Por ESTÊVÃO BERTONI, DE SÃO PAULO
Às margens do rio Araguari, num pedaço de terra então pertencente ao Pará, nasceu Araguarino, filho de fazendeiros. No documento, portanto, constava que ele, José Araguarino de Mont'Alverne, era paraense legítimo.
Ainda menino, ele foi para Belém, onde estudou e serviu ao Exército. Quando tinha 20 e poucos anos, o governo decretou que o local de seu nascimento tinha se tornado Território Federal do Amapá.
Com a Constituição de 1988, o Amapá virou Estado. Araguarino, que adorava sua terra, fez questão de que os papéis registrassem que ele era amapaense legítimo.
Um detalhe do Pará, porém, nunca saiu de sua vida: o Remo, clube de futebol de Belém pelo qual era doente. Tinha relógio, caneca e medalha do time. Os jogos ele acompanhava pelo radinho e quando a equipe ia até Macapá, ele visitava os atletas.
No Amapá, Araguarino foi delegado, chefe de gabinete da Secretaria da Justiça e Segurança Pública e substituiu o secretário algumas vezes.
Também mexeu com política: ajudou a fundar o PTB em Macapá e foi dono do jornal "Folha do Povo", empastelado durante a ditadura. Em 1964, ano do golpe, foi preso, mas solto logo depois.
Criou uma loja maçônica e era membro da Associação Amapaense de Escritores.
Gostava de escrever, colaborou com jornais e, para cada um dos filhos, fez um diário, que eles ainda guardam.
No domingo, Araguarino morreu aos 90 anos, de problemas pulmonares, no Amapá. Deixa viúva, três filhos, dez netos e seis bisnetos. Sobre seu caixão, a família pôs a bandeira do Remo.
disponível em http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/867723-jose-montalverne-1920-2011---amapaense-fanatico-pelo-remo.shtml
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