domingo, 27 de junho de 2010

PARA QUE SERVE UMA RÁDIO UNIVERSITÁRIA

Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo, 27/06/10

placa_inauguração Talvez não fosse bem esse o termo para o título do presente artigo. Melhor seria “para quem serve uma rádio universitária”.

A ideia é esclarecer pessoas que vêem na futura emissora da UNIFAP um instrumento para a divulgação de suas ideologias políticas e/ou religiosas e que fingem não acreditar que a Universidade Brasileira é laica, assim como é o Estado, bem descrito em artigo Constitucional. Por outro lado, também existem artistas que a têm como veículo de suas criações musicais, e que acham que uma rádio universitária só deve tocar músicas produzidas no Amapá ou por amapaenses, mostrando um nativismo exacerbado, para não dizer xenofobia. Não compreendem que o termo universidade é o mesmo que totalidade; que vem de Universo, portanto amplo e irrestrito, qualidade de universal.

Um dos objetivos das rádios universitárias públicas é ser laboratório para complementar a formação dos estudantes de comunicação e de cursos afins.

As rádios universitárias federais são determinadas a permitir e a garantir o debate de idéias heterogêneas dos mais diferentes segmentos sociais, num processo dialético e irrestrito, aquele que prima pelo conhecimento e pelas verdades dos paradigmas científicos ou de sistemas filosóficos vigentes, e sempre em choque, em evolução.

O sistema de radiodifusão brasileira categoriza as rádios universitárias, quer sejam públicas ou privadas, como educativas, porque as universidades têm competência para serviço de radiodifusão, embora a legislação não determine que papel as emissoras devam cumprir em relação as suas programações. Por isso os especialistas dizem que cada uma faz a formatação de sua programação que entende ser a melhor.

A Rádio Universitária da UNIFAP tem como consignatária a Empresa Brasileira de Comunicação S/A – EBC. Por ser pública, e ligada a uma IFES, não podemos reproduzir o que as rádios comerciais fazem, mas sim produzir novos conhecimentos e contribuir para a formação de novos profissionais de jornalismo e para que a Universidade e a sociedade sofram mudanças para melhor.

Entretanto, há experiências nacionais de que nenhuma rádio universitária se sustenta enquanto proposta teórica e educacional ou somente científica-erudita-cultural para transformar a realidade brasileira. Sua prática deverá ser conduzida para cumprir um importante papel na formação de alunos, na divulgação do conhecimento, na democratização da comunicação e da extensão universitária.

Por ser uma Rádio Universitária pública tem perspectivas laboratoriais e públicas. Por ser pública enseja que seu público são “Todos”, aqueles que estão ligados a condição da cidadania, com sua igualdade de direitos e deveres.

Daí, então, a pluralidade de sua programação e a diversidade cultural com que ela deve chegar aos diferentes públicos.

Como realidade, a Rádio Universitária da UNIFAP é um marco na comunicação do Estado porque chega antes do curso de Comunicação da instituição e por pretender, após sua liberação total pelos órgãos competentes de telecomunicações, pensar em públicos diferentes, com a nobre missão de informar, educar, entreter e estar a serviço do interesse público. Pensar, divulgar e enriquecer com isso a cultura regional e as coisas por nós produzidas, no Amapá, na Amazônia e no Brasil.

Não é meta, ainda, cobrir todo o território amapaense, até porque as rádios universitárias têm média potência, mas no futuro queremos atingir variados públicos, pois uma rádio universitária deve ser uma ferramenta contra o monopólio da informação e a serviço da sociedade.

Estamos em processo de instalação e por isso teremos um Regimento e um Conselho de Administração que regulamentarão a sua programação, pois uma Rádio Universitária que tem função social não pode ser direcionada para grupos privilegiados de ouvintes ou clubes, mas essencialmente para a sociedade, para Todos (Para melhor compreensão indico o texto de Sandra de Deus “Rádios Universitárias Públicas: compromisso com a sociedade e com a informação”. Rev. Em Questão, vol. 9, Porto Alegre, 2003).

2 comentários:

  1. Muito esclarecedor, sobretudo o "recado" deixado no segundo parárafo.

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  2. Excelente artigo Fernando. Partilho da idéia também como você, de que a Rádio Universitária por ser Universitária deve atender seus propósitos, que é tão somente o de abrir espaços para todos as vertentes musicais que formam a sociedade, independente de suas origens. Assim também, como não somente abrir, mas garantir espaço para discussão de todos os problemas que envolvem a sociedade. Diferentemente da grande maioria das emissoras espalhadas pelo Brasil que a história tem nos mostrado a serviço de quem estão.
    Quanto aos comentários maldosos, que surgem nas mesas de bar, não liguem não.
    A Rádio Universitária assim como outras criações, acabam virando cobiça daqueles que não estavam lá para fazer, mas depois de feita, querem se intitular "DONOS". Coisita de "gente pequena".
    Dou um conselho para os críticos de plantão:
    Por quê criticar só a rádio universitária?
    Têm emissora de rádio por aí, que mesmo sem vermos a imagem do apresentador do programa x, sabemos que o cara está "tão mamado" que mal consegue falar. E ainda se dá ao luxo de entrevistar artas artoridades", que não o dizem não, por quê sabemos que o JABÁ CORRE FROXO.
    Penso que esses críticos deveriam se incomodar com essas coisas, e outras mais e não com a rádio universitária, que na sua curta existência, só tem contribuído com o verdadeiro jornalismo do Amapá.

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