domingo, 11 de abril de 2010

ADORADORES DO LIVRO IMPRESSO

Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo, 11 de abril de 2010

imagesCA2FJ3VZ Desde o surgimento dos computadores pessoais que ouço falar no fim do livro impresso. E já se vão anos.

Cientistas falam de um mundo novo, de substituição de tecnologias, e apontam como exemplo a revolução sem igual na história que foi a invenção do livro impresso, por Gutenberg, pois antes disso só haviam livros copiados, manuscritos que valiam fortunas. A revista Superinteressante do mês passado traz um artigo muito atual sobre o assunto, enfatizando esses aspectos inclusive com a informação de que a revolução citada acima já acabou há dez anos, “quando a internet começou a crescer para valer”, e que ela passaria uma borracha na história do papel impresso e começaria outra. Cita que “os 7 milhões de volumes que a Universidade de Cambridge mantém hoje nos 150 quilômetros de prateleiras de suas várias bibliotecas caberiam em quatro discos rígidos de 500 gigabytes. Só quatro. Sem falar que ninguém precisaria ir até Cambridge para ler os livros”.

Mas apesar disso tudo a internet não mudou muito a história dos livros. Permanece um mistério inexplicável. O livro não foi morto nem enterrado. A Super diz que o segundo negócio online que mais deu certo (depois do Google) é uma livraria, a Amazon. E informa também que o mercado de livros eletrônicos deslanchou nos E.U.A com vendas em torno de 350 milhões de dólares em 2009, sendo que em 2008 elas atingiram um patamar inferior a 150 milhões.

Concordo que ler um livro no computador é um negócio ruim, até mesmo insuportável, porque ler por horas numa tela é o mesmo que ficar olhando uma lâmpada acesa. Não há quem aguente. Porém já apareceu (há três anos) o primeiro livro realmente viável: o Kindle, da Amazon, que cabe 1.500 obras e só pesa 400 gramas. Tem tela monocromática e pequena. Ele não emite luz e a tela é feita de tinta, preta para as letras e branca para o fundo. No início deste ano apareceu o iPad, da Apple, que segundo a revista citada, “tudo o que o Kindle tem de péssimo este tem de ótimo: tela enorme, colorida, páginas que você vira com os dedos, sem botão como se estivesse com um livro normal, mas a tela é de LCD. Não dá para ler um romance inteiro nele”.

Agora dezenas de empresas estão trabalhando para unir o que os dois têm de melhor, até chegarem ao livro eletrônico perfeito. A Phillips, por exemplo desenvolve o protótipo Liquavista, com tela de tinta colorida e a Pixel Qi um com LCD sensível ao toque, mas que não emite luz, de acordo com a informação da Super.

gutenberg50 Mas enquanto o “livro perfeito” não vem vou fazendo como os adoradores de livros impressos o fazem sem pestanejar: curtir meu afeto por eles. Quantas pessoas, apaixonadas ou não, já não guardaram dentro deles flores, folhas, e até mechas de cabelos que lhes trazem boas lembranças, de amores e de desilusões? Folheá-los pode significar o encontro com algumas cédulas de real guardadas por acaso para uma ocasião e esquecida sem querer. Arrumá-los na estante é uma é um trabalho que nunca dá preguiça. Lê-los, sobretudo, é apreender e conhecer o legado da Humanidade. No livro eletrônico essas historinhas bobas de quem ama os livros não seriam possíveis.

Recentemente, ao receber meu livro “Adoradores do Sol” da editora que o confeccionou, confesso do prazer de senti-lo ao tocar sua capa e abrir suas páginas, de ver impresso um trabalho de anos, da satisfação de tê-lo nas mãos e de saber que iria compartilhar com meus queridos leitores as informações e opiniões que deixei escritas em um objeto vivo, que todos podem, como eu, acariciar e carregar nas mãos. Que venha o livro eletrônico. Tudo muda, mas o livro impresso ainda é o bicho.

10 comentários:

  1. Fernando, e que bicho cativante, domesticável e doce... Insubstituível!

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  2. Ainda disseram que o rádio ia acabar por causa da televisão; que o cinema "já era" por causa do DVD; que este está respirando com a ajuda de aparelhos. Bom, tudo muda, não é Luli? Mas o livro é o livro, vai pra todo lugar.

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  3. Pode crê Barba, concordo que o impresso não desaparecerá, seja livro ou jornal. Em 2008, fui á Manaus (AM) participar de um treinamento em webjornalismo na sede da Rede Amazônica (na época, eu trabalhava no Portal Amazônia). A diretora do Portal, que tinha participado de uma capacitação em São Paulo (SP), disse-nos que o jornal impresso desapareceria em poucos anos, que um cara “super inteligente” (que não lembro o nome) tinha palestrado sobre o tema na capital paulista e tals. Fui o único que descordou, até levei um ralho por isto. Jornais e livros impressos fazem parte de nossa cultura, quem costuma ler, gosta de tê-los em sua versão física.

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  4. Não existe tecnologia que substitua o cheiro inconfundível das páginas de um livro recém adquirido. É um ritual: pegar, passar as mãos na capa e na contra-capa, abrir e cheirar... hummm. Desta forma a gente se apropria: este livro é meu.

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  5. vc está + q certo...
    Livro são sempre livros!
    As folhas, as orelhas que neles se formam (coisa q computador nenhum pode ter), os ricos para grifa as parte q + lhe proporcionaram prazer e o contato... ai o contato, o contato com o livro é magico!
    Poder agarra-lo, poder segura-lo junto ao peito e lembrar da face q ele fez parte da sua vida.
    Os livros meu fieis amigos, companheiros e bons conselheiros..
    Só q ama as escritas sab o valor q um livro impresso tem!

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  6. Ludiane, obrigado pelas palavras. Acessei seu Diário. Muito legal. Continue escrevendo.Abs.

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  7. O Bira merece ser mais do que ser homenageado. Falta uma estátua para perenizar seus feitos que orgulham o nosso esporte. Esse poema é o mínimo que eu posso fazer. Quem sabe não sai um livro biográfico/ fotográfico... Uma reportagem sincera sobre sua vida no futebol, hem Elton? Valeu!

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  8. Muito obrigada por acessar meu Blog... + faltou vc postar um comentario do que achou?! rs... Sua opinião é muito importante pra mim! Seja ela critica ou elogio. ate+

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  9. A água barrenta do Rio Amazonas faz essa caneta escrever e brilhar como uma pedra preciosa,sem falar desse calor do sol e humano que reflete em todo o nosso Estado. abraço Calixto.

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