Publicada no jornal “A Gazeta” de 27.11.2009
CLÁSSICO CAIPIRA
Maestro Joaquim França e Osmar Jr. trabalhando os arranjos das canções do Projeto Piratuba, A Cantoria no Lago.
No domingo o maestro amapaense Joaquim França participa do espetáculo “Projeto Brasil Clássico Caipira” no Hangar Centro de Convenções, em Belém, sob a direção do consagrado regente Hildo Hora.
Joaquim traz no currículo uma enorme folha de serviços musicais, desde que rege u a banda Oscar Santos, de quem foi aluno em Macapá.
O maestro foi quem arranjou as músicas do novo CD/DVD do cantor Osmar Júnior, que está em fase de masterização.
SINDUFAP
Aconteceu na terça-feira passada o primeiro atendimento jurídico aos sindicalizados do Sindufap (Sindicato dos Docentes da Unifap). O atendimento visa discutir a situação do professor em relação a sua progressão docente.
Marinalva Oliveira põe em prática o programa de trabalho que propôs durante a campanha à presidência do Sindicato, que venceu por larga margem de votos.
MOSTRA DE BALÉ INFANTIL
A Federação das Indústrias do Amapá e o Serviço Social da Indústria -SESI, realizarão a XIII Mostra de Dança nesta segunda-feira, dia 30, com o espetáculo “Quando Chegar o Inverno”, no Teatro das Bacabeiras, às 20h00. O espetáculo recontará a fábula de la Fontaine “A Cigarra e a Formiga”
Criada e 1993, a Escola de Balé do SESI atende hoje aos alunos da Escola Visconde de Mauá, que em sua maioria são filhos de dependentes dos industriários. Os ingressos já estão à venda na tesouraria da escola, na Rua Leopoldo Machado, 2749, no bairro do Trem, e no teatro, dia 30.
ANÁLISES CARTOGRÁFICAS
O NUSA – Núcleo de Planejamento, Gestão e Monitoramento Sócio-Ambiental da UNIFAP promove curso de extensão “Técnicas e análises cartográficas com ênfase na arqueologia da paisagem e geoarqueologia”, com carga horária prática de 60 horas.
O curso tem na coordenação o professor Sílvio Wigman Mendes Pereira, com 22 vagas e é destinado a estudantes da universidade que já tenham cursado Cartografia Básica. As atividades serão realizadas em acampamentos fora de Macapá entre os dias 29.11 a 06.12.09.
GENTE DO CHORO
Como já havia anunciado há dois meses aqui na coluna, o Grupo “Gente do Choro”, da Casa do Gilson, de Belém, vai se apresentar na Casa do Chorinho do Ceará da Cuíca, no próximo dia 03 de dezembro.
Trata-se de uma integração entre os músicos das duas casas, visto que o bandolinista Adamor, que faz parte do grupo paraense, sempre se faz presente em Macapá, desde que iniciou seu aprendizado instrumental com o saudoso Amilar Brenha. Com ele estarão tocando Gilson (cavaquinho), Cardosainho, Paulinho Moura e Geraldão(violão) Mininéia (percussão), entre outros.
FUNDO CULTURAL
Parece que a audiência na Câmara dos Vereadores para tratar do Fundo Municipal de Cultura não foi bem um mar de rosas. A ausência de onze vereadores do plenário provocou o protesto de vários representantes de organizações culturais ali presentes.
Ora, discutir cultura com os “representantes do povo”, sem a presença de 1/3 deles me parece meio incoerente para vereadores que acham que sabem tudo. Deviam pelo menos ficar para aprender a ter compromisso com um segmento importante e formador de opinião. A polêmica se estendeu nas ondas do rádio e parece que vai continuar.
NOSSACASA
O produtor cultural independente Jonas Banhos é outro que anda descontente com o que a Prefeitura vem fazendo com a sua biblioteca popular do projeto “NossaCasa de Cultura e Cidadania”. Jonas até escreveu um poema denominado “Pobre Macapá. Bar pode, biblioteca não pode”. Ele empresta livros e revistas na parada de ônibus da Ernestino Borges.
LUIZ JORGE
Luiz Jorge e eu em Macapá, por volta de 1982.
Luiz Jorge e Pedro Ramos. A imagem está deteriorada mas a amizade continua firme.
Impressionante a força poético-descritiva de Luiz Jorge Ferreira. Poeta, músico e compositor que se fez médico e foi morar em Belém, depois em São Paulo.
A releitura de suas obras me faz pensar, sobretudo, em um mar de lembranças que passam em ondas quando ando pela orla e vejo o “Amazonas mar-moreno” da sua obra. Autor de “Berro Verde”, “Tempos do Meu Tempo” ”Cão Vadio”, e de outros mais, Luiz Jorge também traz na sua discografia os álbuns “Lua d’Água” e “Pássaro de Breu”.
