sábado, 15 de setembro de 2012

A IMPORTÂNCIA DA POESIA (*)


A poesia marca uma linha temporal e o pensamento da época em que foi escrita. Só assim sabemos, através de versos e estrofes, o que alguém sentiu em uma certa época, num determinado espaço de tempo. Com a poesia contamos uma história, o heroísmo ou a derrota, e imortalizamos um acontecimento com a beleza de versos poéticos. Certamente é a arte mis democrática que o homem conseguiu criar.
           A poesia foi e é, de fato, universal.
          Transversal, ela atravessou todas as sociedades humanas, incessante como se fosse a voz dos deuses, mesmo quando resguardada numa escrita antiga, soprada na voz do vento e às vezes por alguém de quem ninguém se lembra mais...
            Ela foi e tem sido o veículo, o suporte que fixou os grandes anseios da humanidade. Nenhum hino foi capaz de mobilizar um povo, utilizar outra forma, que não fosse a sua, para exaltar a alma coletiva. A poesia é capaz de sustentar o melhor e o pior da alma humana... Na poesia está tudo, o que lá está e não está, o que se advinha e o que se sente. A poesia tem a vitalidade das situações eternas. A poesia pode também ter uma importância lúdica ou almejar algo bem superior, pois, no fundo, é uma “música que se faz coa as ideias”.
            A poesia é a voz da alma.
            Poetizar é falar das coisas, não como elas são, mas como as vemos e sentimos em um determinado instante chamado inspiração. O poeta consegue enxergar além da realidade. Seu mundo de metáforas aproxima-se do encanto e da magia. Nas poesias, os sonhos criam calos, o coração chora e as pedras e animais podem falar e cantar. É este poder de dar vida às coisas que faz do poeta um criador que não se preocupa com as formas, cores, sexo, mas somente com os sentimentos internos e externos. Uma falha que temos no ensino fundamental no Brasil é o de “encher” as crianças de fábulas e histórias infantis por serem mais fáceis de passar o conhecimento. Entretanto o uso da poesia permite construir os mesmos castelos de sabedoria, com uma grande diferença: o uso de metáfora.
         Na poesia, a criança percebe que seu mundo imaginário não está isolado e sente-se contente ao manter contato com alguém que pensa do mesmo jeito eu ela. Imaginemos uma menina que brinca com suas bonecas – as suas Barbies. Imaginemos agora um adulto que escreve uma poesia, falando da felicidade de conversar com uma boneca. Certamente, esta menina sentirá que alguém faz o mesmo que ela e que este alguém grande ou pequeno age da mesma forma que ela. Sendo que a diferença, do poeta para a menina, é que ele age na fantasia e ela na realidade.
            Poetizar para crianças não é uma tarefa fácil. Trabalhar a poesia, em sala de aula, também não é tão óbvio assim. É necessário ter sensibilidade e prazer pela poesia, entrar no mundo da imaginação do poeta é deixar a criança bailar na sua imaginação. Unir esses dois mundos é um grande desafio ao professor.
            Transmitir conhecimento através da poesia é uma forma de valorização do sentimento infantil que procura se identificar com os conceitos que lhe chegam prontos. Porém, o professor que utilizar com frequência a poesia nas suas aulas entre os importantes subprodutos que obterá, um deles, seguramente, será o desenvolvimento da criatividade nos seus aprendizes. Ele poderá ensinar os seus alunos escrever sonetos – um poema de forma fixa, composta de 14 versos – os quais podem ter a forma italiana (ou petrarquiana), inglesa ou monostrófica. Os estudantes aprenderão também ao fazer rimas, que podem ser externas ou internas, cruzadas ou alternadas, interpoladas ou intercaladas.
          Com tudo isso darão uma condição especial para que os jovem saibam compreender melhor as ideias, os pensamentos e os sentimentos das diferentes épocas em que foram escritos.
           Antonio Penteado Mendonça, na apresentação do livro Tecidos de Lembranças destaca: “Paulo Bomfim é padrão, marca, marco e rumo da história de São Paulo. Em Paulo Bomfim, vida paulista flui com a mesma naturalidade que a poesia que o revelou e marcou sua vida, sem, todavia, apagar outras vertentes, esconder s trilhas, as serras, os rios onde sua gente existe e lutou e que é parte da essência mais profunda e límpida do homem múltiplo, permanentemente interessado em tudo que acontece em sua volta”.
Paulo Bomfim assim explica porque cabe ao poeta falar.

Cabe ao poeta falar
Em nome do que é silencio
Deixar que os mortos não morram
E semear de novos ritmos
Os campos do amanhecer
Cabe ao poeta a missão
De plantar luzes na noite,
De cantar um canto novo,
Desencantar a verdade,
É oferecer aos irmãos
Um tema para viver!
Cabe ao poeta ser livre,
E que de veias abertas
Dê de sai aos que têm sede
De justiça e de beleza,
E alimento aos que caminham
Com fome de redenção
Cabe ao poeta cantar
A terra que se faz alma,
Ser palavra em boca simples,
Amizade em hora amarga,
Alegria entre as crianças,
Amor entre a mocidade,
Ternura sobre a velhice,
Cabe ao poeta falar:
- Se calar é porque é morto,
Por paixão de ter vivido!

(*) Revista Qualimetria – FAAP, junho de 2008

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