariamente e o sucesso de ter se tornado o mais badalado da cidade, sendo responsável pela divulgação dos movimentos culturais e artistas de todos os segmentos.

Da minha parte quero parabenizar o Heraldo, o Rogério, a Mariléia e o Vicente Cruz, que idealizou o programa com essa formatação. Depois que ganhou corpo o “Movimento” passou a ser referência do rádio local e principal ponto de divulgação do futebol e das quadras carnavalescas, juninas e do Marabaixo. Parabéns aos amigos do Movimento Vento Norte, do São José e da Universidade de Samba Boêmios do Laguinho por essa feliz iniciativa.

ELEIÇÕES PARA REITOR

Os candidatos a reitor da UNIFAP, professores doutores José Carlos Tavares e Adalberto Ribeiro estão empenhados nas suas campanhas, que vêm se caracterizando pela promoção de debates bem acirrados nos campi da instituição.

No entanto, a campanha extrapolou os muros e passou a ser motivo de debate em programas de rádios comerciais. Ontem, com a mediação de Carlos Lobato do “Tribuna da Cidade” foi realizado mais um entre os dois pleiteantes. Pelo que se comenta o atual reitor, professor Tavares, tem completo domínio sobre a situação da UNIFAP e planos bem definidos para o futuro. As perguntas pertinentes do deputado Jorge Amanajás também foram cruciais para as respostas didáticas e seguras do reitor. Creio que Tavares deverá continuar sentado na cátedra mais alta da Universidade depois do dia 14.

JORNALISTAS

jornali O Sindicato dos Jornalistas fez uma bela festa para comemorar o dia do profissional da imprensa, em uma conhecida churrascaria da cidade, na quarta-feira passada.

Muitos dos jornalistas presentes no jantar também mostraram suas qualidades como cantores, entre os quais Ranolfo Gato, Cleide, Mônica e o Humberto Moreira, espécie de âncora do show improvisado que tinha como animador o músico Finéias. Humberto aproveitou para divulgar o seu espetáculo dos seus 60 anos que realizará no início de maio, possivelmente no Bar Teatro Carinhoso.

ZUNIDOR

juliele_ensaio_ A cantora Juliele iniciou os ensaios para o seu próximo show que deverá acontecer no fim do mês. Terá os arranjos do maestro Manoel Cordeiro e a chancela de Sonia Canto Produções. Hoje ela cantará “Meu Endereço” de Zé Miguel e Fernando Canto, com arranjos novos de MC na festa do programa Movimento em Ação.

Macapá se prepara para receber de 14 a 16 o Louvor Norte, considerada a maior expressão de show gospel do Brasil.

Meu amigo Bonfim Salgado achou meio sem propósito ser chamado de “preto turututu” por um deputado federal também negro.

Bonfim é descendente de português pelo lado materno, adora tomar banho é nunca ficou “tuíra”. Mas considera o deputado como “preto catolé” (malandro).

Quem esteve palestrando no anfiteatro da UNIFAP foi a BBB 10 Lenita, que é professora universitária e doutora em Linguística.

Esse negócio de dar boné e tamborzinho em campanha já era, diz o Ronaldo Abreu, pois todo mundo pede, guarda e não vota. E o candidato parece que achava bonito isso!

O Sindufap convoca todos os seus docentes para a Assembléia Geral que discutirá com os candidatos a reitor as propostas para a UNIFAP para os próximos quatro anos. Será na segunda-feira, dia 12.

fernando_azevedo Um barato conversar com o simpático ex-prefeito Azevedo Costa, presente na festa dos jornalistas.

Inderê! Volto zunindo na sexta.

A Lenda do Pato no Tucupí

Crônica de Orlando Carneiro

pato_tucupiNuma parte isolada da floresta amazônica, havia a tribo Ma'Fu'Xi'co, milenar povo de origem não pesquisada. Vivia da agricultura, da caça e da pesca, tudo muito rudimentar. Dentre os vegetais que plantavam estava a mandioca, da qual era extraída a farinha, feita ao meio dia no calor de uma ita'Kú (pedra amarela). O caldo que saía da raladura e da prensagem da mandioca, chamado de tu'Kú (líquido amarelo), era usado para a caça, pois sendo venenoso, era colocado em cabaças nas trilhas dos animais, e estes morriam ao tomar tu'Kú. Os índios tiravam as vísceras envenenadas e comiam a carne à vontade, pois o veneno não a atingia. Havia muitos mamíferos e ovíparos na mata, e estes morriam logo que tomavam tu'Kú. Os Ma'Fu'Xi'co estavam pensando em plantar árvores de cuiuda (ou cuieira), pois era cada vez menor o número de trepadeiras cabaçudas (ou cabaceiras) na região, para fazer as cumbu´cas. Quando os Ma'Fu'Xi'co brigavam, eles discutiam muito (eram machistas empedernidos) e desejavam a morte uns dos outros, gritando bem alto:

- Vão tomar tu'Kú.

