Estudei com você no Colégio Barão do Rio Branco. Naquele tempo, ainda moleque, você já exercitava suas habilidades para as artes criando desenhos, histórias em quadrinhos que traziam alguma espécie de humor para fazer os colegas rirem. Numa ocasião você montou uma seqüência desses desenhos onde aparecia o meu pai, José Varela Dias, que era motorista da ambulância do pronto-socorro do Hospital Geral de Macapá. A ambulância atropelava uma galinha e no quadrinho seguinte só aparecia a mão do paciente que estava sendo socorrido surrupiando a galinha num movimento ágil para dentro da cabine numa alusão criativa ao velho bordão de “se o doente quer canja, canja pro doente.” Mesmo que seja de uma galinha atropelada pela ambulância. Demos muita risada desse desenho, nós e toda a molecada de nossa velha turma no Barão.
Uma molecada irreverente que juntava algumas sílabas do seu nome completo – Fernando Pimentel Canto e o chamava de FERPICA só para escandalizar nossa severa professora.
Seguramente deve fazer uns 35 anos que a gente não se encontra. Da última vez que nos vimos de relance, você estava super-feliz, todo hippie, com uma mochila nas costas, acabado de desembarcar de um ônibus no terminal rodoviário de Belém, cansado, empoeirado, mas gritando feliz para mim: “ganhei um concurso de música popular em Belo Horizonte!” – você se lembra desse prêmio? Eram meados dos anos 70, eu trabalhava como Técnico em Contabilidade na extinta Telepará, onde passei 9 anos, depois fui ser auditor no Banco Central do Brasil, e vivo há onze anos em São Paulo, sendo que pretendo me aposentar no final de 2011.
Hoje eu estava procurando dados sobre a fundação da cidade de Macapá e, levado pelo Google, acabei entrando no seu Blog. Fiquei muito feliz com tudo o que encontrei lá e com a resultado de sua dedicação em divulgar e preservar a cultura amapaense, seja ela de que natureza for. Aquela foto dos Mocambos em que você aparece quase moleque, junto com o Aldomário, que foi colega da minha Irmã Áurea Lúcia, no Colégio Amapaense e depois ficou famoso porque passou num concurso do Banco do Brasil, num dos primeiros lugares, sendo que fez a prova depois de uma noite de farra, me fez viajar no tempo e dar muita risada.
Infelizmente já não tenho mais próximo de mim, meu tio Osmar Nery Marinho, que foi fotógrafo, mas começou a vida naquela remota Macapá da década de 40, como músico, recrutado em Chaves, no Arquipélago do Marajó, pelo saudoso mestre Oscar, o que ensejou que meu tio levasse de Chaves para Macapá toda a família Nery Marinho, inclusive seu irmão, o poeta, escritor e redator Arthur Nery Marinho, a professora Aspásia Stela Marinho Alves e a minha mãe Áurea Marinho Dias, que, como árvores frondosas espalharam os que fazem a nossa descendência por toda Macapá.
Tio Osmar morreu há alguns anos e o tio Arthur o seguiu um pouco tempo depois. E assim acabei perdendo dois arquivos preciosos da história da saga dessa família. Mas, hoje, ao te reencontrar e perceber esse verdadeiro trabalho de resgate da história dos que fizeram a cidade de Macapá em seu Blog reacendi a esperança de recuperá-la. Depois que eu me aposentar certamente vou te procurar para a gente tentar fazer esse trabalho junto.
Grande abraço.
Imensa alegria em reencontrar um companheiro velho de guerra.
Waldemar Marinho
Amapaense, 56 anos, Auditor do Banco Central do Brasil, na praça de São Paulo.
p.s. – na foto ilustrativa deste email, feita no começo de janeiro de 2011, estou na Varanda do Bar Astor, boteco paulistano inaugurado há pouco tempo em Ipanema, Rio de Janeiro. Influenciado pelo meu guru Vinícius de Moraes, diria que sou dublê de poeta, boêmio e diplomata, daí a caneta na mão. Mas não tive a sua ousadia vitoriosa para as letras e ainda não publiquei nenhum livro. Até a vista, companheiro!!!
Que bom esse santo google que ajuda reencontros de verdadeiros cabras como Waldemar e Ferpica. Ótima reaproximação de amigos, meu abraço aos dois.
ResponderExcluirwww.saitica.blogspot.com
E Viva essa maravilha que é a internet.
ResponderExcluirPaidégua!
ResponderExcluirPaidégua!
ResponderExcluirPaidégua!
ResponderExcluirGrande Waldemar Marinho!!! Continuamos aqui em Macapá. Saudades de quando vc era Diretor de Operações do Banap e eu um simples Contador. Como estão meus compadres Zé e D. Áurea? Espero que ao se aposentar vc retorne à terrinha. Um grande abraço.
ResponderExcluirRaimundo Alberto Barata