Publicado no jornal “A Gazeta de domingo, 03.10.10
Muito se tem falado a respeito dos novos caminhos para o turismo amapaense, de situações que possam favorecer o desenvolvimento da atividade por meio de novos insumos e capital investido pelos setores público e privado. Porém, é bom lembrar que esse processo de desenvolvimento ganha mais impulso quando se investe em atividades paralelas e úteis para a sua aceleração. O que será de uma cidade se seus administradores não se preocuparem com o seu funcionamento e embelezamento, com o seu asfaltamento e trânsito? Ora, sabe-se que Macapá é proporcionalmente uma das cidades mais violentas do país em relação ao trânsito; que a chuva a fustiga com austeridade grande parte do ano; que ela cresce desproporcional e irregularmente por causa da alta migração, das invasões e de leis limitadoras, e que precisa haver conscientização da população sobre as leis urbanas, a questão do lixo e, sobretudo de praticar ações para impedir o alastramento de doenças como o dengue e a malária.
Ao conversar com profissionais e amigos que atuam no setor turístico surge sempre a preocupação com o descaso de quem administra certas áreas a ele ligadas, seja à esfera estadual ou municipal. A falta de compromisso e de amor à terra são coisas sempre citadas. Não posso afirmar que isso possa contribuir com a retenção do crescimento, mas faz tempo que escuto essa conversa. Na realidade, a atividade turística requer mesmo é de criatividade e de novos projetos de impacto, que venham possibilitar novos investimentos
Mas é importante acreditar que para desenvolver o turismo deve-se promover um padrão de desenvolvimento humano e uma cultura da vida e das relações sociais integrais, pois o turismo, assim como a cultura, deve ser olhado como uma cadeia de sustentabilidade, e jamais dissociada da práxis democrática, porque é parte da mesma realidade. Daí a necessidade de produzir a diversidade de criação e pensamento e de respeitar novas idéias.
Muitas vezes temos ideias e não as tornamos públicas porque ou elas são grandes demais e achamos impossível de realizá-las ou porque não temos relações políticas que possam permitir executá-las no futuro. Se essas ideias forem transformadoras é necessário mostrá-las, principalmente se forem para beneficiar a população.
Muita coisa mudou no turismo amapaense. E há muito ainda a mudar. Por aqui nós vamos sonhando, abstraindo nossas utopias nos encontros e reencontros pela cidade. E pensamos e questionamos nessas conversas. Por que não construir um “Mirante Equinocial” no fim da Avenida Equatorial, na beira do Rio Amazonas com um píer para lanchas de passeio? E um “Mercado de Frutas Regional” e de produtos derivados, na capital, já que há tanto festival pelo interior do Estado? E um “Rally das Águas” com porfia de lanchas e de montarias regionais a remo sobre as ondas da baía de Macapá, aos domingos de maré cheia? Pensamos que se devem colocar novos desenhos e mais emoção regional na confecção do artesanato nessa constante busca de uma identidade amapaense; procurar novas formas e novas matérias-primas artesanais; pesquisar novos objetos e debater sobre o souvenir e o mercado e estudar perspectivas e políticas de comércio desses produtos. De uma hora para outra as ideias surgem e todo mundo viaja no seu sonho. Por que não fazer réplicas, livros ilustrados, filmes e canções do/sobre o dendrobata, espécie de sapo que mordeu o cientista Ruschi na Serra do Navio? Pensar em arte ao construir um “Parque de Esculturas” na orla da cidade, sempre reverenciando o rio Amazonas; montar “trilhas ecológicas no Curiaú e Curralinho” e os “Bailes da Lua Cheia”. Instituir o “Prêmio Anual de Turismo”, fazer voos panorâmicos sobre a floresta e o rio; incentivar a implantação de “restaurantes aquáticos”; promover cursos de graduação sobre Gestão de Turismo e Hotelaria na Universidade Estadual; realizar festival de esportes radicais como pára-quedismo na Base Aérea do Amapá e competições de windsurf no trecho Macapá-Fazendinha; montar um “Museu do Estuário Amazônico”; trabalhar uma iluminação submersa ao longo do Amazonas; incentivar campanhas populares do tipo “Plante uma flor no seu jardim” e projetos para adolescentes ambientalistas como camping para “Amanhecer no Cerrado”, por exemplo. São muitas as idéias que podem se tornar projetos lucrativos e referenciais turísticos do nosso Estado. Mas não basta só inventar, deve-se continuar inventando e cavando a possibilidade de realizar. Depois disso seria importante pensar num poético banco de sonhos, de projetos e de idéias que tivesse a contribuição de todos os cidadãos que pensam um futuro mais digno para o Amapá. Isso faria a diferença.
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