Ma'Q'Xi'Xí era um jovem índio que se apaixonou por uma Xo'Xo'ta (índia formosa), filha de K'bi'dela, o pajé, e que era muito namoradeira, namorava com todo mundo mas não queria nada com Xi'Xí (assim era chamado o jovem). O apelido da índia, por ser pequenina, briguenta e barulhenta, e após o testemunho de um jovem índio que ela gritava toda vez que botava, era "ga´linha de K'bi'dela". Xi'Xí, loucamente apaixonado, tentou conquistá - la:

- Tu pode vir P'í (quente), que eu estar P'á (fervendo).

- Vai tomar tu'Kú, foi a resposta definitiva da jovem.

Xí'Xí, ao ser rechaçado, resolveu se matar. Mas tinha que ser um suicídio diferente, que chamasse a atenção. Resolveu tomar tu'Kú , mas antes o pôs no fogo, até que ele P'á (fervesse). Ele achava que se tomasse P'í (quente, depois da fervura dada), a morte seria mais rápida, indolor. Quando o tu 'Kú ficou no ponto, ele tomou bem P'í. Surpresa: não morreu. Ao contrário, achou que tomar tu'Kú era até que gostoso, se soubesse teria tomado desde garotinho. Saiu gritando: "tu'Ku'P'í bom, tu'Ku'P'í bom ". A mãe de Xi'Xí, ao ver que o filho havia tomado tu'Kú, tentando o suicídio, e estava gritando que era bom, resolveu igualmente tomar, pensando que iria morrer junto com o filho, e teve a mesma surprêsa: não apenas não morreu, como aquele líquido amarelo, fervido sem tempero algum, era bom demais, imagine se bem preparado. Excelente cozinheira, a índia mãe resolveu preparar alguma coisa para acompanhar o tu'Kú'Pí. Pensou antes em frutas, e procurou todas as que fossem Kú: Ba'Kú'rí, Kú'P'u'Açú, Tu'Kú' Mã, e até A'bri'Có. (Até hoje não se sabe porque o nome não é A'bri'Kú, pois a fruta é amarela). Não deu certo. Pensou em peixes Kú: Pí'Ra'Ru'Kú, Pá' Kú, Tú'Kú'Na'ré, Kú'ri'ma'tã. Até que ficaram bons, mas ainda não eram os acompanhantes ideais. Tentou os animais: car´nei´ro, vá-ca, gá'los. Destes, os gá'los eram os que mais se aproximavam do ideal. Teve até um fato inusitado: “K'bi'dela Jr. (="filho de K'bi'dela") jogou no tú'Kú, a P'ir´qui, (periquita) da sua (dele) mãe, e quase foi obrigado a tomar tú'Kú, pois a citada periquita era muito querida, principalmente pelo seu (dele) índio pai. Xí'Xí perguntou para a mãe: "porquê tu num experimenta P'á-to´to” (“ave de tesão {tô que tô} fervente {pa}), pra jogá no tu´Kú quando tiver pa (fervendo)? Ela experimentou, e os dois acharam que era o ideal, o P'á-to´to no tú'Kú'P'í. Para ter um verde no prato, ela juntou folhas de uma plantinha que gostava muito, o jam´bú (=“folha da tremelicagem”) – dizem que ela até enrolava e fumava - e xi´có´ria (= “folha que está sem estar”). Chamaram os índios e deram para que eles provassem. Os índios vieram meio ressabiados, mas eram muito curiosos (daqueles que cheiram microfone de repórter), experimentaram e gostaram. A partir daí, o p'á-to´to no tú'Kú'P'í passou a ser o prato´to típico daquela aldeia perdida na amazônia. Xi'Xí, feliz, dizia para todo mundo que era melhor comer o p'á-to no tú'Kú'P'í “que a ga´linha de K'bi'dela."

Felizes com a descoberta e com a fama, Xi'Xí e a mãe passaram a tentar inventar pratos. Tentavam de tudo. Um dia Xi'Xí falou:

- Mãe, i si nós juntá Ma'ní (folha da maniva), com tudo que é Só (gordura animal), e B'a (ferver intensamente, dias infindos), será qui vai ficá uma cumida gostosa e nos deixá mais famôsos ?

