A festa religiosa tem seus momentos profanos, com danças, derrubada de mastro e Marabaixo
A mais antiga manifestação cultural da Amazônia, o Sairé, que acontece há mais de 300 anos, começou nesta quinta-feira (15), na vila de Alter-do-Chão, no município de Santarém, oeste do Pará. A festa une religião e cultura e expressões como rituais beatos, danças, músicas, culinária e teatro. O evento intriga, emociona e encanta turistas de diversas partes do mundo.
O Sairé acontece durante cinco dias. A programação de abertura começa às 8 horas, seguida de um café da manhã comunitário e show musical. No início da noite, é feita uma procissão pela praça de Alter-do-Chão com o símbolo do Sairé, levado por uma mulher chamada de saiapora até a “barraca do Sairé”, onde acontecem as ladainhas religiosas. Seguindo esse ritual, acontecem apresentações de danças folclóricas, shows musicais e degustação da culinária local.
Uma novidade no Sairé deste ano é o show Terruá Pará, promovido pelo governo do Estado, que aconteceu dia 15, no Sairódromo, a partir das 22 horas, reunindo 45 artistas paraenses de várias vertentes musicais, com entrada franca. Um dos destaques foi o violonista santareno Sebastião Tapajós. Outras atrações foram Gaby Amarantos, Edilson Moreno, Charme do Choro e Dona Onete, dentre outros.
Origem - O historiador Hélcio Amaral explica que a festa do Sairé surgiu da tentativa dos jesuítas de catequizar os indígenas, quando padres jesuítas prosseguiam com a missão evangelizadora pela bacia do rio Amazonas. “Os catequizadores tentaram fazer de uma forma ‘material’ com que os índios entendessem sobre a santíssima trindade”, explica.
Daí vem a explicação para o símbolo do Sairé, que é constituído por um semicírculo e confeccionado com cipó torcido, algodão, flores e fitas coloridas. Uma cruz no topo do semicírculo e outras três cruzes ao centro completam o emblema, representando Deus no topo e o mistério da Santíssima Trindade. A essa manifestação, os índios acrescentaram uma programação festiva, com músicas, danças e gastronomia.
Com o passar dos anos, os moradores da vila, descendentes dos índios Borari, acrescentaram aos festejos outras manifestações, como as danças do curimbó, puxirum, lundu, camelu, desfeiteira, valsa da ponta do lenço, marambiré, quadrilha, cruzador tupi, macucauá, cecuiara, entre outros. “É a parte da festa do Sairé que as pessoas costumam caracterizar como profana”, diz Hélcio.
Disputa - Uma dessas atrações agregadas e ponto alto da festividade é a disputa dos botos Tucuxi e Cor-de-Rosa, um espetáculo no qual duas associações da comunidade apresentam a lenda do homem boto, um jovem e belo rapaz de vestes brancas e chapéu na cabeça, que seduz a mais bela cabloca ou cunhâ – como são chamadas as moças da região. Todos os anos as associações escolhem uma temática para nortear a trama, que acontece no Sairódromo.
“Para deixar o Sairé ainda mais bonito para os turistas que chegam para a festa, fazemos a disputa das apresentações entre os botos Tucuxi e Cor-de-Rosa, mas a disputa se resume ao dia do espetáculo. Durante todo o ano, trabalhamos juntos para as apresentações e dos demais momentos da festa”, explica o presidente do Centro Comunitário da Vila, Mauro Vasconcelos, que coordena as últimas ações para o início da festa.
No último dia, uma segunda-feira, acontecem a “varrição da festa”, a derrubada dos mastros, o marabaixo, a quebra-macaxeira e um grande almoço de confraternização chamado de “cecuiara”. O encerramento da programação é à noite, com a festa dos barraqueiros. O Sairé já aconteceu em várias datas, mas atualmente é sempre na primeira quita-feira após o dia 7 de setembro, período em que as chuvas da região são reduzidas e formam- se as praias, outra atração turística da cidade. (Manuela Viana – Secom. Fonte: Agência Pará/ Site chupaoosso.com.br) )
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