quinta-feira, 23 de julho de 2009

Aniversário de Nonato Leal - 82 anos de puro talento musical


Lembro do primeiro contato que tive com esse incrível e generoso músico no final dos anos 70, quando iniciava por conta própria a aprender violão. E foi num dia de Festival Amapaense da Canção, sob a frondosa mutambeira do grupo escolar Barão do Rio Branco que Nonato me viu e me deu a dica de uma passagem de tom na música que eu executava. Depois ele adentrou o ex-cine Territorial para ensaiar sua composição que seria a vencedora do festival, em parceria com o inesquecível poeta Alcy Araújo.



A modéstia do violonista é conhecida por todo mundo junto ao seu inominável talento que atravessou décadas encantando os mais diversificados públicos que tiveram a oportunidade de ouvir seu trabalho. Requisitadíssimo, Nonato Leal jamais se furtou a um bom convite para tocar, pois sempre soube se valorizar, embora nas rodas boêmias fosse um integrante como qualquer outro bom bebedor, um companheiro divertido que nem ao menos se zangava com as piadas que faziam sobre sua terra natal e lhe insinuavam ser o protagonista principal. Vigiense de boa cepa, até hoje adora um bom caldo de cabeça de gurijuba, ao qual atribui ser afrodisíaco, e a fruta do cedro, parecida com o taperebá, que considera o melhor tira-gosto para a cachaça.



Sua participação no crescimento da nossa música foi determinante. Nonato tocou em diversos grupos musicais, ao lado de instrumentistas famosos como Sebastião Mont'Alverne e Amilar Brenha, Hernani Guedes, Chico Cara de Cachorro e Zé Crioulo, Aimorezinho, Manoel Cordeiro e tantos outros. Tocava qualquer instrumento de corda: foi o primeiro artista do Amapá que vi tocando guitarra havaiana. Participou da gravação do LP "Marabaixo" do conjunto "Os Mocambos", em 1973. Seu programa de rádio "Recital de Nonato Leal" por anos teve audiência assegurada nas rádios de Macapá. Mas foi como professor que disseminou o amor pela música a dezenas de discípulos que hoje ganharam o rumo da profissionalização musical, incluindo aí seus filhos Venilton e Vanildo Leal. Seu primeiro CD "Lamento Beduíno", editado em 1997, com arranjos de Manoel Cordeiro, esgotou-se rapidamente. Nesse trabalho tive a honra de escrever um texto a pedido dele, do qual reproduzo o primeiro parágrafo:



"A saudade de Macapá me fez sintonizar ao acaso a Rádio Neederland em uma noite fria e triste em Belo Horizonte no ano de 1974. De repente um solo de violão me chamou a atenção. Tratava-se de uma música com temática oriental, muito bonita e bem executada, chamada "Lamento Beduíno", do professor Nonato Leal, de Macapá, Território Federal do Amapá, Brasil, dizia o locutor daquela rádio holandesa. Vibrei! Coincidência ou não a história mudou meu astral e motivou um porre de pavulagem bairrista. Pena que ninguém que eu conhecia tivesse ouvido o programa. Tempos depois soube que fora o radialista Edvar Motta que enviara uma fita com músicas do Nonato para lá".

Na foto, Nonato Leal e Aymorezinho, no Bar do Abreu

7 comentários:

  1. Meu amigo Fernando. Fazer parte do circulo de amizades do Professor Nonato leal é um grande prazer. Ouvi-lo tocar é uma dádiva. Sua simplicidade, típica dos grandes mestres o engrandece, fazendo explodir sua arte numa beleza espetacular como em uma grande queima de fogos de artificios.
    João Lamarão

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  2. Meu amigo,primeiro PARABÉNS ao artista Nonato Leal. Me fez lembrar o Ezequias e a Naza, de quem fui vizinho, amigo e parceiro no jornal Fronteira, onde trabalhamos juntos. A vizinhança e a amizade nos deram a oportunidade de ouvir Nonato Lela, Zeca, Aymoré,Chico, Zé, e meu querido amigo Manoel Cordeiro. Seu Blog hoje é a minha Rádio Neederland. A saudade, que já era muto grande, aumentou depois do seu post e da conversa com Paulo Emanuel. Mas amanhã prometo porre e bairrismo lá em Marudá, Marapanim,em uma roda de carimbó,porém, pensando em marabaixo,em toda a música do Amapá e artistas como vc e o Nonato. Um grande abraço.

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  3. Meu amigo, para acrescentar ainda tive a honra de no período de gravações do Nonato no estúdio do Manoel Cordeiro, ter a honra de acompanhar minha irmã Lúcia Uchôa e assistimos juntos várias gravações, com o Manoel nos arranjos e direção. Um grande prazer pela lembrança.

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  4. Amigo João Lamarão, amigo Jorge Herberth, o Nonato continua aquele caboclo da Vigia que sonha com as vigilengas e uma caldeirada de gurijuba. Por isso sua música deságua no oceano e volta em forma de chuva amazônica. E é daquelas bagudas. O Amapá deve a ele grande parte de sua musicalidade. Abraços.

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  5. Eu acho que ainda era criança, quando ouvia o Nonato Leal tocar na rádio, tão criança que não conseguia entender porque o locutor dizia sempre "esse tal de Nonato Leal" , na verdade era Recital! rsrsrsrs

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  6. Como Vigiense não poderia deixar de fazer um registro aqui;estava pesquisando sobre a Gurijuba e deparei-me com O Canto da Amazônia onde se faz homenagem ao Prof. Nonato Leal,talento musical,pena que a nossa terrinha não o tenha segurado para fincar raízes por aqui,mas acredito que a busca por outros desafios fizeram desse artista um ser determinado e vencedor. Parabéns ,continue produzindo, a arte não exige idade.

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