Memória,
Espécie de tecido, manta que se instala como roupa cheia de bolsos onde encontro o que guardei sem perceber.
Deslembro, entretanto, o que não quero. Rápido fecho o bolso.
Velcro-imã-botão-zíper.
Circula somente o melhor perfume. Ativo e desativo o arquivo - lembrança antiga - por uma ação ou imagem qualquer que os sentidos capturam.
Abs(traio) sentimentos de pedra: ouro e prata sobre um prato de veneno; a ambição, o rumo às saídas loucas, o plano perfeito, a morte - condicional, na imaginação.
Creio formatar a construção/desconstrução desses puzzles diários; enrugar lembranças desconexas e construir castelos sobre vulcões imaginários. Ora, veja só: surto em linha reta a cada quadrado perfeito que desenho na mente na relação com o passado.
E assim conta o amor, o osso-ruro-de-doer: tutano das estranhas a escorrer na tarde de um dia inominado. O buco-osso-gordo-de-rorer, como o amor feito do brilho de platina refletida na lama; o ossobrusco.
Romance de um livro sem palavras.
Memória,
superfície plana à espera do vento no deserto.
Memória-calma-como-o-mar-após-a-tempestade
Memória/luz/
Congelada ao sol do meu poente.
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