Este ano, em agosto, o velho Raul Seixas fez vinte anos de morto, após uma parada cardíaca causada por uma pancreatite aguda. Mas até hoje está sendo reverenciado pelos seus fãs em todo o Brasil.
Na época do festival, Enzo Rúbio, poeta amapaense de origem italiana que anda meio afastado do meio artístico, e vive como agricultor na localidade de Coração, assim comentou a música em um panfleto.
"Assim como Raul, antes de ser somente uma justa homenagem a Raul Seixas, retrata a situação da personagem que quer ir embora para conectar-se com os seres do infinito, após o cumprimento de sua missão no planeta terra. É um rock-balada-pop envolvente, lavrado com linguagem diferenciada e atual, original na temática que, mesmo simples, carrega elementos modernos de pura manifestação crítica (político-econômica) sobre a realidade".
"Fabricado na ante-sala do 3º milênio, é música-mística-epifânica que faz interface com os ícones sobreviventes da civilização ocidental. É como Raul porque traz códigos digitais e se confunde no espaço-tempo das mentes. É poesia imagética e sonora, leitura ambígua do mundo em transformação".
No dia da final do festival estávamos sentados esperando o resultado na frente do teatro quando falei ao meu parceiro que Raul ao contrário era Luar e Assim era Missa. Ele olhou a lua que acabara de surgir, parida do rio Amazonas, e me disse: - Nossa música é de uma "Missa ao Luar", Acho que ganhamos. Em seguida deu aquela sua risada característica.
Eis a letra da canção:
Letra de Fernando Canto
Música de Osmar Jr
Alô parentes, ancestrais astrais
Além do céu dos aviões azuis
Desatem suas redes amarradas nas estrelas
E liguem, por favor, a nave mãe
Ancorada no invisível
- Quem pede é o capataz das nebulosas perdidas
Quero pôr o dedo nos anéis de gelo
Quero penetrar os buracos negros
E ter um infopapo com uns ETs legais
E cantar apaixonado as paixões universais
- Assim como qualquer viajante com saudade
Eu sou como Raul
E banhem-me de luz e venham me buscar
Pois eu não sou daqui, eu sou de lá... (bis)
Eu já cumpri com a minha parte
Influenciando as civilizações
Até causei as guerras das religiões
Enquanto no deserto um óleo negro
Em gás, em grana, em sangue se tornou
- Minhas sandálias gastas carregaram o pó da terra
Eu rebentei o mundo louco
Fornecendo aos poucos minhas invenções
Deixei pelas montanhas palavras em vão
De tanto apregoar aos sete ventos
O livro que vocês, parentes, me deixaram
- Na hora angustiante dos trovões
Eu sou como Raul
E banhem-me de luz e venham me buscar
Pois eu não sou daqui, eu sou de lá... (bis)
Eu quero ser feliz, eu quero ir daqui
E nunca mais voltar pra carregar a cruz
ASSIM COMO RAUL FOI A GRANDE CAMPEÃ DO 4º FESTIVAL AMAPAENSE DA CANÇÃO
A música, que é uma homenagem a Raul Seixas,
retrata o desejo de sair do planeta de um personagem
Osmar Júnior deu um show de interpretação e, junto com Fernando Canto, ficou com o primeiro lugar do 4º Femac
por ELIANE CANTUÁRIA
Com letra de Fernando Canto e música de Osmar Júnior, Assim como Raul retrata o desejo de ir embora de um personagem, após o cumprimento de sua missão no planeta Terra. Segundo Enzo Rúbio, a grande vencedora do 4º Festival Amapaense da Canção (Femac) é um rock-balada envolvente e de linguagem diferenciada, sem deixar de ser atual, já que trata elementos modernos como a informática de uma maneira simples e peculiar.
Ao todo, os autores de Assim como Raul levaram R$ 7.800, pois a música ganhou, além dos R$ 5 mil do primeiro lugar, os prêmios de melhor intérprete (Osmar Júnior), melhor arranjo (Osmar Júnior), melhor letra (Fernando Canto) e canção mais popular.
Foram três dias de muita agitação e participação do público, que movimentou não só a classe artística do Amapá mas a população que foi ao Teatro das Bacabeiras conhecer e comprovar o alto nível dos intérpretes e compositores do Estado. Assim, o 4º Femac conseguiu reunir, nas partes interna e externa do Teatro, pelo menos três mil pessoas em cada dia de apresentação. Do lado de fora uma estrutura com barracas, bares, mesas, cadeiras e telões foi montada para facilitar o acompanhamento das torcidas.
Mesmo com todos os esforços da equipe da Fundação de Cultura do Amapá em fazer deste o melhor festival, algumas reclamações do público devem ser levadas em consideração, como o atraso da programação, a falta de consulta da platéia para a seleção da música mais popular e a participação de artistas já conhecidos. "O festival é para descobrir novos talentos e não referendar aqueles que Macapá já tem e conhece", afirmou Alexsara Maciel, professora universitária.
Como acontece em vários festivais, nem sempre as músicas escolhidas pelos jurados correspondem às selecionadas pelo público, que entre palmas e vaias ouviu a divulgação das vencedoras pelos radialistas Humberto Moreira e Lígia Mônica, ambos da Rádio Difusora de Macapá.
