Publicado no Caderno de Cultura do Jornal Correio do Amapá em 12/09/10
TU A MINHA ESPERA
Enzo Rubio (*)
Tu não sabes o que a açucena é além de flor? Ela é a cena do amor que eu ainda trago em mim, ao te ver como num palco de sonhos, dourado de luz com efeitos especiais.
Dia desses, rompido em flor de dança, quebrado de partidas e cheganças, de odores e suores, aportei neste porto que zelas a me esperar, que eu sei. Não adianta me dizer que desconheces o destino, posto que ele já estava traçado em tuas mãos de cigana desconfiada.
Grunhi um desabafo quase silencioso sobre os camburões de ferro que flutuavam neste trapiche, agradeci a Deus e me encolhi diante da tua figura de mulher. Foi então que me dei conta que o coração batia duplamente: tocava um ritmo caribenho por ter te encontrado como a flor que és e, num sentido contrário, o velho Tum Tum Tum desritmado se extasiava, pleno, na quintessência que só a paixão traz, desordenada e incompreensível, quando bombeava excessivamente o líquido vital.
Foi assim que eu me fiz de peixe, e com as mãos se transformando em nadadeiras, coloquei teu anzol na minha boca.
(*) Enzo Rubio é poeta bissexto. E tem dois livros de poemas e um de pequenos contos e crônicas para publicar. Muito cedo veio para o Brasil com os pais. Mas seu espírito aventureiro o fez parar em plena Amazônia, onde ficou embasbacado diante da generosidade da natureza. Morou em Belém e finalmente veio para o Amapá, onde se casou com uma índia da Nação Karipuna, tendo com ela um casal de filhos. Atualmente é agricultor na localidade de Coração.
Oi Fernando,
ResponderExcluirSempre que acesso o seu blog, entro num mundo lembranças.
Gosto das coisas que você escreve, principalmente sobre Macapá, aquela Macapá de antigamente.
Parabéns e agradeço pela homenagem que fez ao meu irmão Zeca Mont’Alverne (Sabá) em fev deste ano.
Abraços,