sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ANTES QUE EXPULSEM DA SALA A MEMÓRIA DA GRATIDÃO

Professor Munhoz em encontro na casa do escritor Cesar Bernardo.
 Por Benedito de Queiroz Alcântara

CARÍSSIMO PROFESSOR MUNHOZ,

Antes que minha memória seja abduzida para um poço sem fim
Antes que meu coração seja empedrado pelas fúteis vaidades
Antes que minha língua endureça num silêncio forjado
Antes que revisem minha trajetória existencial
Antes que meus olhos não possam mais te identificar
Antes que arranquem meus braços, minhas mãos, meu sorriso.

                Antes que não possas mais caminhar silenciosamente pelas ruas de Macapá
                Antes que não possas mais adentrar nas liturgias da Catedral de S. José
                Antes que não possas mais proclamar as crônicas das tuas andanças
                Antes que não possas mais comentar e questionar a vida humana
                Antes que não possas mais explodir em   saborosas  gargalhadas
                Antes que não possas mais banquetear-se  com nossas comidas típicas.

                                               Antes que te expulsem de qualquer sala
                                               Antes que te esqueçam  hipocritamente em uma solenidade
                                               Antes que te forcem a voltar para a terra  paraoara
                                               Antes que tirem da lista de convidados de uma formatura
                                               Antes que te olvidem dos eventos culturais
                                               Antes que te chamem de ultrapassado e fora de moda.

Antes que...
Antes de tudo isso...

Permita professor querido, proclamar ao mundo, deixar registrado, como testemunho sincero de um ex-aluno do tempo do Colégio Amapaense, anos 1977-1978-1979, hoje um ser calejado, com filhos e trajetórias, professor de cada dia, agradecer  imensamente porque Deus permitiu que um anjo seu viesse em nosso auxílio, deixar indeléveis marcas em nosso caráter, em nossa formação, em nossa visão de mundo e sociedade.

Quero testemunhar que, se hoje estou em sala, foi por causa sim de sua impetuosidade em nos ensinar a Língua Portuguesa e Literatura, como uma verdadeira viagem pelos quatro cantos do mundo, levando-me, imberbe jovem, a optar pela cátedra de história, com o sonho de trilhar as veredas dos lugares e adentrar nas facetas humanas de cada paragem.

Terno Mestre, não tinha como faltar às suas aulas, não tinha como não aproveitar cada minuto, não tinha como estudar por estudar, pois nos atiçavas para abraçar as  aventuras da vida  que a maturidade nos reservava.

No tosco espaço da sala de aula, ciceroneaste nossa curiosidade pelos diversos países, seduzindo-nos para os continentes, os povos e seus costumes, tudo aquilo que de mais belo e singelo o ser humano é capaz de construir.

Enfim, lá fomos nós para o chamado nível superior, sem cursinhos ou meros desafios, apenas com o que comemos e bebemos contigo e outros mestres. Era hora de partir, deixar a terrinha, deixar a família, adentrar nos mares nunca dantes navegados (por nós), não mais como expectadores e sim como atores principais.

Atravessei o Brasil, para o Sul distante e diferente. Depois para o Rio de Janeiro, dantesco e acolhedor. Mais tarde para a América Central, na Nicarágua querida. Até que, com a morte do meu pai Leandro, lá estava em missão por El Salvador e Guatemala, entre os fuzis e helicópteros da guerra maldita, larguei tudo e voltei para os meus,  mais precisamente para ficar com minha mãezinha Maria até os seus últimos dias.

E por aqui fiquei, casei, vieram os filhos, sempre estudando, sempre peregrinando  em sala de aula, envolvido em tantas atividades. E com o privilégio de te encontrar, na maioria das vezes, em nossas ruas e avenidas. E lá ficávamos a conversar, com o tempo parando para nós e correndo para quem nos acompanhava.

Assim vamos atravessando os sertões de nossas existências, eu também já trazendo meus cabelos brancos, que um dia espero que fiquem como os  seus : cálidos e misteriosos.

Permaneço com a  tenacidade de a cada dia adentrar nas salas de aula, desde a 5ª série até o  Ensino Superior. E sempre, sempre, a cada ano, a cada período letivo, citar teu nome para os que hoje me chamam de professor. Recordando cada aula, cada narrativa de suas viagens, cada comentário, que se alojaram dentro de meu coração e que lá permanecerão ad aeternum.

Professor querido, em nome de toda a minha família de irmãos e irmãs que também foram teus alunos, em nome de todos os colegas de todas as turmas do “Colégio Padrão”, quero externar nosso sincero e singelo agradecimento por teres adentrado em nossa formação, em nossas vidas.

Professor querido, valeu  e vale demais saber que tu vieste e permaneceste no meio de nós, desde ontem e para sempre, franciscanamente  único-total-puro-universal. Tão absorto em suas meditações, tão generoso em suas reflexões, tão de tantos rostos e lugares e, maravilhosamente, tão nosso !

Neste dia, dedicado ao professor, antes que tudo desapareça ou desabe, ou que tudo possa ser mudado e esquecido, que eu possa registrar  e proclamar, ao Mestre, com carinho, ao querido Professor Antônio Munhoz Lopes : VALEU !

 Macapá, 15 de Outubro de 2008.




