Vanildo Leal, Amadeu Cavalcante e Espídola, nos bons tempo do “Lennon”. Não recordo o nome do baterista. Alguem se habilita?
segunda-feira, 31 de maio de 2010
EXPLOSÃO DE AMOR NO LAGUINHO
Ontem novamente o laguinho explodiu de amor festejando mais uma conquista: a de Campeão do Carnaval de 2010, depois de uma luta na justiça contra um esquema que há anos assolava no carnaval amapaense.
O carnaval tomou novo rumo agora.
Viva Vicente Cruz, o advogado e presidente dos Boêmios.
Está aí o trofeu e o nosso prêmio.
Viva a Nação Negra e a comunidade do Laguinho.
A festa rolou na casa da Raimundinha Ramos e foi pai d’égua, com muito samba e pagode.
Até eu cantei dois sambas que eu sei de cor... Apesar dos protestos de alguns presentes, já que não sou cantor.
VOTOS SINCEROS
Obrigado ao poeta Obdias Araújo que me mandou esta quadrinha.
Cada dia tem seu santo,
cada santo, seu armário.
Hoje é São Fernando Canto
quem manda no calendário. (Obdias Araújo)
domingo, 30 de maio de 2010
A NOITE DEU DE ESMOLA A LUA EM MEU CHAPÉU
Mais cenas do show "Menestréis do Laguinho"
Cenas do Show "Menestréis do Laguinho"
MENESTREIS, POETAS E SERESTEIROS
COLUNA CANTO DA AMAZÔNIA
Comentário de JORGE HERBERTH
Primeiro, muito obrigado pela singela 'lembrança e homenagem'. Me senti lisonjeado e muito prestigiado. É uma honra 'ser do laguinho' sempre. E foi emocionante participar dois dias de tanta cultura. Que me desculpem os outros, mas o Laguinho é mesmo um centro de inteligências e muitos artistas, além de toda a afrodesceendência que permitiu a todos nós herdarmos no sangue e nos neurônios o que veio de tão belo da África, mesmo com tanto sofrimento.
Renovei e renovo minha vida quando desembarco em Macapá e saboreio o marabaixo e tudo o que o Laguinho expressa e transpira, desde os bons tempos de Falconeri, o mais elegante dos sambistas passistas que tive a alegria de ver e admirar desde minha minha infância. Vejo um pouco dele em tudo o que o Laguinho é. E vejo no Pilão a semente e as raízes da música que evoluiu no Amapá. Essa cultura tão rica e que parece invisível na Amazônia e ao resto do Brasil, onde há tanta bobagem. Estou muito feliz por fazer parte do Laguinho e ser ex-Pilão. Um reencontro de alegria e energia. Parabéns aos Tambores do Laguinho e OBRIGADO Companheiro!
segunda-feira, 24 de maio de 2010
POR UM TEATRO MUNICIPAL
Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo, 23/05/2010
Há tempos a idéia de criar o Teatro Municipal causa grande expectativa nos meios artísticos macapaenses. Artistas com quem conversei disseram que o projeto vinha ao encontro de suas aspirações, principalmente agora que a cidade cresceu e que a maioria deles já tem consciência de que precisa valorizar cada vez mais seus trabalhos. Alguns já vêm desenvolvendo comercialmente suas atividades a partir da realização de cursos de empreendedorismo, que também os obriga a vender bons produtos. O teatro municipal é um sonho de muito tempo. A prefeitura tentou comprar o ex-cine Macapá em 2001 com esse propósito, mas infelizmente as negociações não avançaram. Agora é notório o aumento do mercado de bens culturais e estável o circuito de produtos culturais como teatros, bibliotecas e auditórios, em Macapá.
Para os artistas o teatro do município não só desafogaria a pauta do Teatro das Bacabeiras como daria apoio aos produtores culturais para desenvolverem seus trabalhos. Ao funcionar em consonância com a política cultural do município, o teatro daria ênfase às ações populares como espetáculos teatrais abertos ao público, shows com ingressos mais baratos, além de outros projetos internos que pudessem facilitar o desenvolvimento da arte, por meio de debates, reuniões de trabalho, simpósios, festivais e, sobretudo, com o processo educacional ao lado disso tudo, onde não se furtaria também a constante e imprescindível formação de platéia.
