Após a comemoração do ano novo judaico, que se deu no pôr do sol de 28 de setembro, seguem-se dez dias de arrependimento e reflexão para todo o povo judeu. No décimo dia, que segundo a Bíblia é o 10º do mês de Tishrei, que nesse ano cai hoje, é comemorada a festa do Yom Kipur.
Sua chegada é um acontecimento de tal magnitude para a comunidade, que a vida parece nela fazer uma parada: deixa-se de lado todas as ocupações, esquece-se das necessidades físicas, e apressa-se em mergulhar numa profunda introspecção. Os judeus começam o novo ano refletindo sobre as suas ações, acerca do mal que fizeram e do bem que deixaram de fazer. As portas do arrependimento permanecem abertas até Yom Kipur, quando então o decreto do Rei é promulgado: “Quem irá viver e quem irá morrer; quem estará sereno e quem será perturbado; quem será pobre e quem será rico; quem será humilhado e quem será exaltado”. Pedir perdão ao irmão e reparar os possíveis danos causados são condições vitais para que, na culminância do décimo dia, possa receber o perdão de Deus.
Nos tempos bíblicos, o Yom Kipur era o único dia do ano em que apenas um homem (o sumo sacerdote do povo israelita) poderia adentrar ao átrio do “Santo dos santos” no Templo de Salomão. Nesse dia, ele intercedia pelo perdão divino não só ao povo de Israel, mas a toda Humanidade. Tal dia exige tanta reverência que, o sumo sacerdote só adentrava ao átrio com uma corda que lhe amarrava a cintura, pois, acaso morresse diante da presença de Deus, poderia ser puxado para fora sem maiores perigos.
Na cultura nordestina o Yom Kipur está presente desde o começo da colonização portuguesa. Era comum entre os séculos XVI e XVIII que os cristãos-novos (judeus convertidos à força) começassem o dia com a reza Kol Nidrei (que significa, “todas as promessas”), no intuito de fazer anular perante Deus quaisquer votos religiosos que haviam feito sob coação. Até hoje, no interior do Estado de Alagoas, descendentes desses cristãos-novos sabem recitar trechos das rezas hebraicas que aprenderam com seus ancestrais.
É costume nesse dia que homens e mulheres adultos jejuem por 25 horas, se abstenham de relações sexuais e de calçar sapatos feitos de couro de animal (calçam tênis ao invés de sapatos).
O Dia do Perdão é considerado pelo povo judeu o mais sagrado de seu calendário. Nele, o Grande Arquiteto do Universo senta-se para julgar a Humanidade com os atributos da misericórdia e da justiça e decide quem terá seu nome inscrito no Livro da Vida. (Sobre o autor: Rafael Leleu de Oliveira – Advogado)
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