segunda-feira, 7 de junho de 2010

ESPERTINHOS DAS TECLAS

Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo 06/07/2010
DSC_0329 O Ministério da Educação disponibilizou no portal Domínio Público (www.dominiopublico.gov.br) mais de dez mil arquivos de obras literárias, músicas e reproduções de fotografias. São obras pertencentes a autores que morreram há mais de 70 anos ou que autorizaram o acesso gratuito a seus trabalhos. Os títulos mais procurados são A Divina Comédia, de Dante Alighieri, que já foi baixado por mais de sete mil pessoas e em segundo lugar a Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, nas versões em inglês e espanhol.
Com isso somam-se milhões de outras obras de todas as áreas do conhecimento que chegam aos olhos dos que querem aprender mais e também daqueles que se valem da internet para copiar ou plagiar trabalhos acadêmicos.
Os avanços da informática são uma realidade concreta: todos os dias surgem novidades. Há programas para baixar músicas, conexões de banda larga e páginas eletrônicas dos grandes jornais que circulam no país. São muitos os recursos que facilitam a vida dos usuários, e basta a clicar poucas vezes para ter na tela do computador os sites de busca como o Google e acervos completos de bibliotecas virtuais de muitos países. É a nova descoberta do mapa da mina dos estudantes para gastar menos tempo com as pesquisas para seus trabalhos. Todo o material que eles precisam para realizar suas tarefas agora está disponível online. Antes, e há aproximadamente 20 anos, era preciso fazer malabarismos para conseguirem: consultas em livros, jornais e revistas quando nem sempre as bibliotecas emprestavam as obras necessárias aos trabalhos; anotar tudo, ou se possível xerocar as informações. Depois de organizado era preciso datilografar o trabalho e entregá-lo limpo e seco ao professor.
Isso, felizmente não mais se vê, apesar de ainda haver um número expressivo de furtos e mutilações de livros nas bibliotecas das academias, que agora também se modernizam e tendem a colocar chips nos objetos do acervo. No rol das inovações elas também oferecem aos usuários a rede mundial de computadores diuturnamente, para consultas.
Mas o que se percebe é um olhar malogrado no rosto dos professores. Um olhar baldado diante da sua obrigação de ensinar, orientar e passar trabalhos para avaliar o desenvolvimento intelectual dos seus alunos. Um deles me disse que alguns estudantes, na ânsia e na pressa de aprontar seus trabalhos desvirtuam o uso das teclas Ctrl C + Ctrl V para “apropriar-se de trabalhos alheios e apresentá-los como seus. Isso é frustrante para um professor. Eles não fazem mais esforços e acham que podem enganar todo mundo”.
Realmente, os espertinhos das teclas pensam que os professores não acessam a internet. Certa vez, credenciado para ser professor orientador de um TCC, percebi claramente a mudança de estilo e de qualidade no texto que se seguia, mandei refazer tudo e exigi que se desse o devido crédito à referência. Mas alguns professores vão mais longe. Ao perceberem certas contradições e parágrafos não reformulados pela pressa da entrega, e pelo conhecimento que têm dos seus alunos, dão logo uma nota zero e uma senhora lição por terem utilizados os sites (e o trabalho intelectual de alguém) de forma desonesta.
Há quem aprenda com essas lições e nunca mais tente fazer as colagens tão fáceis pelo clicar dessas famosas teclas. Mas certamente haverá aquelas pessoas nem nenhuma noção de ética, que tentam enganar os professores no dia-a-dia acadêmico e nem se tocam que futuramente, nos seus empregos, continuarão a fazer a mesma coisa, se apropriando da produção alheia, até serem descobertos e ridicularizados por gestos que marcarão para sempre sua vida como “profissionais”.
Foto: Erich Macias

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por emitir sua opinião.