A criação e a implementação do teatro, antes de ser uma decisão que viria beneficiar os segmentos artísticos das artes cênicas e da música, é um princípio que norteará ações tais como o estímulo à formação cultural da população e dos agentes culturais do município. Sua configuração e funcionamento deverão ser regidos dentro dos padrões da política de cultura municipal, o que deverá possibilitar o acesso da população a esse bem cultural, de forma democrática, levando em conta a diversidade cultural, linguagens, identidades e formas de expressão do nosso povo.
No bojo dessa construção o maior interessado é o cidadão, aquele que goza dos bens e serviços efetuados pelos poderes públicos, dos direitos civis e políticos e do desempenho dos deveres para com ele. Este, então, é um princípio necessário ao desenho e à consecução de uma política cultural contemporânea: o dever das instituições políticas e administrativas para com o cidadão, considerando que ações governamentais devem ser feitas para todos e não só para uma elite. É papel importante o de ofertar produtos de acesso garantido ao cidadão, ávido de consumo de arte. Acesso físico e acesso econômico a produtos de boa qualidade. É bom lembrar que quando falamos em cidadania e cultura estamos diante de abstrações, de conceitos, de uma idéia sobre as coisas. Assim o acesso, aquele que dignifica o cidadão, quer simplesmente dizer ingresso, entrada, chegada, aproximação, alcance de coisa elevada ou longínqua. Entretanto não se pode deixar de registrar que a palavra “acesso” também carrega um conceito de fenômeno patológico ou psicológico que é o chamado “ataque de raiva”, ou impulso, que é uma reação do cidadão ou da cidadã que não vê atendido o seu direito de cidadania.
Da nossa parte cantamos a melodia dos artistas com o mesmo entusiasmo porque acreditamos que um teatro para ser popular e de boa qualidade deve ofertar bons produtos, divertir, unir e corporificar os valores culturais de uma sociedade organizada, de uma sociedade plena de direitos e deveres satisfeitos, de uma sociedade cidadã.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
COLUNA CANTO DA AMAZÔNIA
Publicada no jornal “A Gazeta'” de sexta-feira, 21/05/10
LANÇAMENTO DE CD E REVISTA
O grupo cultural Raízes do Bolão, que tem sua estrutura fincada nas terras quilombolas do Curiaú, participa e convida os interessados em cultura popular para o lançamento do CD e da revista homônima que ocorrerá no próximo dia 29 de maio, às 20h00.
Liderados pela Dona Chiquinha e seus filhos e netos, o grupo se firmou ao abraçar organizadamente a proposta de divulgação da música folclórica do Curiaú, valorizando o batuque e o marabaixo. Já participou de diversos eventos pelo Brasil a fora e se apresentou na Guiana Francesa em festivais turísticos e culturais.
Entre seus membros se destacam: a escritora Esmeraldina Santos, autora de “Histórias do Meu Povo”, Pedro Bolão, fabricante de instrumentos usados nas músicas folclóricas, Adelson Preto, compositor e integrante do grupo África Brasil, e Macunaíma, intérprete oficial dos Boêmios do Laguinho.
ROTEIRISTA
Recentemente esteve em Macapá o jornalista Jorge Herberth, que atua em Belém como assessor de comunicação do Governo do Estado. Veio assistir a Festa do Tambor no Centro de Cultura Negra, no coração do Laguinho, bairro em que nasceu e se criou.
Jorge é o roteirista do DVD “A Cantoria no Lago”, do cantor Osmar Jr., realizado em 2008 no Lago Piratuba e prestes de ser concluído pela Amazon Filmes, de Belém do Pará. Jorge (também conhecido por Branco ou Cereco), filho do saudoso Abel Ferreira, o seu Abel, é irmão do Élcio, da Núbia e o Puruca. Nos anos 80 fez parte do Grupo Pilão como percussionista. Depois trabalhou no jornal “Fronteira” com Ezequias Assis e mais tarde na TV Liberal.
YES BANANA EM MARINGÁ
A banda Yes Banana, que tem como líder o contrabaixista Alan Gomes, se apresenta neste fim de semana em Maringá-PR como representante do Amapá no Festival de Música da Cidade Canção, juntamente com o irreverente intérprete Judas Sacaca.