- Num sei, Xi'Xí. Ma'ni'Só'B'a ? Acho qui é veneno.

- Será? O tu'Kú num era? Sei não. Vá tapá (novo prato na aldeia? N.A.) a panela do tu'Kú qui tá P'á. Eu vou colher Ma'ní, juntá muito Só e B'á tudo junto. Sí dé certo a Ma'ni'Só'B'a, vou ter mais ainda todas as Xo'Xo'tas (índias formosas) da tribo no meu mão.

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Diz o autor:

Comecei a criar esta crônica para o Canto de Página do Jornal Diário do Pará. Ela veio como numa tempestade cerebral, escrita de uma só digitada. Achei que poderia ser considerada inapropriada, pelos demasiadamente conservadores, para publicação em jornal. Como em livro há maior liberdade, eu a publico aqui, como um Bonus aos meus leitores, uma vez que a motivação da escrita foi exatamente o Canto de Página. Por uma questão de respeito cultural, informo que este texto é ficcional, sendo, pois, uma crônica.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

DIA DE DOMINGO

tadeupelaes fernando_bonfim Tadeu Pelaes e eu fomos visitar Bonfim Salgado no Santo Antonio da Pedreira.

PROGRAMA MOVIMENTO EM AÇÃO

DSCI0563_ Juliele esteve no Programa Movimento em Ação cantando acompanhada pelo Maestro Manoel Cordeiro. (Na foto: Cláudio Rogério, Juliele, Heraldo Almeida e Manoel Cordeiro.

Aniversário será comemorado com shows de artistas regionais

Por Mariléia Maciel

O Programa Movimento em Ação completa no próximo dia 8 de abril um ano divulgando a arte e cultura amapaense. Transmitido de segunda à sexta-feira, das 08:30 às 10:00, pela Rádio Equatorial, o programa tem como característica principal os microfones abertos para todas as áreas artísticas do Amapá independente de terem fama ou serem ainda talentosos anônimos em busca de reconhecimento. Apresentado pelo radialista Heraldo Almeida, na técnica Cláudio Rogério e como produtora Mariléia Maciel, o programa foi pensado por Vicente Cruz, presidente de Boêmios e do São José, entidades carnavalesca e esportiva localizadas no bairro do Laguinho como veículo de divulgação das atividades destas instituições e do Movimento Vento Norte, que reúne diversos grupos organizados de esporte, folguedos juninos e outros movimentos até então desconhecidos da grande parte da população fora das quadras carnavalesca e junina.

O espaço aberto para falar de cultura com seriedade, porém fora dos padrões dos programas jornalísticos de rádio que dedicam pouco tempo para cultura em sua programação, o Movimento acabou se tornando a ferramenta do tamanho exato para que artistas pudessem mostrar mais detalhadamente seus trabalhos. Saindo do tradicional modelo de pergunta e resposta, nele, o entrevistado encontra tempo para falar de sua carreira, trajetória, cantar e responder questionamentos de fãs sem a correria habitual. No início o dia de sexta-feira foi dedicado como exclusivo para um artista, o Balcão Cultural era o canal onde o artista passava 1 hora e meia numa conversa descontraída e inteligente com Heraldo Almeida e intervenção de ouvintes.

A produção passou a ser procurada por muitos integrantes de vários segmentos da cultura amapaense em busca de espaço. Foi esse o motivo que levou a coordenação do programa a ampliar o espaço para artistas sem esquecer do destaque para as agremiações laguinenses. “No início tínhamos um alvo, que eram as ações do São José, Boêmios e Movimento, mas logo percebemos que os artistas tinham necessidade de um programa que falasse somente de cultura local, que não misturasse com política, polícia e outros assuntos que já são debatidos por pelo menos oito programas matinais, então resolvemos reformular a programação, claro que ás vezes não tem como fugir das polêmicas, mas o principal é falar de nossa tradições”, fala Heraldo Almeida.

O repertório totalmente regional chama atenção dos ouvintes e mostram para um público diferenciado o que nossos artistas estão produzindo. A mistura de público é considerada pela produção como um caminho da várias mãos na divulgação de várias vertentes culturais. “Quem é de festejo junino passou a conhecer outros artistas locais como Fernando Canto e Amadeu Cavalcante, os que dançam marabaixo já sabem da obra poética de Ricardo Pontes e artistas como Joãozinho Gomes tem a oportunidade de saber um pouco sobre quadra junina, e por aí vai, tudo isso com informações de esporte e muito carnaval, sem falar dos cantos emocionantes de Tia Biló e dos antigos do Curiaú e Mazagão que sempre colocamos na grade musical”, fala o técnico de som e produtor Cláudio Rogério.