ANIVERSÁRIO DO PROFESSOR MUNHOZ: 80 ANOS DE IDADE E 800 MIL KM DE ANDANÇAS NO PLANETA TERRA

Eu e o Professor Munhoz no Teatro das Bacabeiras, em 2004

Chegada em Caiena, com parte da delegação
Em Caiena, momento do Festival


Em Caiena
 Aniversaria neste dia 10 de fevereiro o ilustre professor Antônio Munhoz Lopes. Com tanta jovialidade na cabeça parece não fazer 80 anos, mas uns 800 mil quilômetros de andanças sem se cansar. Munhoz é quase onipresente na cultura amapaense. Graças a ele muitos talentos artísticos foram revelados, sem contar os políticos e profissionais que passaram por sua mão, pelos seus ensinamentos. Ele costumava despertar o encanto em seus alunos quando revelava detalhes das visitas que fazia anualmente aos museus e cidades de todo o mundo.

O professor de quatro ou cinco gerações jamais se cansou de ensinar. Mesmo nas rodas de conversas fiadas sempre ele achava um jeito de instruir as pessoas com aquela sua conversa que inevitavelmente terminava na expressão do lente mais exigente: “- Tás ouvindo?” Pura-quase-puxada-de-orelha, nunca uma advertência, talvez um costume linguístico. Deixava claro que ensinava até sem querer. Depois vinha aquela risada gostosa que se espraiava e contaminava os demais com seu humor profuso.

Fui conhecê-lo melhor quando fomos do Conselho Territorial de Cultura, lá pelos anos 80, membros das Câmaras de Meio Ambiente e de Letras Artes. Com ele reforçou em mim a ânsia e a vontade de assistir mais filmes, ler mais livros, produzir e crescer mais e ganhar as estradas do mundo, nessa barca incessante que passa à nossa frente carregada de conhecimento.

Crítico de arte ferrenho, quando gostava de trabalhos artísticos, fossem eles pictóricos, literários, musicais ou teatrais, falava entusiasticamente. Quando não, entrava em um mutismo escondido num sorriso para que o artista percebesse as razões da sua própria mediocridade. Mas sempre foi um incentivador de talentos. Isso ele ainda é.

Não fui seu aluno na rede pública, mas assisti a suas aulas em cursos exclusivos de História da Arte que ele ministrava eventualmente na escola de Arte Cândido Portinari, da qual fui diretor. Em 1986 participamos juntos do “Festival du Plateau des Guyannes”, que reuniu todos os países do norte da América do Sul, em Caiena, com manifestações artísticas e culturais de uma diversidade e riqueza inesquecíveis. Sônia e eu apreciamos o seu conhecimento gastronômico e a sua simplicidade em provar e comer comidas exóticas e estranhas ao nosso paladar. Ele representava ali, a expressão intelectual do Amapá. E muito nos orgulhamos, pois falava fluentemente o francês e o espanhol, entendia o holandês e o inglês e assim nos ajudava na comunicação.

O professor Munhoz é um homem consciente de sua condição. É um defensor das causas amapaenses, um tucuju sem flechas, pois não ataca ninguém. É um homem de diálogo franco, um ser humano iluminado e sensível, tolerante até com aqueles que tiveram a desenobrecida atitude de um dia lhe tratarem mal. Por isso, neste dia 10 de 2012, queremos homenageá-lo mais uma vez e agradecê-lo pelos ensinamentos e conversas agradáveis que tivemos ao longo do tempo que dura a nossa amizade. Eu e Sônia. E toda a nossa família. “- Tás ouvindo, Munhoz?”

Presentes de Munhoz - Telas de Fúlvio Giuliano, em crayon.
 P.S. Dentre as qualidades do professor Munhoz note-se a sua grande generosidade. Daqui eu gostaria de reiterar meus profundos agradecimentos pelas duas telas em crayon que dele recebi de presente, de autoria do padre-pintor Fúlvio Giuliano, feitas na década de 1960. Esses trabalhos certamente enriqueceram meu acervo pictórico.
Foto do Acervo cedido por Ronaldo Bandeira.
P.S. 2. Quando fechava estes textos, um amigo, ex-estudante do CA me contou que certa vez o professor Munhoz dera a um aluno pouco estudioso de sua disciplina (Português) uma nota baixa. O aluno reclamou e o professor ficou de rever a prova, dizendo que se não encontrasse nada para alterar, manteria a nota. No dia seguinte, andando pelo corredor e na presença de vários estudantes, Munhoz ouviu do aluno a pergunta: - Professor, o senhor “manteu” a nota. Munhoz respondeu: - “Manti”. E todo mundo caiu na risada.

ANTÔNIO MUNHOZ VAI DEIXAR SAUDADES NO AMAPÁ (*)


