sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

CARTAS DO PROFESSOR ANTONIO MUNHOZ LOPES 2


Foto:Tito Dominguez Nunez

Macapá, 02 de dezembro de 2011
Sônia, prezada Amiga:
Parece incrível, somente ontem na Confraria Tucuju, tomei conhecimento da homenagem que me fizeste no dia 10 de fevereiro deste ano, quando completei 79 anos.
Gostei do que disseste a meu respeito, num texto evocativo, recordando meus 20 anos ininterruptos no Colégio Amapaense, onde também fui diretor (segue a portaria de 17 de abril de 1961, assinada pelo governador José Francisco de Moura Cavalcanti).


Quando te referes a meus “passos curtos e apressados”, lembrei de um aluno que, certa vez, me perguntou se eu andava apressado, correndo da vida. E respondi que, ao contrário, corria para não perder um minuto sequer do espetáculo da vida. E a minha filosofia de vida continua a mesma: viver a vida até a última gota, valorizando todos os minutos da existência.


Enfim, continuo amando a vida. Além do texto limpo, Sônia, gostei imensamente do mosaico com as 26 fotos, mostrando o Munhoz de sempre, com algumas modificações, que o tempo, implacável, não perdoa. E com a descoberta da tua bela homenagem, chegou ontem mesmo de Valparaíso de Goiás uma carta onde a missivista diz: “Fiquei impressionada como os amigos e ex-alunos. São carinhosos e gratos pelo professor Munhoz”.
Se os amigos sempre tiveram papel importante na minha vida, hoje meus maiores amigos são quase todos ex-alunos. E, como lembrança, uma foto que mostro pela primeira vez: eu com cinco anos em Belém do Pará, no dia 10 de fevereiro de 1937. Exatamente no dia do meu aniversário. Será que eu mudei muito? Vai com esta um artigo do Cordeiro Gomes, onde ele diz: “Os seus cabelos brancos, que para alguns representam respingos de serenata, para o professor Munhoz são as marcas de um lida dedicada ao ensino de gerações de amapaenses”.
E a respeito de minhas viagens, afirma: “Quase todos os anos, o professor Munhoz cai no mundo”. Uma falha é quando afirma: “Foi um frequentador assíduo de museus e bibliotecas espalhados pelo mundo”. Foi, não, pois contínuo descobrindo museus, como em julho deste ano. Em Madri, descobri um museu extraordinário: o Museu Cerrallo, magnífico palácio de dom Enrique de Aguilera y Gamboa, XVII Marquês de Cerrallo (1848-1922) em 28.000 peças incluindo pintura, escultura, numismática, relógios, desenhos, armaduras, etc. e em Cascais, Portugal, estive no novo Museu Paula Rego, admirando “O ORATÓRIO”, de grande força artística, onde os santos são substítuidos por crianças. Um novo Museu de Madri em um acervo extraordinário é o Thyssen – Bornemisza, que pertenceu ao barão suíço Hans Heirich com Thyssen – Bornemisza de Kaszon, dono da maior fortuna indivídual do seu país e uma das maiores da Europa. O que se vê hoje é o maior e mais completo acervo particular do mundo.
E quando Macapá terá um Museu de Belas-Artes? Tenho 52 anos de Amapá. Acho que vou morrer sem vê-lo. Outra foto que te mando: Eu, no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na manhã de 12 de setembro de 2010, em foto de Tito Dominguez Núñez. Obrigado por tudo.
Antônio Munhoz Lopes

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