sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

VALEU ZUMBI

Raul tabajara – raul.silva@ibge.gov.br

Com essas duas palavras, Martinho da Vila inicia o samba da sua Vila Izabel em 1988, com o enredo Kizomba : A festa da Raça, que ganhou o carnaval carioca no centenário da abolição da escravatura. Nesses últimos dias de novembro, quando se comemora a dia da consciência negra em homenagem ao grande ZUMBI DOS PALMARES, assistimos a grande movimentação no centro de cultura negra do Amapá, onde instituições, governos e o público mais uma vez se reuniram para essa grande festa já tradicional na nossa cidade.

Hoje, verificamos que o movimento afrodescendente em Macapá, com suas diversas comunidades quilombolas, é um dos municípios brasileiros onde essa movimentação cultural da raça negra é mais intensa. Estão na mídia o ano todo de uma forma ou outra, exercendo pressão pela implementação de politicas visando a melhoria da qualidade de vida dos negros, principalmente os mais necessitados do Estado do Amapá. Isso ocorre devido alguns grupos já terem alcançado um certo grau de organização e de reconhecimento de sua identidade e ligação com a Mãe Africa.

Em decorrência dessas atuações, observamos nas ultimas pesquisas oficiais que os indicadores socioeconômicos têm melhorado com uma taxa acima da média nacional para esse grupo populacional e isso é em decorrência de politicas publicas implementadas nos últimos anos pelos Governos Federal, Estadual e Municipal. E como diz Caetano, uns mais, uns menos.

Um dos fatos mais marcantes observado nessa década, é que no ano de 2000, quase 5,0 % da população amapaense se declarou negra e agora em 2010 esse numero saltou para quase 9,0%, representando quase 90% no aumento do numero de pessoas que se declaram negra, fruto do reconhecimento de sua identidade e aumento da autoestima.

Outro indicador que no Amapá se diferencia é a renda. No Amapá a renda média das pessoas que se declararam negra foi de R$ 1.088,00 enquanto a média nacional foi de R$ 834,00. Essa renda média dos negros no Amapá é também maior que a renda dos pardos amapaense que foi de R$ 1.072.

Sabemos que a média não é um indicador ideal para verificarmos a situação de uma população por ser influenciado pelos extremos, porem, é sim algo que aponta para uma tendência.

Temos observado que algumas pessoas somam os negros e pardos como afrodescendentes. Essa visão não é válida para a Amazônia e principalmente para o Amapá, onde, algo em torno de 60 % dos pardos não são afrodescendentes e sim descendentes de índios e caboclos amazônicos. Isso justificaria o porquê a renda média dos negros está maior que a dos pardos, pois um número significativo de índios e caboclos se declararam pardos.

Isso aponta para uma necessidade de politicas voltada para os índios, caboclos e seus descendentes pardos e, também, para a promoção de uma maior organização desses setores, como fizeram os negros no Amapá. Quem observa de fora, fica a nítida impressão que é mais interessante deixar os índios selvagens e os caboclos nas palafitas.

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