Por Isabelle Braña 
                                  
            Uma das figuras mais nobres da educação e cultura do Amapá é o professor Antônio Munhoz Lopes, Ele faz parte da história de vida de muitos amapaenses, uma vez que sempre se fez presente nas' principais salas de aula do Estado.
            Munhoz tomou-se uma figura pública com facilidade. Sua competência intelectual se mistura a serenidade de todo docente. Mas, apesar da sua extrema relevância para o Amapá, ele decidiu deixar o Estado na última semana. Após ser destratado pela presidência do' Conselho de Cultura, representada pelo historiador. Nilson Montoril, o afamado professor declarou que iria partir para outro estado, já que não tinha mais ânimo de permanecer nesta terra.
            Para a jornalista Alcinéa Cavalcante, ele é um cidadão do mundo e patrimônio do Amapá e de seu povo, pois aqui educou e ensinou toda uma geração. "Aqui semeou cultura. Munhoz é digno de ser reverenciado em qualquer lugar que circule no Amapá e merece todo nosso respeito".
            No ano de 1996, professor Munhoz foi contemplado com o título de Cidadão Amapaense, pela Assembleia Legislativa do Amapá. Ele fez parte da fundação Associação Amapaense de Imprensa e Rádio no ano de 1963, na Piscina Territorial, pelo então governador Terêncio Furtado de Mendonça Porto. Juntamente com ele, Paulo Conrado, A1cy Araújo, Ezequias Assis, Jorge Basile, Luís Ribeiro de Almeida e Mário Quirino da Silva também estiveram presentes na formação da instituição.
Ele participou da fundação da Academia de Letras, ao lado de intelectuais como Heitor Picanço, Cora de Carvalho, José Benevides, Paulo Eleutério Cavalcante e Amaury Farias.
Munhoz é sem sombra de dúvidas, uma das criaturas mais amadas e admiradas no Estado. As homenagens ao eterno professor sempre se fazem presentes. "O meu amor por Munhoz é grande. Por ele, já me debrucei sobre poesias e numa delas falo de seu olhar sobre Macapá", diz uma das grandes apreciadoras de sua história, a poeta Neca Machado.
            Ele também é conhecido pelas suas constantes viagens. Ao longo dos anos, já teve a oportunidade de estar em Portugal, França, Itália, Espanha, entre outros países. O intelectual tem uma forte relação com a Europa e admira as culturas dos países localizados nas outras histórias. Seus amigos contam que suas viagens são custeadas com o dinheiro que ele arrecada das suas economias, pois para o professor uma das suas maiores alegrias é estar em contato com outras culturas.
Ele é tão querido no Estado, que seu nome já virou tema de instituição cultural, e um exemplo disso é a "Galeria Antônio Munhoz Lopes", que funciona na unidade do Serviço Social do Comércio (Sesc) no Amapá.

(*) Publicado na Tribuna Amapaense, edição de 04 a 10 de outubro de 2008

EPIGRAMA PARA ANTÔNIO MUNHOZ


Em Viana, Portugal
SÍLVIO LEOPOLDO (*)


Portugal teu avozinho...
O que te deu Portugal?
Apenas recordações?
Prevejo que seja mal..
Viver de recordações
É como viver perdido,
Fritado em azeite da Guarda
Como posta de bacalhau.
E feito infante embarcado
Do Tejo a mares além...
Se transformar em sardinha
Virar pastel de Belém.

Portugal teu avozinho...
- O que te deu Portugal?
Decerto não apenas vinhos
Embriagando os horizontes,
Lá do Minho, Alto Douro,
Amarante, Trás-os-montes.
Viver de recordações...
De fados, viras. Coimbra,
Torre do Tombo, azulejos.
Não fará ninguém feliz.
Mas Antônio Munhoz Lopes
Cercado por seus alunos
Faz do Asteroide uma Quinta
- Nem sabem do que do que se trata...
Mas pelo arroubo do mestre
Comem pedaços de giz.

(*) Poeta amapaense e ex- aluno de Munhoz

MUNHOZ ABANDONOU O BACHARELADO (*)


Carlos Cordeiro Gomes (**)

O professor Antônio Munhoz se destaca no meio da plebe urbana pelas suas andanças pelo mundo.
Nessas visitas tem armazenado um conhecimento digno de uma enciclopédia ambulante
Possui um conhecimento “de visu” de tudo que possa representar um maior aprendizado de História Universal.
Não sei por onde ele ainda não andou!
Foi um frequentador assíduo de Museus e Bibliotecas espalhados pelo mundo.
Fala com propriedade dos costumes de povos que vivem além-mar e até mesmo de regiões que somente a sua curiosidade de historiador poderia justificar.
No Oriente Médio, defrontou com populações que o fanatismo religioso está acima do bom senso e compreensão humanos.
Conheci Antônio Munhoz como delegado de polícia e na própria policia.
Como boêmio não poderia ser em outro local.
Mas, como delegado de polícia, não titubeou quando lhe foi dado o direito de escolher e mesmo com prejuízo dos seus vencimentos, optou pelo Magistério.
Nunca mais olhou para o seu Diploma de Bacharel, que conseguiu em estudos de Direitos para atender ao desejo dos seus pais.
Este certificado serve hoje às traças!
Revogando o bacharelado, passou a dar aulas no Colégio Amapaense, como professor nas disciplinas de História, Português e Literatura.
E dando aulas, fazendo o que sempre desejou na vida, envelheceu.
Os seus cabelos brancos, que para alguns representam respingos de serenata, para o professor Munhoz são as marcas de uma lida dedicada ao ensino de gerações de amapaenses.
Participou fora das salas de aula, de todos os eventos de reivindicações estudantis.
Na rádio Difusora de Macapá fazia um programa de músicas eruditas e no Jornal do Amapá mantinha uma coluna social, rica em conhecimentos gerais sobre o Amapá, o Brasil e o mundo.
As suas viagens de férias eram mais para se certificar dos monumentos históricos que embalaram os seus sonhos infantis e, mais tarde, a sua juventude.
Entre esses sonhos estavam as Pirâmides do Egito; países do Velho Mundo com visitas às igrejas e museus; Israel, especialmente Jerusalém.
As suas excursões não são dispendiosas, como as pessoas poderiam pensar.
Antes de chegar numa cidade já conta com todas as informações.
Aí incluindo custo da estadia de cada local que pretende visitar.
Foi assim, renunciando bens materiais que lhe poderiam proporcionar um maior conforto em sua vida cotidiana, que o professor Antônio Munhoz conseguiu conhecer o mundo.
E, se alguém perguntar se Munhoz é feliz, garanto que sim, porque mais vale um gosto do que quatro vinténs.
(*) Publicado no Diário do Amapá em 06 de fevereiro de 1997
(**) Jornalista e escritor

CARTAS DO PROFESSOR ANTONIO MUNHOZ LOPES 3


Macapá, 28 de setembro de 2011
Fernando:
Duas cidades em Portugal pelas quais já fui apaixonado: Évora, a “Ebora Cerealis”, dos romanos, com seu Templo de Diana, hoje em ruínas, edificado no ponto dominante da acrópole no início do século III, e onde voltei recentemente para ver a exposição do amigo Rouslan Botiev, tendo por tema Fernando Pessoa. A outra, chamada de Vila das Rainhas de Portugal, é Óbidos, cujo topônimo, dentro de suas muralhas.