As vencedoras
Em primeiríssimo lugar, com 78 pontos Assim como Raul, de Fernando Canto e Osmar Júnior, com interpretação e arranjo de Osmar Júnior; em segundo, com 75,5 pontos, Outro Trovador, de Floriano, com interpretação de Elaine Araújo e arranjo musical de Floriano; em terceiro, com 73 pontos, Um Beijo, de Ademir Pedrosa e Cleverson Baía, com interpretação e arranjo de Cleverson Baía; e, finalmente, em quarto lugar, com 72,5 pontos, Último Enredo, de Aroldo Pedrosa e Joel Elias, interpretada por Olivar Barreto e com arranjo de Edílson e Nelson Dutra.
Os jurados
O corpo de jurados da finalíssima do 4º Femac foi formado por: Mário Araújo (médico, violonista e guitarrista) e Fernando Chaves (músico, cantor, compositor e produtor musical) para o quesito música; Manoel Souza (professor de Teoria Literária e pró-reitor de Ensino da Unifap) e Elíude Viana (licenciada em Letras, escritora e poeta) para o quesito letra; José Olímpio Spíndola (licenciado em História, saxofonista com experiência na área musical) e Edison de Oliveira
(músico, saxofonista, clarinetista) para arranjo; Décio Rufino (juiz de Direito e cantor) e Lula Jerônimo (músico profissional, cantor e compositor) para interpretação.
Na presidência do júri a professora Ângela Nunes, licenciada em Letras e pós-graduada em Metodologiado Ensino Superior.
Som de primeira, acústica indiscutível, banda-base afinada e iluminação impecável. Desta forma os artistas avaliaram a estrutura física do 4º Femac, que aconteceu no período de 28 a 30 de dezembro passado.
*Publicado no site do jornal "Folha do Amapá"
IV FESTIVAL DA CANÇÃO AMAPAENSE*
Por DOMICIANO GOMES
A organização, o sucesso de público e a participação de grandes talentos e revelações da música regional e brasileira marcaram o IV Festival Amapaense da Canção/FEMAC, realizado pelo Governo do Estado no período de 28 a 30 de dezembro. A 4º edição do evento foi realizada no Teatro das Bacabeiras, que acabou ficando pequeno para o público participante. Ainda assim ninguém ficou sem participar do festival. A organização do evento havia colocado dois telões na área externa do teatro que asseguram participação do público.
Os resultados de público e critica mostram que o evento vem crescendo significativamente em organização e participação. Além das canções que estavam concorrendo, o festival teve grandes atrações como Belchior, Senzalas, Selma Reis, Zé Geraldo, Grupo Pilão e Banda Negro de Nós.
Das canções inscritas, 24 foram selecionadas para as duas eliminatórias que ocorreram nos dias 28 e 29. De cada eliminatória ficaram classificadas seis para a grande final realizada dia 30 quando saiu a vencedora. O cantor e compositor amapaense Osmar Junior em parceria com o escritor Fernando Canto foram os grandes vencedores do festival que teve o seguinte resultado:
1º lugar: Assim como Raul
De: Fernando Canto/ Osmar Júnior
Intérprete: Osmar Júnior
2º Lugar: Outro Trovador
De: Floriano
Intérprete: Elaine Araújo
3º Lugar: Um Beijo
De: Ademir Pedrosa/Cleverson Bahia
Intérprete: Cleverson Bahia
4º Lugar: Último Enredo
De: Aroldo Pedrosa/Joel Elias
Intérprete: Olivar Barreto
*Publicado no site do Governo do Estado do Amapá
Lembro deste festival. Foi uma vitória arrasadora. Parabéns pela "Missa ao Luar" do ano da passagem do milênio (2000). Raul vive.
ResponderExcluirÉ a musica mais completa, bonita e maravilhosa já feita no PLANETA TERRA. É também a mais incompreendida. Mais isso se reverterá no esperado dia do eclipse. Essa musica é uma sequencia de S.O.S. do RAUL VARELLA SEIXAS
ResponderExcluirÉ a musica mais completa, bonita e maravilhosa já feita no PLANETA TERRA. É também a mais incompreendida. Mais isso se reverterá no esperado dia do eclipse. Essa musica é uma sequencia de S.O.S. do RAUL VARELLA SEIXAS
ResponderExcluirJá ouvi essa música Com o Osmar jr. Precisa ser divulgada pro rsesto do Brasil.
ResponderExcluirNobre Fernando:
ResponderExcluirAqui neste Coração, o poeta Enzo Rúbio vive feliz. Recluso em sua mais ampla liberdade. E feliz.
Não é um poeta de grandes cabides, como você e o Osmar Sênior, mas escreve o que ouve dos sabiás de todos o timbres que bebem água diretament do registro, e de um taciturno camaleão com pose de Playmobil do Palácio da Alvorada,contabilista das galinhas e pintinhos predaores de grilos e minhocas.
E a gravioleira não dá só iguanas e bentevis... de lá também despencam maracujás às dúzias.
E haja suco!