O Festival é coordenado pelo SESC, que leva para lá anualmente vencedores estaduais de festivais realizados pela instituição. Segundo Cléverson Baía, que já se apresentou por lá, é uma festa muito bonita com quatro dias de apresentações artísticas, onde se revelam novas tendências da MPB. Joãozinho Gomes, Enrico di Micelli e Patrícia Bastos também já estiveram por lá.
RAPÉ DE PARICÁ
Na área da UNIFAP reinava o paricá (virola theiodora), árvore abundante nos campos cerrados e na floresta amazônica. Com seu princípio ativo (alcalóides triptamínicos) retirado da semente ou da casca, se fabricava um poderoso rapé, que se misturavam a outros elementos como a cal viva de carapaças de caracol calcinadas e com farinha de mandioca, cinza de plantas e folhas de fumo pulverizadas.
Era amplamente usado pelos índios do noroeste da América do Sul. Era tomado pelos guerreiros e xamãs para vários fins: estimulante, excitante,, como profilático contra febres e para provocar transes, visões e comunicações com os espíritos e até para fazer chover.
Madeira leve, usada para a construção civil, praticamente está desaparecendo da paisagem, cedendo lugar para a ampliação da cidade.
ZÉ MIGUEL CANDIDATO
O cantor Zé Miguel diz que é candidatíssimo a uma vaga na Assembleia Legislativa.
Está costurando o apoio político da classe artística e dos políticos como Marcelo Dias (PSDB), que é de partido oposto ao dele (PSB), mas congrega os mesmos interesses. Zé acredita que pode “varar” as eleições com os votos das pessoas da área cultural, a exemplo do vereador MD.
Com o tempo a gente vai aprendendo que não é bem assim, mas não custa tentar. O importante agora é que o artista vem aí com um novo trabalho de CD e DVD intitulado “Amazônia na Veia”.
SENZALAS & CONVIDADOS
O grupo musical Senzalas deve lançar o CD “Tambores do Meio do Mundo” provavelmente em junho no Teatro das Bacabeiras.
Depois de encontrar algumas dificuldades para o evento, como a falta de pauta no teatro, Amadeu Cavalcante, Val Milhomem e Joãozinho Gomes estão entusiasmados com o resultado das gravações.
Vão trazer convidados especiais Lecy Brandão e Chico César para o lançamento, onde na oportunidade será gravado um DVD. Seus fãs estão “cuíras” para curtir o novo trabalho do Grupo.
ZUNIDOR
A jornalista Isabelle Braña viaja este fim de semana para o Acre. Vai rever familiares e amigos.
Já está rodando na gráfica a coletânea de contos de autores amapaenses “Contistas do Meio do Mundo”, organizada pelo grupo Universo, que também fez a coletânea de poetas, a primeira de uma série de três livros, com o apoio da SECULT.
A flamenguista Nega Biluca agora só anda de minissaia vermelha, incendiando seus fãs laguinenses.
O cantor Amado Amâncio está precisando de ajuda para se submeter a uma complicada cirurgia. Quem puder ajudar procure o Cleverson Baía, presidente da AMCAP.
Dia 29 de maio a cantora Lia Sofia se apresenta na Casa do Chorinho do Ceará da Cuíca. Vai lançar CD com releituras de bregas clássicos e leva como convidados Osmar Junior e Cléverson Baía.
Entreouvido no bar: “Se o Tumucumaque fosse no Rio de Janeiro já tinha um monte de favela no seu pé ou quem sabe até um bondinho pros turistas contemplarem a floresta”. Mas tá! Inderê!Volto zunindo na sexta.
ESTATUTO BOÊMIO DO BAR DO ABREU
Por Renivaldo Costa
Aprendi a ser boêmio com o Fernando Canto. Grande escritor, frequentador inveterado do Bar do Abreu e amante ativo da boa boemia (segundo Houaiss “boêmia” e “boemia”, estão certos, optei pelo segundo por uma questão de pronúncia), ele me fez entender seus fundamentos e princípios mais primitivos.
Quem me conhece um pouco sabe que qualquer hora da noite é uma boa hora pra me chamar pra uma conversa no Bar do Abreu. Sempre que posso, ou seja, quase todo dia, procuro exercer, essa que acredito ser minha verdadeira vocação.
O papo de uma mesa boêmia nunca tem função ou um objetivo claro. Nunca é totalmente concordado e nunca absolutamente negado. Sempre existem espaços pra novos comentários, desde que não sejam definitivos. O verdadeiro papo boêmio pode ser aparentemente banal e repetitivo (aos olhos de um amador).