Infelizmente, até hoje, embora tenha feito todo o possível, não consegui hospedar-me no seu castelo, convertido em pousada. Mas a cidade toda é um museu, além de pura História, tendo sido no século XII que passou do domínio muçulmano à posse cristã, sendo D. Sancho I o rei que ordenou a igreja de Santiago do Castelo. Bem conservada através de restauros, das seis portas e postigos abertos na cintura das muralhas, merece atenção a chamada porta da Vila, em sua capela-oratório, varandim e o revestimento de azulejos azuis e brancos do século XVIII, como se pode ver na foto tirada na manhã de 09 de junho de 1967, onde estou com Lúcia Silva, na minha primeira viagem de Velho Mundo.

A Rua Direita leva à Praça de Santa Maria, onde um pelourinho manuelino tem como decoração uma rede de pesca, emblema de dona Leonor, mulher de João II. O emblema é em honra dos pescadores que tentaram salvar seu filho do afogamento. A Igreja foi cenário do casamento do futuro Afonso V com sua prima Isabel em 1441. Ele tinha 10 anos e ela 8. No coro da igreja, um retábulo de Josefa de Óbidos representa o Casamento Místico de Santa Catarina. Segundo José Hermano Saraiva, existiu em Óbidos uma povoação romana, tendo as suas ruínas surgidas há alguns anos, quando se trabalhava nas obras da autoestrada. Foi a rainha Santa Isabel, com tantas realizações aquela que mais foi privilegiada pela memória da cidade, embora não sendo esquecidas também D. Inês de Castro, D. Leonor Teles, D. Leonor, fundadora das Misericórdias e D. Catarina, que pagou o aqueduto. Óbidos vale visitas que depois se tornam inesquecíveis.
Antônio Munhoz Lopes

CARTAS DO PROFESSOR ANTONIO MUNHOZ LOPES 2


Foto:Tito Dominguez Nunez

Macapá, 02 de dezembro de 2011
Sônia, prezada Amiga:
Parece incrível, somente ontem na Confraria Tucuju, tomei conhecimento da homenagem que me fizeste no dia 10 de fevereiro deste ano, quando completei 79 anos.
Gostei do que disseste a meu respeito, num texto evocativo, recordando meus 20 anos ininterruptos no Colégio Amapaense, onde também fui diretor (segue a portaria de 17 de abril de 1961, assinada pelo governador José Francisco de Moura Cavalcanti).


Quando te referes a meus “passos curtos e apressados”, lembrei de um aluno que, certa vez, me perguntou se eu andava apressado, correndo da vida. E respondi que, ao contrário, corria para não perder um minuto sequer do espetáculo da vida. E a minha filosofia de vida continua a mesma: viver a vida até a última gota, valorizando todos os minutos da existência.


Enfim, continuo amando a vida. Além do texto limpo, Sônia, gostei imensamente do mosaico com as 26 fotos, mostrando o Munhoz de sempre, com algumas modificações, que o tempo, implacável, não perdoa. E com a descoberta da tua bela homenagem, chegou ontem mesmo de Valparaíso de Goiás uma carta onde a missivista diz: “Fiquei impressionada como os amigos e ex-alunos. São carinhosos e gratos pelo professor Munhoz”.
Se os amigos sempre tiveram papel importante na minha vida, hoje meus maiores amigos são quase todos ex-alunos. E, como lembrança, uma foto que mostro pela primeira vez: eu com cinco anos em Belém do Pará, no dia 10 de fevereiro de 1937. Exatamente no dia do meu aniversário. Será que eu mudei muito? Vai com esta um artigo do Cordeiro Gomes, onde ele diz: “Os seus cabelos brancos, que para alguns representam respingos de serenata, para o professor Munhoz são as marcas de um lida dedicada ao ensino de gerações de amapaenses”.
E a respeito de minhas viagens, afirma: “Quase todos os anos, o professor Munhoz cai no mundo”. Uma falha é quando afirma: “Foi um frequentador assíduo de museus e bibliotecas espalhados pelo mundo”. Foi, não, pois contínuo descobrindo museus, como em julho deste ano. Em Madri, descobri um museu extraordinário: o Museu Cerrallo, magnífico palácio de dom Enrique de Aguilera y Gamboa, XVII Marquês de Cerrallo (1848-1922) em 28.000 peças incluindo pintura, escultura, numismática, relógios, desenhos, armaduras, etc. e em Cascais, Portugal, estive no novo Museu Paula Rego, admirando “O ORATÓRIO”, de grande força artística, onde os santos são substítuidos por crianças. Um novo Museu de Madri em um acervo extraordinário é o Thyssen – Bornemisza, que pertenceu ao barão suíço Hans Heirich com Thyssen – Bornemisza de Kaszon, dono da maior fortuna indivídual do seu país e uma das maiores da Europa. O que se vê hoje é o maior e mais completo acervo particular do mundo.
E quando Macapá terá um Museu de Belas-Artes? Tenho 52 anos de Amapá. Acho que vou morrer sem vê-lo. Outra foto que te mando: Eu, no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, na manhã de 12 de setembro de 2010, em foto de Tito Dominguez Núñez. Obrigado por tudo.
Antônio Munhoz Lopes

CARTAS DO PROFESSOR ANTONIO MUNHOZ LOPES

Tela Pe. Fúlvio Giuliano (Acervo Fernando Canto)

