terça-feira, 25 de outubro de 2011

CARTA DO PROFESSOR MUNHOZ

Carta do Prof Munhoz_fragmento Sônia e Fernando:

Estou chegando do velho mundo, que, para mim é sempre novo, passando 40 dias entre Portugal (Lisboa, Évora, Cascais e Odivelas) e Espanha (Madri). Foram 40 dias apenas curtindo arte e beleza, enriquecendo-me culturamnente. Em Lisboa tenho um xodó: a Cinemateca Portuguesa, que irrita alguns amigos, pois acham absurdo eu passar horas, todo dia, ou quase todo dia, numa sala escura, vendo filmes antigos, tendo o mais antigo, nestas férias, “Maciste Imperator”, filme de Guido Brignone, de 1924, com Bartolomeo Pagano, numa bela cópia restaurada; “O Bilhete de Ida e Volta”, de Iay Garnett, é de 1932, o ano em que nasci, e “ A Fortaleza do Silencio” , de Marcel L’Herbier, de 1937. Sou, sem dúvida, um cinemaníaco inveterado, e não esqueço que disse Luzia Miranda Alvares, no “Liberal”, de 29 de dezembro de 1972: “Munhoz é um dos pioneiros da verdadeira crítica cinematográfica no Pará.” E Pedro Veriano, no livro “A crítica do cinema em Belém “, de 1983, lembrou que “meu tempo de crítico assíduo durou mais de dois anos, no jornal católico semanal “ A Palavra” . Cinema para mim é arte, e se alguém tiver oportunidade, não deixe de ver “ Meia-noite em Paris” de Woody Allen, onde a primeira dama da França, Carla Bruni, faz uma ponta como guia do Museu Rodin. O filme é ótimo, também aparecendo a livraria “Shaskespeare and Company”, na rue de la Bûcherie, 37, onde na manhã de 15 de julho de 1994, tirei uma foto ao lado do seu propietário, George Whitman, já naquela época muito idoso. Ao lado da Cinamateca ficam a mais chique galeria de arte de Lisboa, a Gad (Galeria Antilers Design) da amiga Zambeze, e a casa-museu da Fundação Medeiros e Almeida (1895-1986), que foi transformada em casa-museu pelo próprio no início da década de 70, criando em 1973 a Fundação Medeiros e Almeida a quem doou todos os seus bens, incluindo a coleção de 225 relógios do sec. XVI até à atualidade, e uma coleção de porcelanas da China, em terracotas pré-históricas de 2000 das dinastias Han, Wei, Iang, Song, Ming e Qing. Os museus fazem a minha delícia, visitando muitas vezes a Fundação Calouste Gulbenkian, com o acervo extraordinário doado pelo rico magnata armênio do petróleo Calouste Gulbenkian; o Museu de Arte Antiga, num palacete do século XVII, com preciosidades como “As Tentações de Santo Antão”, de Hiernymus Bosch, e “Adoração de São Vicente”, de Nuno Gonçalves, do séc. XV; a cruz de ouro do rei D. Sancho I (1214) e a Custódia de Belém, 1506, de Gil Vicente. O atual Museu de Chiado é o antigo de Arte Conteporânea. Como em Lisboa, o mesmo faço em Madri, como agora , chegando ao meio dia às 13 horas já estava no museu Thyssen-Bornemisga, vendo a exposição de Antonio López, que a revista Desoubrir El Arte, de Julho, dizia ser o Artista “um pintor para la eternidad”. No museu do Prado, um dos quatros maiores do mundo, em dois dias em “El joven Ribera” com 30 obras, “Roma: Natureza e Ideal”, com mais de 100 obras de 36 artistas europeus “Fortuny y el esplendor de la acuarela española em el Museo del Prado”. “No solo Goga” e “La Palabra hecha imagem: Pinturas de Cristo em el Prado”, homenageando a sede da XXVI jornada Mundial da Juventude. Vi todas as exposições do Museu Rainha Sofia, onde está a “Guernica” de Picasso, incluindo duas grandes mostras: uma, de Lygia Pape e outra de Yayoi Kusama, provavelmente a artista viva mais conhecida do Japão. Passo uma tarde inteira no Museu Cerralho, nu palácio deslumbrante, conhecendo daí a forma de vida da aristocracia madrilena de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX. Até hoje a coleção do museu obedece aos critérios do fundador don Enrique de Aguilera Y Gamboa (1845-1922), XVII marquês de Cerralho, que se destacou como político, acadêmico, escritor, colecionador e arqueólogo. Na fundação Mapfre, duas excelentes mostras: “La mano am lápiz”, desenhos do séc. XX: Matisse, Rafael Barradas, Picabia, Salvador Dalí, Archipenho, Rodin etc. E Eugène Atget, com 300 fotos da velha Paris. Atget nasceu em 1857 e morreu em 1927. Tanto vi, mas o ponto alto foi no Palácio Real de Madri, com “Polonia: Tesoros y Colecciones Artísticas”, tendo como estrela la “Dama del armiño” de Leonardo da Vinci, retrato de Cecília Gallerani, amante de Ludovico el Moro, duque de Milão. Como não sou de ferro, vi o “O Lago dos Cisnes” com o Ballet Imperial Russo, e vibrei com “Spaña Baila Flamenco”, com o Ballet Flamenco de Madrid, no teatro Muñoz Seca. Vão duas fotos. Uma para cada um. O velho Amigo de sempre, Antônio Munhoz Lopes. (Agosto de 2011)

Fotos de Munhoz:

Munhoz_lisboa1. Para o Fernando, grande amigo, eu, em Lisboa, na manhã de 12 de julho de 2011, sentindo-me bem português (Antônio Munhoz Lopes)

Munhoz_lisboa1 2. Para a Sônia, ex-aluna e querida amiga, eu, em Lisboa, na manhã de 09/07, na plenitude dos meus 79 anos de vida.(Antônio Munhoz Lopes)

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