Hoje o programa é reconhecido pela classe artística e a produção é diariamente procurada por pessoas querendo participar. “O Movimento em Ação é referência quando se fala em cultura, o bom é que o acervo sempre se renova, com muitas novidades e portas abertas para todos, temos nele a chance de conhecer mais sobre nós mesmos e divulgarmos nosso trabalho”, fala a produtora cultural Clícia Vieira. “Procuramos fazer entrevistas que mexam com a sensibilidade dos artistas e dos ouvintes, houve casos em que alguns se emocionaram dentro do estúdio, tudo é feito com carinho e profissionalismo, até nós nos emocionamos”, fala Heraldo.

Para comemorar um ano de existência, a produção em parceria com a Bacabeira Produções está organizando uma grande festa aberta ao público. O lugar foi escolhido a dedo, em frente à Universidade Boêmios do Laguinho, onde será armado um palco onde se apresentarão os músicos que participaram do programa. “Será uma festa inesquecível, um encontro de talentos raras vezes vistas, estão confirmados Joãozinho Gomes, Val Milhomem, Amadeu Cavalcante, Patrícia Bastos, Ana Martel, Osmar Júnior, Nilsom Chaves, Juliele, Grupo Pilão e muitos outros que estarão juntos dos grupos de marabaixo e batuque, bateria de Boêmios, Sambarte, são tantas atrações que a noite vai ser curta pra prestigiarmos tudo”, fala a produtora cultural Clícia Hoana.

domingo, 4 de abril de 2010

MARABAIXO

tela_estevaoTela do artista plástico amapaense Estevão Silva. Homenagem ao início das festividades do Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade. (Acervo: Fernando Canto)

QUADRA DE MARABAIXO DO LAGUINHO

(Extraído do livro A Água Benta e o Diabo, Canto, Fernando, Fundecap/GEA, 1998).

DOMIGO DA PÁSCOA (ou da Aleluia) – Os participantes assistem á missa na igreja São Benedito pela manhã e o marabaixo é dançado do meio dia até a noite.

CORTAÇÃO DO MASTRO – Cinco semanas após o Domingo da Páscoa é feita a “Cortação do Mastro”, no sábado, nos arredores da cidade. Os mesmos são deixados próximos à casa do festeiro como preparação para o dia seguinte.

DOMIGO DO MASTRO – Os participantes deslocam-se até o lugar onde estão os mastros, dançando, cantando e soltando pistolas e foguetes (fogos de artifício) pelas ruas, com bandeiras do Divino (vermelha) e da Santíssima Trindade (branca). Em seguida apanham os mastros e os levam para a casa do festeiro, onde serão guardados.

QUARTA-FEIRA DA MURTA – Na primeira quarta-feira após o Domingo do Mastro, os participantes vão “quebrar a murta” nas cercanias da cidade (próximo ao aeroporto) dançando, cantando (sempre acompanhados de toques de tambores/caixas) e soltando fogos pelas ruas, levando a bandeira do Divino Espírito Santo e voltam pelo mesmo itinerário. Guardam a murta para enfeitar o mastro no dia seguinte.

QUINTA-FEIRA DA HORA – Pela Manhã cavam buracos e enfeitam apenas o mastro do Divino com galhos da murta, amarrando-os em toda extensão e na extremidade, fincam a bandeira. Cada mastro mede, aproximadamente, cinco metros de altura. Executam a “Levantação do Mastro” e dançam o marabaixo até à tarde. A partir dessa data, durante dezoito dias, são rezadas as novenas em homenagem ao Divino Espírito Santo e à Santíssima trindade na casa do festeiro. São realizadas em frente a um altar ornado de fitas, velas e seculares coroas de prata. À noite, depois da novena, ocorre a festa (baile) dançante para os participantes e convidados.

SÁBADO DO ESPÍRITO SANTO – Nesse dia (nove dias após a “Quinta-feira da Hora”) é realizada outra festa dançante à noite.

DOMINGO DO ESPÍRITO SANTO E MURTA DA TRINDADE – Pela manhã participam da missa na Igreja São Benedito. À tarde saem às ruas para outra “quebra da murta”, tocando, cantando, dançando e soltando fogos, desta vez empunhando a bandeira da Santíssima Trindade. À noite rezam a última novena em louvor à Santíssima Trindade.