Macapá, 09 de junho de 2007
Caríssimo Tito(*):
Estou triste, pois acabo de perder um grande amigo: num hospital de Gênova, morreu o padre Fúlvio Giuliano. Conheci-o quando chegou aqui no dia de São Pedro, em junho de 1962. Numa entrevista ao “Correio Popular” em 19 de outubro de 1985, confessou que foi em Santana, “o primeiro chão brasileiro em que pisei”.
Na travessia para o Brasil, que durou 16 dias, pintou diversas telas em pleno Oceano. Em 1963, lembra do convite que fiz para que participasse do I Salão de Artes Plásticas do Amapá, levando-o também ao I Salão de Artes Plásticas da Universidade do Pará, recebendo Menção Honrosa com a tela “Arraial de Nazaré em Macapá”, hoje perdida. Também participou do II Salão, em 1966, com apenas duas telas, incluindo um magnífico “São Carlos”. No III Salão, cujo vernissage foi em 13 de setembro de 1967, ele contribuiu com três obras: “Escada de Jacó”, que pertenceu ao Dr. Marcelo Cândia, e hoje faz parte da minha coleção, “Lava Pés” e “Passagem do Mar Vermelho”. Também marcou presença no I Salão de Artes Plásticas do Colégio Amapaense, com 14 quadros da Via-Sacra.
Um ponto alto foi a retrospectiva que fiz da sua obra no então Conservatório Amapaense de Música, onde eu era o diretor. O primeiro quadro que pintou para mim, uma das maravilhas do meu acervo é o “São João Crisóstomo”, depois vindo o “Santo Antônio”, de 09 de dezembro de 1983, presente dos alunos do Seminário São Pio X, onde fui professor.
Outro quadro maravilhoso é o ícone “Redemptoris Mater”. Inesquecível, por ser único é o “Auto – Retrato”, pintado em Nervi, no dia 06 de abril de 2004, é como ele diz no verso: “Doado ao amigo professor Antônio Munhoz Lopes”.
Também não se pode esquecer “O desastre”-, de 1963.
Na última foto que mandou, na carta de 14 de maio (último), aparece com o tríptico do Batistério para a nova Catedral. E me diz: “Como falei nas cartas anteriores, as forças para trabalhar vão cada vez mais diminuindo”. Numa outra, afirmava: “Depois que regressei do hospital, não sou mais o mesmo de antes”.
Embora levasse uma vida santa, de oração e trabalho, como artista era também sonhador, acreditando que a beleza salvará o mundo.
Antônio Munhoz Lopes
(*) Tito Dominguez Nuñez

ANTÔNIO MUNHOZ LOPES – “O MESTRE” *

 Parque dos Poetas. Escultura do  Mário de Sá-Carneiro, do escultor Francisco Simões em 29.07.2008.

Por Bellarmino Paraense de Barros**

Neste mundo eivado por constantes notícias no seu grau mais acentuado de perversidades e de acontecimentos anticristãos, falar, ler e ouvir sobre o cidadão Antônio Munhoz Lopes, vale como retemperar a crença em nós mesmos, de que o mundo não conseguiu derrear este jovem quase setentão pelo entulho hediondo dos males que perturbam o viver das populações que se movem sobre face da terra.

Como advogado, Munhoz exerceu no ex-Território do Amapá, o difícil cargo de primeiro Delegado da Divisão de Ordem Política Social (DOPS). As funções não convinham a essa criatura que fez opção pelas posturas mansas, doutrinadas no Seminário Metropolitano Nossa Senhora da Conceição e Seminário Santo Antônio onde fez o curso de Filosofia, recebendo a batina no dia 08 de Dezembro de 1950.

Com toda essa bagagem cultural e religiosa, Munhoz optou pela sagrada missão de ensinar, aliás, ensinar é plasmar caráteres jovens para a penosa missão de servir o próximo nesse confuso mundo da convivência social. O mundo, todavia, não é aparelho, principalmente no campo da cultura.

 O Professor Munhoz carrega em sua mente uma bagagem valiosa representada por sua cultura por sua formação moral. Pessoas existem mourejando pela vida, que apresentam as mais ricas expressões de ignorância e de santidade.

Nos bairros do Trem e do Laguinho, o então Governo Territorial mandou construir duas unidades, uma em cada bairro, que foram nomeadas de banheiro público. Ali se banhavam os trabalhadores enquanto que as senhoras lavavam roupas em vários tanques ali postos para essa finalidade.

Como político do bairro, arranjei a vaga de zeladora do bairro do Trem, para a minha comadre Ercília, que apesar de ser portadora da deficiência física, era, além de eficiente em suas funções, respeitada pelo atrevimento que usava para garantir o bom desenvolvimento do seu trabalho.

Certa ocasião, várias usuárias do banheiro público se desavieram com repercussões espalhafatosas. Para prevenir a irreversível reprimenda do Governador do então Território do Amapá, mandei chamar minha comadre Ercília e cobrei-lhe satisfações sobre o ocorrido. Logo minha comadre Ercília justificou-se: - Compadre, isso aconteceu, porque eu não estava lá na hora porque se eu "tassi" as brigonas iam se arrepender. Quase beijei a minha comadre pela pérola que ela usou para se defender e mandei-a embora perdoadíssima.

