Márcio Gomes foi ao Pará e descobriu o poder de
vitamina, que há escondido nas frutas, e foi revelado agora pela ciência.
A coluna
"Você não sabia, mas já existe" está de volta com um assunto que
interessa a todos nós: saúde. Márcio Gomes descobriu novas pesquisas sobre as
vitaminas – um segredo é esse que antes ficava só na cozinha dos brasileiros.
É uma
preocupação de muita gente ter uma alimentação saudável para enfrentar um novo
dia de trabalho, um dia de estudo. Tudo começa no café da manhã.
Um pão
com manteiga, uma fruta, um café com leite. É um cardápio simples, que você
pode ter em casa ou em um dos muitos restaurantes populares e bandejões que
existem hoje no Brasil.
Em um
restaurante popular da Zona Norte do Rio são feitas cerca de cinco mil
refeições diárias, entre almoço e café da manhã. Sempre com uma preocupação:
uma refeição nutritiva, balanceada e com um bom peso nas frutas.
O poder
das frutas é o tema da coluna "Você Não Sabia, Mas Já Existe" desta
quarta-feira (14). A equipe foi até o Pará conhecer uma pesquisa da
Universidade Federal do Pará com as frutas da Amazônia. Elas são misteriosas
para muita gente e estão tendo o poder de vitamina conhecido agora pela
ciência.
A
movimentação começa cedo no mercado do Ver-o-Peso, em Belém. Na grande tenda das frutas, basta um passeio para
se perder em meio à variedade.
A famosa
castanha do Pará nasce de um ouriço. A gente tem
que abrir o ouriço e, dentro, tem cerca de 20 castanhazinhas. Para a gente
consumir, é aquele processo de descascar na base do facão. Até ficar prontinha
para consumo.
Mas aos
olhos da ciência o atrativo é outro. “Aqui a gente tem um celeiro de medidas
preventivas para doenças futuras", diz a nutricionista Carolina Vieira Bezerra.
E mais
importante: as pesquisas estão mostrando que as frutas da região têm uma
explosão de vitaminas e benefícios se comparadas a outros alimentos. “A pupunha
tem uma capacidade antioxidante e é muito boa para os olhos. Ela tem dez vezes
mais retinol que a cenoura”, revela a nutricionista.
"Outro
exemplo é o camu-camu, que, em relação ao limão, tem cerca de dez vezes mais
vitamina C", explica Cecília Vilhena, mestranda da UFPA.
Olha que
potência: metade de um tucumã tem tanta vitamina quanto seis cenouras pequenas.
E só metade de uma pupunha é igual a uma abóbora inteira.
O que a
ciência quer conhecer melhor, moradores de uma pequena comunidade sabem por
instinto.
Cruzamos
o Rio Guajará-Miirim em uma grande balsa para chegar até o município de Colares,
que fica em uma ilha. Lá dentro, o nosso destino final: uma pequena comunidade
chamada Ariri.
Quando a
gente chega na comunidade do Ariri, a gente logo percebe que a principal
atividade econômica da região é a pesca. Os barcos ficam em um pequeno cais, logo
na entrada da comunidade.
Além da
riqueza das águas, eles também têm uma natureza vegetal riquíssima e a gente
vai conhecer isso agora. Frutas boas para a saúde e que ainda estão sendo
descobertas pelos pesquisadores.
Entramos
na mata com o seu Potoca, 54 anos, nosso guia e chefe da colheita. O seu Potoca
levou a nossa equipe para ver um cupuaçuzeiro - uma plantação de cupuaçu.
O mais
interessante é que o cupuaçu só pode ser colhido quando a fruta está no chão. E
se a gente pegar no pé e puxar? “Aí vai estragar”, explica seu Potoca.
Você pode
ver como a natureza é pródiga na região. A gente só andou um pouquinho mais em
uma estrada e chegamos a uma outra plantação. Dessa vez, de uma frutinha
conhecida como buriti ou mereti, como eles chamam na comunidade do Ariri.
Árvore é o buritizeiro. Mas, exatamente como o cupuaçu, você tem que esperar a
fruta cair no chão e aí fazer a colheita e começar a trabalhar com o material.
Em
algumas frutas amazônicas, como o buriti, foram descobertos vários tipos de uma
substância chamada carotenóide, que dá cor aos alimentos e se converte em muita
vitamina. “Comparado à cenoura e a outras fontes que já eram conhecidas, o
buriti tem cerca de dez vezes mais vitamina A”, revela Cecília Vilhena.
Saúde a
qualquer hora do dia. Vamos tomar um suco de cupuaçu? “É natural mesmo, da
terra. Não tem nada de química”, conta uma moradora. Ela conta que as crianças
da região tomam esse suco todo dia. “Ficam fortes. É muito difícil adoecerem”,
diz.
Uma outra
riqueza dessas frutas está nas sementes, geralmente jogadas fora. Mas no
cupuaçu, a situação é bem diferente.
"A
semente do cupuaçu, de onde se extrai a gordura é um dos exemplos de que a
semente é interessante. Inclusive, hoje, a gente não consegue mais ganhar a
semente doadas. Elas já têm um valor comercial", explica a professora
Luisa.
E os
moradores do Ariri ganham com isso. Eles vendem, para a indústria de
cosméticos. É matéria-prima para a fabricação de cremes e produtos exportados
para diversos países. Uma riqueza que o Brasil já chegou a perder.
“Os
japoneses registraram a patente do cupuaçu, por exemplo. Mas o Brasil fez o seu
papel, exerceu o seu direito e muitas coisas já voltaram ao nosso domínio”,
conta o extrativista Arnoldo Luchtenberg.
Para que
isso não aconteça de novo, o caminho é o conhecimento. Valorizando o que surge
nos laboratórios. E o que passa de geração a geração na floresta.
Seu
Potoca diz que sua energia para fazer a colheita vai durar bastante. “Até uns
60 anos ou 70 anos ainda tenho esperança de ter aquela força”, diz.
Fonte: www.globo.com/bomdiabrasil
Fonte: www.globo.com/bomdiabrasil
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