domingo, 28 de fevereiro de 2010

CONTRABANDO DAS ÁGUAS DO AMAZONAS

    Com tanta onda que se faz agora sobre os navios estrangeiros que supostamente entram no rio Amazonas para embarcar água, peço licença para mostrar abaixo uma música que fiz sobre o assunto em 2003, há sete anos, portanto.
  No texto poético tento dizer da angústia que quem vai arrebatado. Não é só a pequena fauna fluvial, minérios, microorganismos que vão. Somem, sobretudo, nossos seres míticos, nossas raízes mais puras. Então o encanto se quebra, fica apenas a saudade trocada por presentes, que quem recebe cala a boca e acena com a mão do adeus para sempre.
   Infelizmente a denúncia não pôde chegar a tempo porque a música ainda não foi gravada.

ROUBO DAS ÁGUAS

Letra e música de Fernando Canto

O que vem lá, hem?
O que vem lá, hem?
Sob as colinas
Que dormem em silêncio
Nasce a cobiça dos homens desertos
Nas águas que jorram
Do fundo da fonte
E o aceno da mão deixa ir (bis)

O que vem lá, hem?
O que vai lá, hem?
São almas que partem
Tragadas da terra
Por seres armados
De sede e de ranço
São almas sofridas
Embarcadas à força
Que o aceno da mão deixa ir (bis)

O que vem lá, hem?
O que vai lá, hem?
O que vai lá, o que vai lá?

Mata, mata minha sede
Que vontade de cantar
O anel que tu me deste
Está na mão para acenar
O que vem lá, hem?
O que vem lá?

Foto: Sonia Canto

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