Qualquer um que entenda muito de um assunto a ponto de esgotá-lo deve ser evitado numa boa mesa, assim como aquele que não se interessa por um assunto que não domina. Tudo interessa a todos sempre, mas nada chega a ser resolvido.
A boemia levada a sério pouco se lembra da boemia imaginada por aí. O combustível principal e verdadeiro de um boêmio de verdade é uma boa conversa. Este é o único requisito para que 8 horas passem como se fossem 5 minutos e ainda pareçam muito pouco.
Uma bebida alcoólica pode ajudar esse papo a funcionar melhor, mas, não se engane, para ser um bom boêmio você tem duas opções : 1 – beber responsavelmente, 2 – não beber. Explico:
Pessoas que não sabem beber, que passam da conta, que ficam bêbadas, de fato, não conversam. Elas falam (sozinhas), gritam, choram, balbuciam, abraçam, expelem fluídos, produzem ruídos, enfim, estragam sua própria noite fazendo qualquer coisa que esteja bem longe de um bom papo.
Segundo o Fernando Canto, um boêmio convicto tem que estar preparado pra enfrentar tantas noites quantas tais for convocado. Mesmo que sejam na seqüência, mesmo que sejam no dia de trabalho.
Diferencio um boêmio de uma fraude qualquer ao escutar uma frase como “hoje eu vou curtir muito a noite”. Essa frase me soa tão absurda como “agora vou curtir essa respirada”. Quem sai “pra curtir a noite”, não pode trabalhar no dia seguinte, vai ficar com ressaca, dor de cabeça, peso na consciência e etc.
Toda noite é digna de uma “curtição” e portanto, pode ser curtida. Triste é aquele que espera a sexta-feira pra isso.
Para se aproveitar a noite como um profissional da boemia basta apenas que escureça, e daí por diante, amigo, a vida fica bem mais fácil. Concorda ?
Não.
Ótimo! Então puxe a cadeira, pede um “qualquer coisa” e seja bem-vindo ao Bar do Abreu. Temos muito o que conversar e a noite está apenas começando.
REINVENTAR A INFÂNCIA EM NOME DESSA DOR
Por Márcia Corrêa, em 21/05/10
Vou começar por esse incômodo, quase uma dor, aqui no peito. Acabou ainda há pouco a coletiva de imprensa de promotores de justiça e delegados de polícia sobre o caso de triplo homicídio tendo como vítima a família Konish. Um gole de café pra tirar a secura da garganta e dar algum alívio ao paladar. Lembro de palavras e expressões do promotor Flávio Cavalcante, emocionado, tenso, às vezes trêmulo.
Naquele momento ele representava uma sociedade, ou parte dela – há quem se lixe - atônita com a barbárie que envolveu o crime. Uma mulher de 34 anos e seus filhos, um rapaz de 17 e uma menina de 11 esfaqueados dentro de casa por um “amigo” da família. Pela versão final da investigação, Wellington Raad, 19 anos, confessou os crimes, mas não revelou as causas nem os detalhes de sua ação.
Volto ao incômodo no peito e penso em algo sobre onde está a humanidade dentro de cada um de nós. Onde esse arcabouço de valores morais, sentimentos e limites éticos, alicerçados por alguma racionalidade se esconde para que possamos acessá-lo, ou perde-lo de vista, em momentos cruciais? Jogos Mortais I, II, III, IV, V e VI eram filmes locados por Wellington em seqüência.
Quantos adolescentes assistem a esses filmes e outros de teor inexplicavelmente violento como lazer em família? Quantas mentes juvenis, nesse exato momento, estão sendo estimuladas ou induzidas a atos de horror como num jogo ficcional onde tudo acaba num letreiro na tela? As estatísticas provam que drogas e álcool estão na origem de muitos crimes. A psicologia e a psiquiatria provam que cenas violentas repetidamente assistidas modificam a sensibilidade e o psiquismo humanos. À exceção das drogas, o álcool e as cenas são lícitos.
Tem também um oco na alma dos amapaenses, aqueles que nasceram aqui e aqueles que desde a infância vivem e ainda guardam a lembrança de um lugar de atmosfera leve e quase ingênua. Onde a liberdade nas brincadeiras de rua possibilitava experiências de convívio humano, que alicerçavam esse arcabouço de valores tão importante e vital.
