Poema
de Fernando Canto
O
hábito de ler
O lobo
e sua presa
Como
quem apressa o lóbulo
E
aperta o seu pensar astucioso
Rende e
amarra o pacto
De fome
e seu impacto
Sobre
sangue e fezes –
Restos
de carcaça no deserto
Lei da lei: sobreviver
Rousseau
(de fato)
Desvendou
tal pacto
Entre
ele e a natureza
Ante
inúmeras razões
E
cânones gravados nos papiros
Para
êmulos humanos
E bestas primordiais
Um
hálito divino
Anima a
pérola e sua ostra
Aquela
que guarda a dor
Congênita
adrede a um mundo
De
valores indomáveis
Sal e
cor, dentes e desejos
Entes da ambição do ter
O dedo
risca a flor do tempo
Risca o
diamante rebrilhoso e duro
E
vale-se da luz que lhe concebe o sol
E
tátil, enfim, o anel e o ouro
Emitem
raios dentre as tranças da peneira
Filtram
sons de ferros das gargantas roucas
Nas manhãs sem prumo, desmedidas
Derradeiros
pactos
Constroem
a paisagem
Em dias
de lobo
Em olhos de tocaia
(*)
poema publicado na Coletânea poetas, contistas e cronistas do meio do mundo –
Poesias. Bispo, Manoel (Org.) Grupo Universo, Macapá, 2009.
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