Seu poema memorial “Macapaueira” traz a nitidez da vida da cidade antes do esquecimento.
MACAPAUEIRA
Luiz Jorge Ferreira
A rua da frente
(tinha que começar por alguma rua, embora
todas sejam ruas nuas e cruas,
coma sensação de serpentinas d’um carnaval
que houve)
ela vai dar à rua da casa, morada no comércio
e quebra no fim da entrada
ao começo da igreja
D’aí, as ruas são ruas
Que por sua frescura do tempo-espaço
Cruzam-se em frente ângulos
Que eu engulo como cantos
Pelos quatros cantos desentôo...
Uma delas em frente ao grupo escolar
Dentro dele um monte de espaços preenchidos
A praça do Barão, a palmeira centrada
Veste mais verde a sombra da chegada
(olhar as bancas de tacacá,
o cheiro que sobe das panelas de mingau)
dentro do grupo os cadernos escolares
apagados de saliva-borracha.
Parti. Cheguei. Suado
Banhado de Araxá.
Chocalhando as Arrais que por lá vivem
E muito,
Espreguiçam esta passagem, de paisagem do chão mar
(como dizem muitos, acho o Amazonas mar-moreno).
Quem é o Lago dos Índios, p’ra negar um beijo ao Sol
E ao córrego do aeroporto, a agourar a ponte de tábuas,
Só os passos do carvoeiro,
A última rua que eu veja lá
Tem o nome que desconhece
Sempre lhe dou o nome, por um novo velho,
Amigo velho novo, que morre nela,
Rua da casa do Pedro.
Rua da casa do Zé.
Como traças elas traçam, retângulos.
Pretos, negros, brancos, vermelho-pó.
Nem por isso há raças, e sim
Macapaenses, macapaueiros, macapaueiras!
Olha a farinha do Curiaú,
Na fumaça dom pirão
A espinha do tamuatá.
Peço que corra vinho de açaí nas tuas veias
Trem que vem, trem que passa.
Praça do Trem! Eu lá.
Praça do Hotel! Eu lá.
Matriz da Praça! Eu lá.
São Benedito, corra com esta trouxa
Que a velha moça
Te canta o hino
Te cose a calça
Remenda o fundo
Oiando o fundo Deus dará.
Aquelazinha passa p’ra dentro
Que as promessas de pais, podem te manchar o vestido novo.
Manganês, manga-inês.
Preciso conversar contigo Laguinho.
Mudaste de nome?
Tua tabatinga, teu barro, tua piçarra, tua molecada
Moldando o soldado do pé, mudaram?
O Poço do mato tem...
Camapu, mato tem
Cantiga de pai de santo, mato tem
Escoteiros e sacanas, mato tem
Marabaixo, batuque e o boi-bumbá, mato tem.
Duvido que haja mais tarol rompante
Que doravante, d’outros tempos saia
Surdina e ronco, por trás dos roucos
Movimentos de marcha.
Não tem mais Doca da Fortaleza
O cheiro do pitiú, sumiu
Como por encanto, no entanto os urubus jamais viraram
garças
Coro de onça, desgraça
Nem o som que o vento aciuma
Em cima das velas-guias
Te guia ao som do Pecó.
Macapauera.
Por que as noites são vestes negras como um tempo
E os pirilampos comensais da escuridão,
Voando estão.
Então as estrelas, berros de amor
Poeiras dos tempos,
Ajeitam tuas sobrancelhas?
São versos Macapá
De poetas mudos dos muitos que tens visto
Por mares nunca ou sempre navegados,
De bicicleta, de versos, de reversos,
Em tombadilhos sumidos.
Canoa de Afuá, canoa do Jari
Canoa do Bailique, vem destas bandas d’aqui
P’ras bandas de lá do peito, me levem
Chove com força, chuva!
Estas ruas que se curvam
Aporrinhastes a curva dos meus olhos
-estão de conversa
comigo há muitos anos-
De pé conversei com a s areias da Fazendinha
Amigadas com os mururés
Por lá, a Sofia Cobra-mulher
Boiúna, dos castelos papa-chibés
Das borralheiras no reino da tabatinga,
Me guarda pr’a deflorar.
Macapaueira...
A linha do papagaio, deste moleque tingido
Tá de nó com o Equador
Eu tou de nó com o amor
A esperança de nó com a felicidade
Perdeu o barco no porto-trapiche
Tomou sorvete de côco
E brinco com a mocidade, na “Banda”
Tangendo o boi de rabo teso.
“Teje preso”, Senhor pesca-dor
felícia deixe o sobrado
que o céu parece teu mato
larga o mormaço do corpo
que estas ruas que se cruzam,
molham mais que o suor
no mastro do Espírito-Santo
na festa do meio do ano.
Teje vivo, senhor chefe
O rio da noite secou
Traíra que veio n’água
O Zé Bugelo pescou
Cedendo comida ao Berto
Que a mãe-de-leite criou.
