Por Edson Berbary
Agosto passou, setembro chegou. Com ele, a exposição dos quadros de Rosa Moutinho, a menina que saiu de Mazagão ainda na fase de peraltices, mas que voltou, há um tempo, para cá e volta, de quando em vez, porque não sabe viver apenas aquém do Equador. Desta vez, agora, é para mostrar o resultado de seu talento, aquele mesmo que ficou tanto tempo adormecido e, de repente, explodiu tal a pororoca no Araçagi, em formas, motivos e cores.
Como são diversificadas as formas a serem mostradas em “Diversidades”, a exposição que a menina de Mazagão deseja mostrar aos seus conterrâneos amapaenses, especialmente àqueles que gostam das artes. Quem for ao Marco Zero, no período de 3 a 9 de setembro, vai gostar de ver as 63 obras brotadas do talento desta criatura-gente, mulher-menina, amapaense-paraense, amazônida-amazonas.
Verá telas de bom gosto, com motivos variando de coisas da terra a formas geométricas, todas com leveza e cheias de graça, coloridas e rica e criativamente decoradas. Um colírio para os olhos, um registro de amor à região que lhe serviu de berço. Ninguém se arrependerá de admirar como o trabalho de superposição de materiais encima das telas, artisticamente bem-feitos, pôde dar margem a viagens mirabolantes, tais quais as lendas e as fantasias deste mundão dominado pelo caudaloso império das águas sob o comando do Amazonas.
Chama a atenção de quem lá for o toque ora singelo, diáfano e delicado, mas também o firme, diversificado e agressivo, que Rosa Moutinho emprega em suas telas. Faz jus às suas origens. Ela está no meio do mundo e, por isso, ora pisa o hemisfério sul, ora o norte. Neste vai e vem, Rosa ganhou o mundo.
Hoje está exatamente no meio dele.
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Edson Berbary é crítico de arte, jornalista e servidor aposentado da UFPA.
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