Manoel Esperidião Ramos, duas vezes meu compadre pela sua escolha para que minha esposa e eu batizássemos seus filhos Cosme e Damião, era um carpinteiro dos bons, que comigo serviu na então Olaria Territorial e devoto fervoroso de Santa Luzia, costumava comercializar o suco de açaí, como subsídio para o sustento de sua família. Um dia meu compadre Esperidião compareceu ao escritório do órgão, e timidamente foi logo informando de sua presença ao me propor; - Compadre, lá em baixo tem uma peça de acapu que eu vou precisar para preparar uma falca para a minha canoa que transporta açaí, e eu pago quinze cruzeiros pela mesma. E eu respondi: - Compadre, aceitamos porque essas peças vão acabar queimadas porque não servem mais pra nada. Meu compadre Esperidião ouviu minha informação e exclamou: - Meu Santíssimo Deus, se eu advinha-se não tinha "dizido" quinze cruzeiros!

Comovido com esta inesperada reação do meu compadre, respondi a ele que não tinha ouvido ele dizer quinze cruzeiros, mas sim, obrigado. E disse a ele: - Compadre, leve todas essas peças de madeira, aproveite para isso o caminhão dirigido pelo compadre Major.

Um dos trabalhadores da Olaria, estava com sua esposa possuída por uma cruel dor nos intestinos. Encaminhei-o ao meu amigo médico Mano Barbosa, que determinou lhe: - Vá correndo à farmácia e compre uma lavagem, o atormentado trabalhador dirigiu-se como um louco a farmácia Serrano e foi logo dizendo: - Eu quero uma lavagem para a minha esposa.

O Sr. Serrano, atencioso, informou ao afobado cliente: - Temos três tipos de lavagem: estomacal, intestinal e vaginal; qual o senhor deseja? O pobre trabalhador respondeu; - Nenhuma, mas espere aí, o senhor não tem nenhuma cuzal? Para mim eu daria nota dez para nosso ignorante trabalhador, pela sua boa fé em acudir sua padecente esposa.

Nos primeiros anos de administração territorial não existiam agências funerárias, e então, todas as urnas fúnebres eram preparadas na Olaria Territorial. Certo dia ingressou no meu escritório, aos prantos, uma pobre mulher que havia perdido sua filha e se encaminhava até ali para encomendar o respectivo caixão. A chorosa senhora vinha a ser minha comadre, e sua filha minha afilhada, e em decorrência, sua dor foi assimilada por mim que também me senti penalizado.

Minha comadre no quadro doloroso de sua dor me disse: - Compadre, o senhor está lembrado daquela boneca que o senhor deu quando ela completou o seu primeiro aninho? Era sua alegria, amiga inseparável. Hoje de manhã notei uma palidez que me deixou desanimada. Para testar a gravidade de sua doença eu lhe perguntei: - Minha filha, você quer sua boneca? Compadre, ela nem se mexeu. Aí eu deduzi essa não vai querer mais! Como de fato ela não se animou e parou para sempre.

 A cidade do Amapá, poeirenta nos primórdios do ex-Território, também não possuía casa funerária, e os caixões eram feitos de marupá, preferida por ser leve e dócil nas mãos dos marceneiros. Certo dia, várias pessoas procediam ao enterro do corpo de uma senhora um tanto quanto obesa, acomodada em um caixão de marupá confeccionado por um operário curioso nesse metier. Não havia neste “envoltório”; alças de metal, mas peças de couro nele afixadas, sendo três de um lado e três de outro. Uma corda forte traspassada nas alças possibilitava tecnicamente para que dois homens transportassem aquela finada, motivo daquele cortejo fúnebre.

Notava-se um pranto ostensivo cometido por algum dos acompanhantes do enterro. A cidade do Amapá, na época, era dotada de vias poeirentas, que infernizavam seus habitantes sem contar com as ondulações que danificavam os veículos que por ali passavam. Aconteceu que neste caminhar descadenciado, as alças do caixão arrebentaram. Então as tábuas do fundo da urna se despregaram e o corpo da inditosa senhora despencou com mortalha, flores e pedaços de vela no caminho poeirento na cidade do Amapá.

Diante deste infausto acontecido as pessoas mais atentas tratavam de amarrar o caixão repondo no seu derradeiro lugar o corpo empoeirado da defunta enquanto os acompanhantes apresentavam uma forma impossível de reprimir.

Esses são alguns trágicos e cômicos que ocorreram no nosso amado Amapá, que a história silencia, e que eu introduzo nesta humilde crônica que sua prodigiosa cultura desconhece.

Não pretendi fazer humor invocando fatos tristes do nosso querido Amapá, todavia o mestre Munhoz sabe que o humor nada mais é do que o impacto do inesperado no nosso subconsciente. Sua história repleta de grandes feitos nas letras que lhe deram louros em seu mestrado. Seu cabedal de conhecimentos foi premiado pelas viagens empreendidas por vários países e continentes, diploma de Honra ao Mérito expedido pela Câmara Municipal de Macapá, além do colar do Mérito Judiciário e outras honrosas concessões. Meu caro Mestre Antônio Munhoz, receba através dessa crônica um valioso abraço fraternal deste velho batalhador do Amapá.