Laços de gente com gente, não de uma mente solitária com a tela de um computador ou de uma TV. Gente de mãos dadas brincando de roda, pernas correndo no pira-esconde, bandeirinha, queimada, bola no quintal, no campinho da outra rua, goiabeira, mangueira alta com risco de cair, banho de igarapé. Desafios reais e saudáveis vivenciados e absorvidos. Construção de alguma humanidade.
Antes de cometer os crimes, Wellington jogava vídeo-game com uma das vítimas. Tiremos as crianças da frente da TV!!! Controlemos os horários de exposição à internet!!! Vigiemos os jogos virtuais!!! Dá vontade de gritar bem alto. Salvemos os quintais e as pracinhas!!! Outro grito mudo. Olhemos bem dentro dos olhos de nossos filhos e os reconheçamos em nós!!!
O mais difícil para essa sociedade atônita é admitir que está de tal forma degenerada, que não mais responde pelos sinais bucólicos de um passado bem recente. Que já produz seres humanos cuja humanidade perdeu-se nalgum canto escondido da alma, escuro e triste. Que Macapá não é mais a cidade das ruas descalças onde seu povo pacato era incapaz de um ato atroz.
Não foi ninguém de fora, um estrangeiro, um estranho. Não foi um fugitivo da penitenciária com ficha corrida. Não foi um crime encomendado e executado por matadores profissionais. Foi alguém de dentro, do convívio em comunidade, com a ficha criminal limpa. Alguém que pode ser qualquer um. Uma alma profundamente doente.
Ainda com o peito acanhado e sem nenhuma vontade de entrar nos detalhes do crime, necessários para a matéria jornalística, penso em lições, sempre nelas. Há que se tirar algum aprendizado dessa dor coletiva. Rever a infância das gerações que ainda estão em formação, repensar e represar os conteúdos fartamente oferecidos pelos meios de comunicação às crianças e aos adolescentes, impor limites e regras de convívio humano, reensinar a velha e tão nova lição do Cristo: amar ao próximo como a si mesmo.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Balé de Luz deu um baile!
Por Vânia Beatriz
Juliele e Vânia Beatriz (Foto: Fernando Canto)
O show Balé de Luz, da cantora amapaense Juliele, no sábado (8/05) na Choperia da Lagoa em Macapá cumpriu o que prometeu: marcar uma nova fase na carreira da cantora.
“Balé de Luz é uma referência a tudo aquilo que é banhado pela claridade, que movimenta e intensifica a vida e os cantares dessa diva em aprimoração constante.” Disse a produtora Sônia Canto, no texto de divulgação.
O show foi isso e um pouco mais. Para a volta aos palcos amapaenses, depois de dois anos do lançamento do primeiro CD, a artista se cercou de muita gente boa, seja na produção do show, que teve a direção musical do Maestro Manoel Cordeiro e a direção artística de Túlio Feliciano; sejam os músicos da banda de base que a acompanha: Manoel Cordeiro (Violão/Violão aço/Bandolim), Alan Gomes (Contrabaixo), Fabinho (Guitarra), Bibi ( Metais: soprano/tenor/flauta), Jefrei (Teclado) , Paulinho Queiroga (Bateria ) , Valério de Lucca e Mestre Nena (Percussão); sejam os produtores executivos Carlos Lobato e Sônia Canto.
Juliele apresentou repertório eclético, músicas conhecidas na voz de grandes artistas brasileiros, como Chico Buarque de Holanda, Roberto Carlos, e Wanderleia, dentre outros; intercaladas com músicas de também grandes compositores e cantores da região amazônica, como Fernando Canto, Joãosinho Gomes, Nivito Guedes, Nilson Chaves, Enrico di Micceli, Osmar Junior e Zé Miguel.
A abertura do show foi com a música “Pela cauda de um Cometa” (Fernando Canto e Nivito Guedes), uma referência na sensibilização para as questões ambientais. Uma seqüência de “sucessos inesquecíveis” , todos com uma nova roupagem, na interpretação da cantora de voz suave e aveludada, que quando do lançamento de seu primeiro CD, foi comparada a estrelas da música brasileira como a baiana Gal Costa, Jane Duboc e Fafá de Belém, estas nortistas como Juliele.
