sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

MUNHOZ ABANDONOU O BACHARELADO (*)


Carlos Cordeiro Gomes (**)

O professor Antônio Munhoz se destaca no meio da plebe urbana pelas suas andanças pelo mundo.
Nessas visitas tem armazenado um conhecimento digno de uma enciclopédia ambulante
Possui um conhecimento “de visu” de tudo que possa representar um maior aprendizado de História Universal.
Não sei por onde ele ainda não andou!
Foi um frequentador assíduo de Museus e Bibliotecas espalhados pelo mundo.
Fala com propriedade dos costumes de povos que vivem além-mar e até mesmo de regiões que somente a sua curiosidade de historiador poderia justificar.
No Oriente Médio, defrontou com populações que o fanatismo religioso está acima do bom senso e compreensão humanos.
Conheci Antônio Munhoz como delegado de polícia e na própria policia.
Como boêmio não poderia ser em outro local.
Mas, como delegado de polícia, não titubeou quando lhe foi dado o direito de escolher e mesmo com prejuízo dos seus vencimentos, optou pelo Magistério.
Nunca mais olhou para o seu Diploma de Bacharel, que conseguiu em estudos de Direitos para atender ao desejo dos seus pais.
Este certificado serve hoje às traças!
Revogando o bacharelado, passou a dar aulas no Colégio Amapaense, como professor nas disciplinas de História, Português e Literatura.
E dando aulas, fazendo o que sempre desejou na vida, envelheceu.
Os seus cabelos brancos, que para alguns representam respingos de serenata, para o professor Munhoz são as marcas de uma lida dedicada ao ensino de gerações de amapaenses.
Participou fora das salas de aula, de todos os eventos de reivindicações estudantis.
Na rádio Difusora de Macapá fazia um programa de músicas eruditas e no Jornal do Amapá mantinha uma coluna social, rica em conhecimentos gerais sobre o Amapá, o Brasil e o mundo.
As suas viagens de férias eram mais para se certificar dos monumentos históricos que embalaram os seus sonhos infantis e, mais tarde, a sua juventude.
Entre esses sonhos estavam as Pirâmides do Egito; países do Velho Mundo com visitas às igrejas e museus; Israel, especialmente Jerusalém.
As suas excursões não são dispendiosas, como as pessoas poderiam pensar.
Antes de chegar numa cidade já conta com todas as informações.
Aí incluindo custo da estadia de cada local que pretende visitar.
Foi assim, renunciando bens materiais que lhe poderiam proporcionar um maior conforto em sua vida cotidiana, que o professor Antônio Munhoz conseguiu conhecer o mundo.
E, se alguém perguntar se Munhoz é feliz, garanto que sim, porque mais vale um gosto do que quatro vinténs.
(*) Publicado no Diário do Amapá em 06 de fevereiro de 1997
(**) Jornalista e escritor

Um comentário:

  1. Apesar da distância guardo boas lembranças do meu amigo Munhoz. Que tantos como você continuem a escrever artigos maravilhos sobre nosso amigo. Ele me reconhecera?
    Um abrço saudoso Munhoz
    Ilka

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