Com tanta onda que se faz agora sobre os navios estrangeiros que supostamente entram no rio Amazonas para embarcar água, peço licença para mostrar abaixo uma música que fiz sobre o assunto em 2003, há sete anos, portanto.
No texto poético tento dizer da angústia que quem vai arrebatado. Não é só a pequena fauna fluvial, minérios, microorganismos que vão. Somem, sobretudo, nossos seres míticos, nossas raízes mais puras. Então o encanto se quebra, fica apenas a saudade trocada por presentes, que quem recebe cala a boca e acena com a mão do adeus para sempre.
Infelizmente a denúncia não pôde chegar a tempo porque a música ainda não foi gravada.
ROUBO DAS ÁGUAS
Letra e música de Fernando Canto
O que vem lá, hem?
O que vem lá, hem?
Sob as colinas
Que dormem em silêncio
Nasce a cobiça dos homens desertos
Nas águas que jorram
Do fundo da fonte
E o aceno da mão deixa ir (bis)
O que vem lá, hem?
O que vai lá, hem?
São almas que partem
Tragadas da terra
Por seres armados
De sede e de ranço
São almas sofridas
Embarcadas à força
Que o aceno da mão deixa ir (bis)
O que vem lá, hem?
O que vai lá, hem?
O que vai lá, o que vai lá?
Mata, mata minha sede
Que vontade de cantar
O anel que tu me deste
Está na mão para acenar
O que vem lá, hem?
O que vem lá?
Foto: Sonia Canto
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