Eles habitam extensa área preservada no Parque
Nacional das Montanhas do Tumucumaque, são povos milenares os Apalai, Wayana,
Tiryió, Waiãpi, Katxuyana. Para eles, os limites entre os estados do Pará e do
Amapá não passam de mera formalidade, tanto que os órgãos governamentais que os
atendem - ou assim deveriam proceder, respeitam a ausência dessas fronteiras em
sua jurisdição. Lideranças e caciques das etnias do Parque reuniram-se, no
último sábado, com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) para denunciar
garimpo clandestino e tráfico de animais.
Além dessas ameaças constantes à segurança das
aldeias, os índios relataram o estado de abandono no qual se encontram. Não há
assistência em saúde, a educação é precária, a sobrevivência cada dia mais
difícil e a cultura, bem, essa é a parte que mais dói nos velhos caciques.
Atraídos pelo estilo de vida dos não índios, que inclui brega, cachaça e comida
industrializada, os jovens das aldeias estão cada dia mais distantes de suas
raízes, sua língua e seus costumes.
Cansados de ouvir promessas, os caciques foram
enfáticos com sua pauta de reivindicações mediada pelas entidades que os
representam como APIWA, APITU e CCPIAW. Querem centro hospitalar, escolas
estruturadas, casa de amparo aos jovens que estudam na capital, capacitação em
artesanato e fiscalização constante para combater o avanço dos garimpeiros e
traficantes de animais em suas terras. Só não querem mais promessas
mirabolantes e vazias.
Em 2011, seu primeiro ano de mandato, o senador
Randolfe destinou recursos de emenda parlamentar da ordem de R$ 320 mil para
projeto de inclusão digital na aldeia Bona, uma das maiores na área do Parque.
Outros R$ 300 mil foram destinados para aparelhamento da Polícia Federal no
Amapá. “Vamos continuar trabalhando passo a passo”, disse Randolfe. Em seguida
agendou reunião com o superintendente em exercício da Polícia Federal, Adalton
Martins.
Com a presença dos representantes indígenas, a reunião
ocorreu na segunda-feira (23) na sede da PF em Macapá. A principal queixa é o
garimpo ilegal facilitado por pistas de pouso clandestinas. Em fevereiro de
2010 a Polícia Federal explodiu três dessas pistas no Parque durante a Operação
Torre de Controle. “A área é muito extensa e de difícil acesso. Precisamos de
apoio da Força Aérea Brasileira que tem aeronaves com maior autonomia de voo”,
explicou o delegado Adalton.
Segundo Kutanã e Arinawaré, lideranças Apalai, os
garimpeiros fazem bases fora da reserva e entram pela mata para explorar o
minério dentro da área de preservação. Orientados pelo delegado, farão um ofício
comunicando que o problema persiste, para que a PF possa abrir investigação.
Randolfe vai organizar uma audiência pública envolvendo Polícia Federal;
Instituto Chico Mendes da Biodiversidade; Aeronáutica; FUNAI e Exército
Brasileiro. “Precisamos atuar articulados. As necessidades dos povos da região
são diversas e sua solução depende de diversos setores”, explicou. (Fonte: Márcia
Corrêa Jornalista (96)8142-6200)
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