A poesia marca uma linha temporal e o pensamento da
época em que foi escrita. Só assim sabemos, através de versos e estrofes, o que
alguém sentiu em uma certa época, num determinado espaço de tempo. Com a poesia
contamos uma história, o heroísmo ou a derrota, e imortalizamos um
acontecimento com a beleza de versos poéticos. Certamente é a arte mis
democrática que o homem conseguiu criar.
A poesia foi e é, de fato, universal.
Transversal, ela atravessou todas as
sociedades humanas, incessante como se fosse a voz dos deuses, mesmo quando
resguardada numa escrita antiga, soprada na voz do vento e às vezes por alguém
de quem ninguém se lembra mais...
Ela foi e tem sido o veículo, o
suporte que fixou os grandes anseios da humanidade. Nenhum hino foi capaz de
mobilizar um povo, utilizar outra forma, que não fosse a sua, para exaltar a
alma coletiva. A poesia é capaz de sustentar o melhor e o pior da alma
humana... Na poesia está tudo, o que lá está e não está, o que se advinha e o
que se sente. A poesia tem a vitalidade das situações eternas. A poesia pode
também ter uma importância lúdica ou almejar algo bem superior, pois, no fundo,
é uma “música que se faz coa as ideias”.
A poesia é a voz da alma.
Poetizar é falar das coisas, não
como elas são, mas como as vemos e sentimos em um determinado instante chamado inspiração. O poeta consegue enxergar
além da realidade. Seu mundo de metáforas aproxima-se do encanto e da magia.
Nas poesias, os sonhos criam calos, o coração chora e as pedras e animais podem
falar e cantar. É este poder de dar vida às coisas que faz do poeta um criador
que não se preocupa com as formas, cores, sexo, mas somente com os sentimentos
internos e externos. Uma falha que temos no ensino fundamental no Brasil é o de
“encher” as crianças de fábulas e histórias
infantis por serem mais fáceis de passar o conhecimento. Entretanto o uso da
poesia permite construir os mesmos castelos de sabedoria, com uma grande
diferença: o uso de metáfora.
Na poesia, a criança percebe que seu mundo
imaginário não está isolado e sente-se contente ao manter contato com alguém
que pensa do mesmo jeito eu ela. Imaginemos uma menina que brinca com suas
bonecas – as suas Barbies. Imaginemos
agora um adulto que escreve uma poesia, falando da felicidade de conversar com
uma boneca. Certamente, esta menina sentirá que alguém faz o mesmo que ela e
que este alguém grande ou pequeno age da mesma forma que ela. Sendo que a
diferença, do poeta para a menina, é que ele age na fantasia e ela na
realidade.
Poetizar para crianças não é uma tarefa
fácil. Trabalhar a poesia, em sala de aula, também não é tão óbvio assim. É
necessário ter sensibilidade e prazer pela poesia, entrar no mundo da
imaginação do poeta é deixar a criança bailar na sua imaginação. Unir esses
dois mundos é um grande desafio ao professor.
Transmitir conhecimento através da
poesia é uma forma de valorização do sentimento infantil que procura se
identificar com os conceitos que lhe chegam prontos. Porém, o professor que
utilizar com frequência a poesia nas suas aulas entre os importantes
subprodutos que obterá, um deles, seguramente, será o desenvolvimento da
criatividade nos seus aprendizes. Ele poderá ensinar os seus alunos escrever
sonetos – um poema de forma fixa, composta de 14 versos – os quais podem ter a
forma italiana (ou petrarquiana), inglesa ou monostrófica. Os estudantes
aprenderão também ao fazer rimas, que podem ser externas ou internas, cruzadas
ou alternadas, interpoladas ou intercaladas.
Com tudo isso darão uma condição
especial para que os jovem saibam compreender melhor as ideias, os pensamentos
e os sentimentos das diferentes épocas em que foram escritos.
Antonio Penteado Mendonça, na apresentação do livro Tecidos de Lembranças destaca: “Paulo Bomfim é padrão, marca, marco e
rumo da história de São Paulo. Em Paulo Bomfim, vida paulista flui com a mesma
naturalidade que a poesia que o revelou e marcou sua vida, sem, todavia, apagar
outras vertentes, esconder s trilhas, as serras, os rios onde sua gente existe
e lutou e que é parte da essência mais profunda e límpida do homem múltiplo,
permanentemente interessado em tudo que acontece em sua volta”.
Paulo Bomfim assim explica porque cabe ao poeta falar.
Cabe ao poeta falar
Em nome do que é
silencio
Deixar que os
mortos não morram
E semear de
novos ritmos
Os campos do
amanhecer
Cabe ao poeta a
missão
De plantar luzes
na noite,
De cantar um
canto novo,
Desencantar a
verdade,
É oferecer aos
irmãos
Um tema para
viver!
Cabe ao poeta
ser livre,
E que de veias abertas
Dê de sai aos
que têm sede
De justiça e de
beleza,
E alimento aos
que caminham
Com fome de
redenção
Cabe ao poeta
cantar
A terra que se
faz alma,
Ser palavra em
boca simples,
Amizade em hora
amarga,
Alegria entre as
crianças,
Amor entre a
mocidade,
Ternura sobre a
velhice,
Cabe ao poeta
falar:
- Se calar é
porque é morto,
Por paixão de
ter vivido!
(*) Revista
Qualimetria – FAAP, junho de 2008
Muito bom hein!
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