Macapaueira.
As ruas assim como são
Cruzam aqui e ali
A lua não forma sombras
Apesar de muitas bananeiras
Terem folhas novas, nos quintais.
E pede baixinho, num sussurro
(para que os tambores do marabaixo
não cresçam no repinique).
Ei, poeta.
Esconde meus vestidos de samambaia
Ponha esta noite morena, nesta saia e saia
Que a poeira sobe, a rua não vê.
Ela doida p’rá xixar
Tem vergonha desta rua, recruzada.
Eu sempre presente como ontem
Aponto adiante de lá, o lugar
Onde não cruzam ruas.
E a lua, nua
Faz a precisão.
Eu morto de sono, sonho que adormeço
Assim não meço as coxas da lua
O sexo da rua
Nem noto a presença de um vira-lata
Que foi de um vizinho
Agora é das pulgas, latindo.
A rua da frente tem razão
De se meter com o rio.
Da esquina d’ontem, a Av. Recordação
Ela sempre soube que as outras ruas mentem.
Que eu minto, e que lua, não tem muitos Macapás
P’ra ficar escolhendo um canto qualquer,
Com medo que se flagre a verdade
A lua é um poema de carne-e-osso.
Macapá, um gole de cachaça, uma posta de peixe, o
chuvisco no telhado
E a rede estirada no saguão.
ZUNIDOR
Dia primeiro a 13 de dezembro acontece a festa em homenagem a N.S. da Conceição no Curiaú, especialmente na famosa Casa do Gorgia.
Como diz o Heraldo Almeida: - Tá na hora de rever seu “coração maldito”. Está chegando o Natal, é hora de procurar ‘uma pessoa amiga pra abraçar’.
Nosso ilustre Manoel Torrinha, conhecido como “Prego” costuma dizer, numa pregação ideológica quase platônica (Platão não gostava de poetas!) que “o grande problema deste Amapá é que aqui tem demais poeta”. Vates do exército industrial de reserva uni-vos!
Secretário Maneca, depois do sucesso do Encontro dos Tambores, agora segue sua meta de realizar o projeto Amapáafro e se transferir com Seafro e tudo para o Centro de Cultura Negra, no Laguinho, que fica abandonado o ano inteiro.
Só meu São Jusa que quando não perde, empata.
Tá chegando o “Adoradores do Sol”.
Inderê! Volto zunindo na sexta.
EGUA FERNANDO! É UM MONTE DE ALEGRIA DE UMA VEZ SÓ.LER SEU "CANTO". NELE EU VIAJO COMO SE FOSSE UM TUNEL DO TEMPO. E PRECISAS VER A AVIDEZ COM QUE RETIRO OS OCULOS E QUASE ENTRO NA TELA DO COMPUTADOR.VEJO O TORRINHA FALAR DA PROFUSÃO DE POETAS NO AMAPÁ( E SEMPRE NÃO FOI ASSIM?)BENDITO SEJA! VEJO PEDRO RAMOS OUTRO BROTHER E VEJO OS DOIS TIMES DO FLAMENGO E REPARO COMO VOCÊ QUE NENHUM JOGADORZINHO SORRI E LEMBRO QUE COM MUITOS DELES JOGAMOS PELADA NA SEDE ESCOTEIRA. E QUE EU DEVIA TER ESTA MESMA FACE QUE HOJE EU ACHO INDECIFRAVEL (PENA QUE EU NÃO ESTEJA NA FOTO).UM OLHAR INCONDICIONALMENTE PREOCUPADO COM O TUDO E O NADA. QUE ERAM PERTO E ERAM LONGE(S).OBRIGADO POR EXPOR O POEMA.MEU IRMÃO NADA SE FAZ POR ACASO.ESTES FRAGMENTOS QUE VOCÊ MOSTRA.EM DETERMINADAS OCASIÕES A MIM PARECE ESTAR LENDO UM TEXTO. E NELES ME RECONHEÇO.E PERGUNTO
ResponderExcluirPOR QUE NÃO SAQUEI QUE ERA DE VERDADE? POR QUE NÃO PENSEI QUE ERA PRA VALER. E POR QUE NÃO DEIXEI EM BRANCO TODOS OS OUTROS PARAGRAFOS QUE AGORA NÃO SEI LER.
OBRIGADO! ENFIM.-ESTAMOS BEM OS TRES NA FOTO(PEDRO,VOCÊ E EU)
ABRAÇOS LUIZ JORGE.
Pô, Luiz Jorge, fico feliz por vc ter se lembrado de tudo isso. O seu poema, como outros tantos seus, merece ser publicado várias vezes, até o "pessoal aprender". Vai ver que o Prego tá errado, que ter poeta demais não é o problema do Amapá.
ResponderExcluirUm forte abraço.