sexta-feira, 26 de abril de 2013

Fedeu Morreu - Prefácio


UM HOMEM E SEU CANTO

Antonio Juraci Siqueira

Difícil seguir os caminhos do homem sem perder de vista o rastro do poeta, sua pegadas de sombra e luz.

Separar a pedra e a pluma das palavras, sorver o mel e o fel dos poemas, decifrar o canto e o homem (com) fundidos no poeta é o desafio que lanço àqueles que ousarem mergulhar em seu mupéuas. Mas não se assustem que Fernando Canto conhece a difícil arte de escrever fácil. Seu jugo é leve, e claro o seu cantar. Claro suficiente para ofuscar a visão estrábica dos que vivem á margem da luz e, ao mesmo tempo, aclarar os passos dos que caçam caminhos nestes dias de breu.

Aqui um homem e seu canto diante dos homens e seus chapéus, seus nocivos poderes. Aqui a palavra incendiada de amor por uma terra e seu povo.  Aqui o Adelantado e sua fauna de tiranos. Aqui a submissão ao chapéu e a luta para conquistá-lo, pouco importando se coroa, mitra, cocar ou capacete. Basta o poder e o fascínio que exerce sobre os habitantes de Adelantado, entre eles muitos dos que se rebelaram contra os tiranos e que agora exibem as mesmas caras de pedra, as mesmas mãos de aço...

O poeta espia o jogo, empunha o canto e se abicora. Ele sabe da necessidade de cavar trincheiras nas manhãs equatoriais para proteger- se da sombra do chapéu. Tem a poesia, um canto, um ofício e as mãos repletas de esperanças. Por isso não abandona o jogo. Apenas se abicora na certeza de ver chegar a hora e a vez de gritar, a plenos pulmões, brandindo a lança da poesia: - “FEDEU, MORREU!”

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