SEGUNDA-FEIRA DO MASTRO – A partir das 6:00 enfeitam o mastro da Santíssima Trindade (com a murta e a bandeira) e o fincam ao lado do mastro do Divino Espírito Santo. O marabaixo é dançado até as 12:00h e só reinicia no Domingo do Senhor (na semana seguinte).

DOMINGO DO SENHOR – Último dia da quadra do marabaixo. Os participantes dançam até as 18:00h, com um breve e alegre intervalo para a “Derrubação do Mastro”. Em seguida reiniciam a dança, que prolonga-se até a madrugada do outro dia.

CABA NO BICO

Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo, 4 de abril de 2010

Foto: Juvenal Canto

Certa vez, no sítio de um amigo nas terras quilombolas do Curralinho, acompanhei a professora Raquel fazendo um dos mais difíceis pratos da gastronomia nordestina: a buchada de bode. Foram aproximadamente quatro horas de trabalho até a refeição deliciosa esperada por todos os que ali se encontravam, num sábado ensolarado.

Nessa feitura entre o tempo e o desejo angustiado da água na boca a professora assobiava uma antiga modinha do cancioneiro popular. Então veio o comentário infeliz: “ah uma caba nesse bico”. Ela redarguiu com toda a calma: “por que quando a gente assobia sempre dizem isso”? E completou: “eu assobio porque estou feliz”. E continuou seu trabalho, deixando o interlocutor perplexo com a resposta.

Assobiar porque se está num estado de felicidade... Que frase mais bonita, solta em uma época em que é cada vez mais raro encontrar alguém assobiando na rua ou silvando por aí sem incomodar as pessoas. Assobiar não é tão somente soltar um som agudo, exprimir irritação vaiando algo ou alguém, mas a expressão pura da alma ao manifestar a alegria. A mata assobia, o rio assobia, a natureza lança com o vento sibilante sua forma manifesta de nos avisar sobre alguma coisa que vem.

A cultura amazônica deixa na figura fantástica da Matintaperera a inesquecível marca de um assobio que incutia o medo às criancinhas, através de uma melodia simples plenamente associada a essa lenda. Até hoje lembro a melodia que minha mãe assobiava para chamar a Matinta, que era uma velha fumante de cachimbo e que exigia tabaco dos que se arriscavam na floresta densa.

Lendas à parte, o desejo do outro de transformar a alegria do assobio em dor labial, posto que a caba (do Tupi kawa) é um vespídeo temível (um marimbondo de peçonha forte, que tem uma ferroada de fazer inchar a pele de qualquer cristão), é uma reprimida vontade que vem à tona quando a alegria do assobiador se manifesta. É impressionante como as pessoas dificilmente evitam dizer ou pensar a frase infeliz. Não é que eu pense que isso seja apenas uma ação ou um pensamento sádico, mas parece que o propósito – inconsciente ou não - é atrapalhar a felicidade do outro ao desejar uma grande dor causada pela ferroada do inseto. É uma coisa que já está calcificada em nossa memória coletiva, como se quiséssemos também ser felizes e não pudéssemos por pura incompetência ou inveja; como se quiséssemos também a própria dor transferida num processo amargo e masoquista, um castigo desejado pelos nossos mais recônditos pecados cometidos e acumulados pela vida. “Ah uma caba nesse bico” também exprime a uma espécie de rancor contra o inseto que apenas se defende naturalmente se provocado. Já vi casos de moleques que esperavam pessoas passarem perto do ninho de caba para atirarem pedras com baladeiras; li relatos de igrejas e casas que se incendiaram durante a queima de ninhos e conheci vítimas da peçonha da caba tatu. Disseram-me que a dor é terrível. Imaginemos então o ferrão de uma caba de igreja na boca de alguém. E o inchaço seguido. Possivelmente uma pessoa alérgica morreria em algum lugar sem assistência médica como a maioria dos lugares dessa Amazônia imensa.

A simples resposta da professora Raquel ensina a lição do calar-se diante de uma poética expressão de felicidade. Remete, sobretudo, para a necessidade de penetrar a fundo nesse arcabouço de preconceitos que herdamos coletivamente em nosso inconsciente. E nos faz refletir que o assobio é um estado de espírito que poucos alcançam quando seus bicos soltam melodias para encantar o mundo. Experimente assobiar uma música e seja feliz nesta páscoa.