Assim se ouviu e se cantou junto as músicas: Miudeza (Nilson Chaves / Celso Viáfora); Eu já nem sei (Roberto Correa e Sylvio Son, gravada por Wanderléa); Quase fui lhe procurar (Getúlio Cortes – gravada por Roberto Carlos); Amor perfeito (Michael Sulivan/Paulo Massadas); Meu Disfarce (Chico Roque/Carlos Colla – gravada por Fafá de Belém); Cabide ( Ana Carolina) e Todas as Línguas (Nilson Chaves e Carlos Corrêa), esta faz parte do primeiro CD da cantora.
Enquanto a banda tocava a instrumental Olhando dos Andes (Manoel Cordeiro), Juliele vestiu-se de vermelho e voltou ao palco. Já era quase domingo Dia das Mães, surpreendeu e emocionou cantando uma música que aprendeu a cantar com a mãe: “meu coração , não sei porque , bate feliz quando te vê... “ (Carinhoso – Pixinguinha).
Alguns dos princípios básicos do balé foram percebidos na posição cênica de Juliele: a disciplina, a leveza e harmonia das bailarinas clássicas. No palco, a menina de jeito tímido, que se iniciou na música cantando em reuniões familiares, traçou os passos de seu balé solo, não de sapatilhas, mas de pés descalços, fazendo se agigantar a diva que canta e baila, do fado (Tanto Mar – Chico Buarque) ao marabaixo[1] (Pra onde tu vais rapaz – domínio público).
Desenvolta e generosa, soltou a voz, repartindo com o público os presentes ganhos, duas composiçóes inéditas Balé de Luz (de Fernando Canto e Manoel Cordeiro) e Sem fim ( de Evaldo Gouveia). As surpresas não pararam por aí , quando se iniciaram os acordes de Pérola Azulada (Joãozinho Gomes e Zé Miguel) outra elegia ao planeta Terra , pensei estar havendo engano, não lembrava nada a introdução que eu conhecia, uma “...inédita versão country inteligentemente conduzida” definiu Raul Mareco . E tivemos ainda, Pedra de mistério (Enrico di Micelli e Osmar Jr.), Meu endereço (Fernando Canto e Zé Miguel).
O show durou cerca de uma hora e meia, mas foi tão envolvente, que não percebi o tempo passar e ainda nos deixou com gosto de quero mais.
“Foi bonita a festa, pá , Fiquei contente...” Juliele e o público, também. Não foi à toa que ela escolheu a música “É hoje” (Didi e Maestrinho) para o bis: “.. diga espelho meu, se há na avenida alguém mais feliz que eu ...”. Assim estavam todos os que assistiram ao espetáculo, muito mais feliz!
[1] Música típica do Amapá
segunda-feira, 17 de maio de 2010
CABRALZINHO, O HERÓI DESCONHECIDO
Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo, 16/05/2010
O 15 de Maio sempre foi um dia importante para os habitantes do Amapá pelo famoso combate entre franceses e brasileiros, comandado por Francisco Xavier da Veiga Cabral, no ano de 1895. Era uma data comemorada por todas as escolas que reverenciavam o triúnviro como o “Herói do Amapá”, pelo seu ato de defender a Pátria dos invasores inimigos.
Passados 115 anos do episódio e 110 da vitória de Rio Branco em tribunais internacionais, quando as terras então litigiosas da fronteira foram definitivamente incorporadas ao território brasileiro, pouco se vê de reverência a essas datas magnas da História do Amapá.