( * ) Edição de 21 de novembro de 1999- Jornal do Dia
(**) Cronista do Jornal do Dia

Aniversário do Professor Munhoz

PETITES (*)
            Em Macapá, hoje, um bom amigo está contando tempo: Antônio Munhoz. Mestre dos mais benquistos, figura humana do maior quilate e das mais cultas que conhecemos, além de crítico de arte, e homem de imprensa, Munhoz não vai chegar para os abraços dos inúmeros amigos que tão bem soube conquistar e merecer em sua segunda terra. Daqui, com o registro vão as felicitações do colunista.
(*) COLUNA DO EDVALDO MARTINS – A Província do Pará, 5ª feira, 10 de fevereiro de 1977. Belém – PA

MUNHOZ (*)
O professor Antônio Munhoz está sempre presente nos acontecimentos sociais e culturais do Estado. Ele é detentor de uma enorme bagagem de conhecimentos à custa de inúmeras viagens internacionais. O professor Antônio Munhoz é um dos componentes do Conselho de Cultura do Amapá. É um cidadão admirável.
(*) Coluna de LEONAI GARCIA, no Diário do Amapá. Agosto de 2004.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Zunidor - VÁSSIA SILVEIRA

A jornalista Vássia Silveira vem à Macapá este ano. Possivelmente lançará o seu último livro de crônicas que publicou em Rio Branco – AC, onde mora atualmente. Em 2012 vai publicar mais um livro, mas ainda está indecisa se será de contos ou de poesias. Vássia transita bem em todos os gêneros que escreve. Tem um estilo impecável. Acesse seus blogs: www.todaquinta.blogspot.com ; www.anaesuasmulheres7.blogspot.com e www.oblogsavassia.blogspot.com . Ou reler sua crônica sobre o trapiche Eliezer Levy na coletânea lançada por ocasião de sua reinauguração com bondinho e tudo.

Inderê! Volto zunindo antes do aniversário da cidade.

Zunidor - MARCELO DIAS

O título foi solicitado pelo vereador Marcelo Dias, que também é músico e sensível à produção musical do Município de Macapá.  Parabéns aos novos “Cidadãos de Macapá”, ao vereador Marcelo Dias, e à toda a Câmara de  Vereadores.

Zunidor - MERECIMENTO

Grupo Pilão: Orivaldo Souza, Juvenal Canto, Eduardo Canto, e Bi Trindade

No dia 03 de fevereiro a Câmara de Vereadores do Município outorga o diploma de “Cidadão de Macapá” a diversas personalidades. Entre elas estão meus irmãos Juvenal e Eduardo Canto e meu parceiro e amigo Bi Trindade, que juntos fundamos o Grupo Musical Pilão há aproximadamente 37 anos. Juvenal e Eduardo nasceram em Óbidos-PA. Benedito Trindade, o Bi, nasceu em Abaetetuba (Terra da Cachaça). É sobrinho do mais importante músico do Estado e compositor do Hino do Amapá, Mestre Oscar Santos, irmão do famoso trompetista Assumpção e primo de Beto Oscar, Lúcia Uchôa (Ex- Diretora da Escola de Música da UFPA) Fátima (professora de piano e canto coral), Socorro Santos e Neuma Santos (atual e ex-diretora da Escola de Música Walquíria Lima). O contemplado com o título também é formado em Letras pela UNIFAP e pós-graduado em Língua Francesa em Nice, França. É fundador da Escoça de Língua Francesa Dannielle Miterand, além de cantor e compositor. Eduardo é funcionário público federal da CEA, Técnico em Edificações, Administrador de Empresas e cursa o 10º semestre de Direito na FAMA. É percussionista, compositor e cantor. Juvenal é Estatístico, funcionário público federal. Foi membro do Conselho Territorial de Cultura e Diretor do Teatro das Bacabeiras, entre inúmeros cargos públicos que já exerceu. É cantor e instrumentista.
Fico feliz por eles, pois o trabalho de pesquisa que desenvolveram nesses anos todos, redundou num franco crescimento demandado às temáticas musicais locais e com isso à elevação da auto-estima amapaense. Já recebi esse título e sei o quanto ele pesa. Agradeço do fundo do coração ao meu amigo e ex-vereador laguinense Alceu Filho, que me outorgou na década de 1990.

Zunidor - KUBALANÇA

O Bloco Kubalança, do Morro do Sapo localizado ali no Laguinho, está bombando com a realização de promoções. Na sua sede provisória na Rua São José. Todos os domingos, Jorginho do Cavaco faz a diferença com apresentação do seu grupo de pagode que só tem fera.

CD FELIZ CIDADE

Com 12 músicas gravadas será lançado no dia 04 de fevereiro o CD “Feliz Cidade”, comemorativo aos 254 anos de Macapá, sob a chancela da Prefeitura. O disco traz músicas inéditas de diversos compositores, como Nivito Guedes, Manoel Cordeiro, Mauro Guilherme, Cleverson Baía,  Ana Martel, Osmar Júnior, Juliele e Fernando Canto, além de um samba de Vicente Cruz. Os arranjos são de Manoel Cordeiro.

Zunidor - RENATO VIANNA

 Há cerca de um mês viajou para a eternidade o funcionário público dedicado, aos 85 anos, Renato Vianna. Fica aqui na coluna o registro de sua partida e os pêsames à família enlutada. Meu amigo Carlos Vianna contou-me que Renato, além de boêmio que gostava de cantar e tocar violão com o pessoal da seresta em Macapá, também foi presidente da Boêmios do Laguinho.

Zunidor - RESULTADO

Infelizmente não gostei do resultado. Agora é samba no pé e a soma dos quesitos que farão da minha escola a campeã. De novo.

Zunidor - POROROCA

Deve-se louvar a dedicação do grande maestro Bababá, que regeu a bateria Pororoca, a Furiosa, comandando os percussionistas bem treinados que honram a nossa escola, como diz o samba de Vicente Cruz e Ademir do Cavaco: 
Um caso de amorOrgulho e paixãoCantar e revoar desta nação”. 

Zunidor - FESTIVAL DE SAMBA ENREDO

 O Sambódromo ficou pequeno para tanta gente que circulou acompanhando as apresentações das Escolas no concurso de Sambas de Enredo do Carnaval 2012. Achei impressionante a performance dos concorrentes, mas sobretudo  a apresentação impecável de Macunaíma e intérpretes dos Boêmios.

