UM HOMEM E SEU CANTO
Antonio
Juraci Siqueira
Difícil seguir os
caminhos do homem sem perder de vista o rastro do poeta, sua pegadas de sombra
e luz.
Separar a pedra e a
pluma das palavras, sorver o mel e o fel dos poemas, decifrar o canto e o homem
(com) fundidos no poeta é o desafio que lanço àqueles que ousarem mergulhar em
seu mupéuas. Mas não se assustem que Fernando Canto conhece a difícil arte de
escrever fácil. Seu jugo é leve, e claro o seu cantar. Claro suficiente para
ofuscar a visão estrábica dos que vivem á margem da luz e, ao mesmo tempo,
aclarar os passos dos que caçam caminhos nestes dias de breu.
Aqui
um homem e seu canto diante dos homens e seus chapéus, seus nocivos poderes.
Aqui a palavra incendiada de amor por uma terra e seu povo. Aqui o Adelantado e sua fauna de tiranos.
Aqui a submissão ao chapéu e a luta para conquistá-lo, pouco importando se
coroa, mitra, cocar ou capacete. Basta o poder e o fascínio que exerce sobre os
habitantes de Adelantado, entre eles muitos dos que se rebelaram contra os
tiranos e que agora exibem as mesmas caras de pedra, as mesmas mãos de aço...
O poeta espia o jogo,
empunha o canto e se abicora. Ele sabe da necessidade de cavar trincheiras nas
manhãs equatoriais para proteger- se da sombra do chapéu. Tem a poesia, um
canto, um ofício e as mãos repletas de esperanças. Por isso não abandona o
jogo. Apenas se abicora na certeza de ver chegar a hora e a vez de gritar, a
plenos pulmões, brandindo a lança da poesia: - “FEDEU, MORREU!”
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