domingo, 6 de dezembro de 2009

ARQUIVO JANARY INDISPONÍVEL PARA USO PÚBLICO

Publicado no jornal “A Gazeta”, de domingo, 06/12/2009 

museu2O arquiteto Elizeu Corrêa, mestrando em Políticas Públicas pela EAP, encaminhou-me uma carta denunciando a inacessibilidade ao acervo Janary Nunes que está guardado a sete chaves no Museu Joaquim Caetano da Silva.

A gravidade do fato está na velha prática do uso pessoal e intransferível desse material que alguns pesquisadores usam por deterem certo poder administrativo. Ao terem em mãos textos e/ou fontes inéditas guardam e escondem esse material como se fossem seus, quando não se apropriam dele. Omitem as informações que os novos investigadores históricos necessitam para realizar seus trabalhos e com isso prejudicam a ciência e a pesquisa, pois quem quiser vai ter que se deslocar para outros estados atrás das fontes que precisam.

museu1Sêneca já dizia que “o maior ladrão do tesouro é o seu guardião”. Elizeu que o diga. Após passar por situações de desrespeito à Lei e de relatar suas constatações ao secretário estadual de Cultura, ainda não conseguiu acessar o arquivo nos documentos que precisa. Sua carta, além de outras coisas, diz o seguinte: “Em julho de 2003, a extinta FUNDECAP, recebeu proposta de venda de um acervo histórico contendo informações preciosas, raras e adormecidas num quarto da residência de Janarizinho (um dos filhos do governador) a respeito do período do Território do Amapá na administração de Janary Nunes. Contém esse acervo: relatórios de Governo, fotografias de atividades administrativas do governador e familiares, livros da biblioteca particular de Janary, documentos administrativos, móveis de gabinete e objetos de uso pessoal. Diante do acervo raro e importante para o Amapá, o governador Waldez Góes determina montagem e comissão para conhecer, avaliar e providenciar aquisição do mesmo para integrar arquivo público e museal do Amapá. Aí começa uma via crucis desse acervo. Primeiramente ele será armazenado na sala de imagem e som do teatro das Bacabeiras, acondicionado em caixas de papelão, sem o mínimo de critério adotado para tal material e indisponível para pesquisa. Dali seguirá para a Biblioteca Pública Elcy Lacerda, sob os cuidados da equipe de bibliotecárias, para proceder a catalogação e estudar destino deste pedaço da história do Amapá. Ficará hospedado em uma sala reservada pela direção com este objetivo e ainda indisponível para pesquisa. Neste órgão, através de um projeto elaborado pela equipe técnica do setor de biblioteconomia, será captada verba através de um programa da Petrobrás para digitalização do acervo. Parecia que seria dado destino ao material, pois este recurso poderia proporcionar disponibilização para os pesquisadores. Ledo engano. Neste momento o acervo Janary Nunes encontra-se digitalizado, organizado por dentro de um sistema de informática, pronto para ser utilizado para pesquisa. Porém, a direção do Museu Joaquim Caetano da Silva, último destino do acervo, recusa-se a disponibilizá-lo para os pesquisadores. Tal material, inclusive outros acervos de interesse da pesquisa e do setor acadêmico, também não estão disponíveis, porque a direção alega e sustenta que o próprio museu, ou seus servidores, teriam prioridade de pesquisa para assim garantir a característica do ineditismo da pesquisa e de exposições internas”.

“Penso e acredito que tal administrador não conhece a legislação do setor, para não pensar coisa, pois o Estatuto dos Museus (Lei nº 11.904) preconiza como princípios fundamentais dos museus o cumprimento de suas funções sociais e a universalidade de acesso, bem como coloca a necessidade da comunicação a respeito de seus acervos como forma de garantir acesso ao público. No seu artigo 42 coloca: os museus facilitarão o cesso à imagem e à reprodução de seus bens culturais e documentos conforme os procedimentos estabelecidos na legislação vigente”.

“Assim sendo, esta farta documentação, sob a tutela de um administrador insensível e vaidoso, que não compreende a necessidade social das histórias a serem contadas, não cumprem sua função, pois desta maneira o acervo Janary Nunes e outros sob sua tutela (periódicos, livros e imagens raras, planos urbanos, etc.) não servem para nada, não atendem a função social do museu e principalmente não deixa aquilo que necessita ser revelado prevalecer – a verdade”. (Elizeu Corrêa dos Santos – arquiteto e urbanista).

Fotos: Fernando Canto.

3 comentários:

  1. Muitas saudades de tia Savina.

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  2. Nossa!!! Esta é uma denuncia séria.

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  3. Lamentável isso. Por isso que nao temos quase registros públicos. Nossos prédios foram quase todos derrubados, pessoas importantes esquecidas. A memória do Amapá vive guardada em gavetas.

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