Zunidor - RODRIGO

O carnavalesco Rodrigo Siqueira, um dos responsáveis pela chamada revolução estética do carnaval amapaense e figurinista exclusivo da Associação Universidade de Samba Boêmios do Laguinho, está a mil por hora no incansável trabalho de orientar os operários do samba e até mesmo pegar no pesado, nos barracões da Universidade. Promete um visual para ninguém esquecer.

Zunidor - FORTALEZA

No bojo das comemorações, o DETUR, juntamente com o Departamento de Desenvolvimento Cultural da Secretaria de Educação e Cultura realizou, em conjunto, uma grande e memorável festa popular para reverenciar o Bicentenário da Fortaleza de São José de Macapá, no dia 19 de março de 1982.
O arquiteto Chikahito Fujishima foi quem retirou a rampa de acesso à fortificação e projetou a escada de madeira que ali ficou também por longos anos, até a restauração efetuada pelo governo Capiberibe.

Zunidor - CARTAZ DE ANIVERSÁRIO

 Depois de trinta anos a equipe que fez o primeiro cartaz alusivo ao aniversário de Macapá reuniu-se para uma foto. Liderados pelo jovem publicitário Walter Júnior do Carmo, o arquiteto Chikahito Fujishima, o administrador Carlos Vianna , o jornalista Paulo Oliveira e o sociólogo Fernando Canto, reuniram-se na época para elaborar ao peça publicitária institucional denominada “Adelantado de Nueva Andaluzia”, primeiro nome dado às terras amapaenses.
Foi um trabalho de peso que fez mudar o rumo das comemorações e até da economia da cidade, visto que nessa data (04 de fevereiro) há um grande movimento comercial em torno da festa.
Lembro que naquela semana (1982) a SEPLAN/DETUR realizou a programação que constava até de uma palestra sobre a data, proferida pelo saudoso historiador, professor Estácio Vidal na Praça da Bandeira, com transmissão ao vivo pela Rádio Difusora de Macapá.

Prefeitura de Macapá lança CD em homenagem a cidade

A Prefeitura de Macapá lança no dia 4 de fevereiro, durante show no Mercado Central, com início às 19h, o CD “Macapá, Feliz Cidade – 254 anos”. São doze músicas de amor a cidade de Macapá, compostas e interpretadas pelos maiores nomes da música popular amapaense.

Dentre os artistas convidados estão Patrícia Bastos, Ana Martel, Juliele, Cleverson Baia, Bebeto Nandes, Manoel Cordeiro, Osmar Junior, Miquéias Reis, Nivito Guedes, dentre outros.

Todos os artistas que participaram do CD estarão no show de aniversário da cidade, que ocorre no Mercado Central, mas que terá prévias em pelo menos cinco pontos da cidade: Praia da Fazendinha, Rua Claudomiro de Moraes próximo a Feira Maluca, Marabaixo I e Entrada da Rodovia do Curiaú.

A Prefeitura mandou prensar dez mil cópias, que serão distribuídas ao longo de fevereiro.


Prefeitura de Macapá
Coordenadoria de Comunicação


Contatos para entrevistas
Miqueias Reias - 9128 3322

Deu na FOLHA DE ÓBIDOS

Quarta-feira, 25 de Janeiro de 2012, 13h37
Tem obidense sendo homenageado no carnaval de Macapá
A escola de samba Universidade de Samba Boêmios do Laguinho homenageia nesse carnaval o obidense Fernando Canto e Osmar Júnior. O tema que a agremiação vem para o carnaval desse ano é: “Laguinho, África Minha: Canto e Revoadas de Dois Poetas Geniais”. Esse enredo irá contar na avenida a história musical desses artistas, que tem o bairro como fonte de inspiração.

Boêmios do Laguinho é a atual campeã do carnaval macapaense e promete surpreender  público e jurados, mais uma vez, apostando na sua criatividade, ousadia e beleza plástica.

Segundo a assessoria da escola, a proposta é valorizar as raízes e a cultura do bairro a ser a fonte da Boêmios. O presidente da Universidade do Samba, explica que continua investindo na inovação do carnaval amapaense introduzindo novos elementos tanto na abordagem como na construção temática, apelo estético e visual.

Não é a primeira vez que Fernando Canto é homenageado no carnaval de Macapá, mas esse ano está tendo um gostinho diferente. “Por ser uma escola do meu bairro (O bairro do Laguinho é o mais tradicional bairro de Macapá. É o bairro do Samba e do Marabaixo - folclore negro daqui), fiquei muito feliz pelo reconhecimento, em função da música e da literatura que faço sobre as coisas daqui.

Já fui homenageado por outra escola do Laguinho (Piratas Estiliados) em 1995 e por outra do bairro do Buritizal em 2004. Só sei que é uma coisa que bate muito no emocional. É preciso se cuidar muito”, revelou Fernando.

Fernando Pimentel Canto é professor, sociólogo, escritor, poeta e membro da Academia Artística e Literária de Óbidos (AALO), nasceu em Óbidos-PA. Chegou em Macapá no ano de 1962, com 8 anos de idade Sua paixão pelo Laguinho foi exposta logo cedo, sua primeira composição, feita aos oito anos, chama-se “Laguinho, Laguinho, Laguinho”. Depois dela dezenas de obras gravadas em discos e publicadas em livros sem perder de vista o Laguinho.

Osmar Júnior, nasceu no Laguinho e de lá saiu para cantar o bairro. Também personagem de valor da história do bairro e do Amapá, Osmar foi do rock ao samba embalado pela percussão de caixas e tambores. Juntos ou formando outras parcerias, Fernando e Osmar imprimem sua paixão pelo bairro onde que estejam, e Boêmios presta a merecida homenagem  aos astros Laguinenses.