Por José Amoras*
O ACIDENTE
Dia 26 de
abril fazem 27 anos o acidente nuclear de Chernobyl. É considerado o pior
acidente da história nuclear civil. Fez liberação de 400 vezes mais
contaminação que a bomba que foi lançada sobre Hiroshima. As mortes por câncer
em virtude da tragédia nuclear de 1986 em Chernobyl podem se situar entre
30.000 e 60.000, segundo um estudo de cientistas britânicos, que multiplica por
dez a cifra apontada num controvertido relatório da ONU, dizem os pesquisadores
britânicos Ian Fairlie e David Sumner.
O acidente
fez crescer preocupações sobre a segurança da indústria nuclear soviética, diminuindo sua expansão
por muitos anos, e forçando o governo soviético a ser menos secreto. Os agora
separados países de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia têm suportado um contínuo
e substancial custo de descontaminação e cuidados de saúde devidos ao acidente
de Chernobil.
VÍTIMA
Uma das pessoas afetadas junto com
milhões de outros europeus daquele dia, o jornalista Norbert Suchanek, hoje
mora no Rio de Janeiro. Na época ele tinha 23 anos e afirma que “Os ventos
trouxeram as nuvens cheias de elementos radioativos do acidente nuclear, como
césio-137, para mais de 3 mil quilômetros até a minha cidade Munique. Foi uma
chuva que afetou as plantações e as pastagens”. Meses depois da chuva, a
Bavária, bem como partes da Áustria, Itália, França e Inglaterra produziram
milhares de litros de leite radioativos. “ Fizeram um leite em pó altamente
radioativo, que finalmente foi exportado ilegalmente para países da África e
América Latina. Este leite também foi vendido para o Brasil. Um crime”, informa
Norbert.
URANIUM FILM FESTIVAL
Agora no Rio,
com essa experiência, Norbert resolveu criar em 2010/11 o primeiro festival
mundial sobre Energia Nuclear “Urânio em Movi(e)mento” junto com a
socióloga e professora Marcia Gomes de Oliveira. O festival, conhecido no
exterior, como Uranium Film Festival, vai ocorrer pela terceira vez no Rio de
Janeiro. Será no período de 16 a 26 de maio na Cinemateca do MAM – Museu de
Arte Moderna. Este é o único festival mundial de documentários, ficções & animações de
curta e longa metragens sobre toda a cadeia da energia nuclear e dos riscos e
acidentes radioativos. Da mineração de urânio às centrais nucleares e lixo
radioativo, das primeiras bombas atômicas às armas modernas fortificadas com
urânio, de Hiroshima à Fukushima.
O festival quer especialmente dar visibilidade
aos vários diretores de filmes "nucleares" que muitas vezes arriscam
suas próprias vidas para realizarem este trabalho. Um dos exemplos é o brasileiro
Roberto Pires, autor de "Césio
137. O Pesadelo de Goiânia" (1989). Roberto Pires morreu
de câncer, em 2001, provavelmente por causa da contaminação com o césio
137, durante a produção deste importante filme sobre o acidente com césio em
Goiânia – O Chernobyl do Brasil.
Depois do Rio de Janeiro, o festival já esteve em outras cidades do
Brasil e exterior, como São Paulo, Salvador, Recife, Berlin, New Delhi e
Mumbai, além de outras.
Norbert, diretor
geral do festival, fará uma palestra sobre Chernobyl e o Uranium Film Festival
durante o pré-lançamento do evento que ocorre nesta sexta-feira na Vila
Olímpica Arthur da Távola, no bairro de Vila Isabel, às17horas.
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