Paulo Tarso Barros |
O SUPREMO DEFENSOR DA TERRA
Há de se revelar brevemente
o supremo defensor da Terra,
o amante exuberante da vida,
o paladinos
dos rios,
das florestas,
dos bichos
e de todas as plagas do planeta.
Ele não será um semideus
ou um extraterrestre,
um bruxo cheio de sortilégios
nem tampouco um guerreiro quixotesco
a cavalgar pangarés de sonhos
e a exterminar pesadelos poluídos.
Há de se revelar brevemente
o supremo defensor da Terra,
o ser amoroso, fraterno e altaneiro
que brotará pelos quadrantes
e caminhará pelos continentes,
estará presente nas galerias polares,
nos desertos mais causticantes
e na magnitude dos oceanos
e pelos córregos mais bucólicos.
Ele, o supremo defensor da Terra,
transformar-se-á aos poucos
no filho mais dedicado e amoroso
e a natureza, mãe de infinitos
milagres,
doará o mais puro oxigênio
do seu pulmão maternal e fará crescer
florestas, perenizará rios e
salvaguardará as espécies da extinção.
Há de se revelar brevemente,
dentro de cada um de nós,
esse ferrenho defensor da natureza.
E a polifonia do amor triunfará
sobre todos os seres
e todas coisas vivas.
Tenho esperanças de que há de se
revelar,
dentro de cada um de nós,
o incomensurável instinto filial,
o apego ao ninho ancestral,
ao barro e ao verbo que nos construíram
sob o divino olhar de poeta do Criador.
POESIA
Na dúvida,
esqueça a poesia.
Poesia é obsessão
incessante,
incêndio aparentemente trivial
que vira fogo contumaz.
Na dúvida,
não leia:
ou pelo menos não desencante
o sonho, a música, a alma
intangível dos poemas universais
que dão sentido ao fugaz existir.
Na dúvida, esqueça a poesia.
Poesia é sangue
eternamente puro,
eternamente efervescente,
o sentir que sente e permanece:
poesia.
O rio da minha infância
Deságua sonhos e visões
Na curva indelével da memória.
O tempo, que é percepção,
Abstrato e conceitual,
Inunda os dias meus,
Pororoca minhas lembranças mirins,
Seca e
extingue, às vezes,
Os escassos momentos de alegria
- fazendo blitze nos pesadelos
arcaicos.
Sou como um peixe volátil
Que foge das iscas fáceis,
Do arpão assassino e famélico,
Da cachoeira e dos redemoinhos
traiçoeiros
que destroçaram veleiros da
Antigüidade.
O rio da minha infância,
Se não é minhas lágrimas,
Com certeza é o meu cálice doce e
suave,
Sem espumas, que apenas me faz fechar
os olhos
E voltar-me, com outros olhos,
Para um lugar cada vez mais distante
A dissolver-se, como as brumas da noite
torta,
Por entre os fantasmas olvidados e
caducos ...
O rio da minha infância,
Miúdo e tão abundantemente infinito,
Corre entre as veias do meu corpo,
envelhece com suas lágrimas,
Pois esse rio tão metafísico e sutil
É mesmo as minhas lágrimas!
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