sexta-feira, 26 de abril de 2013

CHERNOBYL – O ACIDENTE NUCLEAR FAZ 27 ANOS

Por Norbert G. Suchanek*

Eu me lembro muito bem os dias e meses seguidos ao dia 26 de Abril de 1986. Quando o acidente nuclear de Chernobyl começou, eu tinha 23 anos e morava na Bavária. Os ventos trouxeram as nuvens cheias de elementos radioativos do acidente nuclear, como césio-137, para mais de 3 mil quilômetros até a minha cidade Munique, onde eu trabalhava numa empresa farmacêutica. As chuvas radioativas caíram em cima de nossas cabeças, em cima de jardins de infância, em cima das caixas de areia para crianças brincarem e em cima dos campos de futebol. De um dia para outro foi proibido brincar fora de casa.

As caixas de areia, os campos de futebol lindos de grama verde, tudo foi radioativo e podendo criar câncer ou outras doenças ligas à radioatividade. Esta chuva também afetou as plantações de legumes, de milho e as pastagens das vacas.

Até meses depois da chuva, a Bavária, bem como partes da Áustria, Itália, França e Inglaterra produziram milhares de litros de leite radioativos. O que fazer com este lixo radioativo líquido? Esta foi uma grande questão política. Finalmente foram criados fábricas especiais na Bavária e outros lugares da Europa radioativa para diminuir este lixo. O que fizeram foi, na realidade, tirar a água do leite e criar um concentrado, leite em pó altamente radioativo, que finalmente foi exportado ilegalmente para países da África e América Latina. Este leite também foi vendido para o Brasil. Um ato altamente criminoso.

Quantas pessoas, quantas crianças brasileiras morreram ou contraíram câncer por terem sido alimentadas com leite em pó radioativo da Europa? Cem, mil, 100 mil? Ninguém sabe e ninguém foi condenado!

 A minha experiência pessoal com Chernobuyl foi um dos pontos porque quase 25 anos depois, em 2010/2011, eu resolvi criar junto com a socióloga Marcia Gomes de Oliveira o "Uranium Film Festival, o festival de filmes sobre energia nuclear. Acidentes nucleares como Chernobyl ou, como alguns anos antes, nos EUA em Harrisburg e agora em Fukushima não possam ser esquecidos. Porque os efeitos afetam milhares de pessoas e muita terra por um tempo indeterminado.

O festival vai exibir este ano 2 filmes sobre o assunto Chernobyl, 3 filmes sobre o acidente nuclear em Fukushima, sendo dois deles estréia mundial no festival. Cerca de 50 filmes de 20 países serão exibidos neste encontro que acontece na Cinemateca do Museu de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro, cujo pré-lançamento ocorre dia 26 de abril na Vila  Olímpica da Vila Isabel.

*Norbert G. Suchanek é jornalista e diretor-geral do Uranium Film Festival.

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