Passei anteontem, dia 14, ao largo da Praça Veiga Cabral e contemplei a estátua ali colocada em sua homenagem em 2001, após ter sido removida da frente da cidade pela Prefeitura de Macapá, atendendo a vários pedidos de munícipes que “achavam uma apologia à violência ela estar erguida na Beira Rio, onde passam crianças”. O monumento mede uns cinco metros de altura e representa Cabralzinho atirando com uma pistola, trazendo uma espada na cintura. Se os monumentos construídos com o propósito de representar heróis ou atos de heroísmo forem olhados por esse lado moralista será necessário derrubar quase todos, até porque, segundo se sabe, o herói é aquele que foi capaz de realizar atos guerreiros extraordinários, magnânimos, antes de ser simplesmente um personagem de romance ou de histórias em quadrinhos. Na hora chovia sobre a estátua e as pessoas se abrigavam em sombrinhas coloridas ou sob as mangueiras da praça. Foi então que resolvi perguntar a elas se conheciam a pessoa representada na estátua. Das doze pessoas com quem conversei na praça, dez eram nordestinas ou paraenses e não conheciam a nossa História. As outras duas eram macapaenses, que quando perguntadas, respondiam se não foi “aquele que não sabia se corria pro mato ou pro morro”. Mais tarde visitei um importante órgão público e indaguei sobre a História de Cabralzinho e o que ele representava para o Amapá. Amapaenses que conheço há muito tempo também fizeram pilhérias sobre o fato e acham a história muito controversa. São cidadãos de classe média e de alguma maneira considerados formadores de opinião.
Não sei exatamente como começou a distorção dessa história, mas lembro que a frase “O Amapá não tem História, tem piada” era atribuída ao governador Arthur Henning em função de anedotas produzidas por gozadores descomprometidos com a as coisas do nosso lugar. Na própria cidade de Amapá, no início dos anos 80, um comerciante de nome Siáudio e seus companheiros mostravam aos visitantes a “Arma de Cabralzinho”. Era uma brincadeira na qual ele pedia que abrissem um estojo onde estava um falo de madeira. Caiam na gargalhada.
As especulações que se seguiram à época do episódio deixaram a figura de Cabralzinho bastante controversa. As baixas francesas foram seis mortos e 20 feridos enquanto 38 brasileiros, na maioria velhos, crianças e mulheres, perderam a vida de forma macabra e cruel. O próprio Emílio Goeldi, cientista emérito do Museu do Pará, em relatório de novembro de 1895 ataca Veiga Cabral, embora dizendo que não quer acusá-lo diretamente da culpabilidade dos abusos cometidos, “mas que seus companheiros são gente da pior espécie, que não lhe inspiram confiança”.
Sobre esses aspectos, e levando em conta que a ciência histórica hoje considera que “as atitudes mentais, a relação com o corpo, com o espaço, com a paisagem, a cultura política, as relações socioeconômicas, a festa, a cultura material, etc., se constituem objetos do conhecimento em história”, (Coelho: 2003), não seria interessante se a academia local fizesse mais estudos para tentar solucionar o problema? Consideremos que não é apenas o heroísmo de Cabralzinho que está em jogo, mas a própria História do nosso Estado.
O professor Jonas Marçal de Queiroz, no seu estudo “História, Mito e Memória: o Cunani e outras Repúblicas”, diz que Veiga Cabral foi esquecido assim que o litígio com a França foi resolvido. Ele questiona também a atitude de Trajano, que teria sido escravo em Cametá e que vira o significado de liberdade na bandeira francesa. Deste modo é inegável a necessidade de surgirem novos e esclarecedores estudos na área. Com a palavra os historiadores.
Foto disponível em www.saiddib.blogspot.com
Segundo dia da Festa do Tambor
Nem a chuva atrapalhou a realização da bonita Festa que os moradores fizeram para o Bairro do Laguinho, lá no Centro de Cultura Negra.
Abaixo alguns flagrantes da festa.
Dona Josefa ladeada de suas filhas Raimunda e Josefina. Acima Pedro Ramos, a esposa Dora e os filhos gêmeos João Pedro e João Paulo.
Macunaíma, intérprete oficial da Universidade de Samba Boêmios do Laguinho.
Grupo Pilão: 35 anos de estrada. Antes da apresentação na Festa do Tambor Oswaldo Simões (ex-integrante), Eduardo Canto, Jorge Herberth (ex-integrante), Fernando Canto, Orivaldo Azevedo, Juvenal Canto e Bi Trindade.
Marilene Azevedo, do Grupo de Dança Afro Bakará e ex-integrante do Grupo Pilão, com Eduardo Canto (Grupo Pilão).
Fernando Canto entre Dô e Souza, filhos do Sacaca.
Heraldo Almeida, Vicente Cruz e Fernando Canto
Nega Vânia, rainha da bateria de Boêmios do Laguinho.
Sicuriju (Rei Momo), Fernando Canto, Jorge Herberth, Pedro Ramos e Oswaldo Simões, em pé. Sentados, Mário Correa Filho, um dos organizadores da festa e amigo.