domingo, 27 de junho de 2010

PARA QUE SERVE UMA RÁDIO UNIVERSITÁRIA

Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo, 27/06/10

placa_inauguração Talvez não fosse bem esse o termo para o título do presente artigo. Melhor seria “para quem serve uma rádio universitária”.

A ideia é esclarecer pessoas que vêem na futura emissora da UNIFAP um instrumento para a divulgação de suas ideologias políticas e/ou religiosas e que fingem não acreditar que a Universidade Brasileira é laica, assim como é o Estado, bem descrito em artigo Constitucional. Por outro lado, também existem artistas que a têm como veículo de suas criações musicais, e que acham que uma rádio universitária só deve tocar músicas produzidas no Amapá ou por amapaenses, mostrando um nativismo exacerbado, para não dizer xenofobia. Não compreendem que o termo universidade é o mesmo que totalidade; que vem de Universo, portanto amplo e irrestrito, qualidade de universal.

Um dos objetivos das rádios universitárias públicas é ser laboratório para complementar a formação dos estudantes de comunicação e de cursos afins.

As rádios universitárias federais são determinadas a permitir e a garantir o debate de idéias heterogêneas dos mais diferentes segmentos sociais, num processo dialético e irrestrito, aquele que prima pelo conhecimento e pelas verdades dos paradigmas científicos ou de sistemas filosóficos vigentes, e sempre em choque, em evolução.

O sistema de radiodifusão brasileira categoriza as rádios universitárias, quer sejam públicas ou privadas, como educativas, porque as universidades têm competência para serviço de radiodifusão, embora a legislação não determine que papel as emissoras devam cumprir em relação as suas programações. Por isso os especialistas dizem que cada uma faz a formatação de sua programação que entende ser a melhor.

A Rádio Universitária da UNIFAP tem como consignatária a Empresa Brasileira de Comunicação S/A – EBC. Por ser pública, e ligada a uma IFES, não podemos reproduzir o que as rádios comerciais fazem, mas sim produzir novos conhecimentos e contribuir para a formação de novos profissionais de jornalismo e para que a Universidade e a sociedade sofram mudanças para melhor.

Entretanto, há experiências nacionais de que nenhuma rádio universitária se sustenta enquanto proposta teórica e educacional ou somente científica-erudita-cultural para transformar a realidade brasileira. Sua prática deverá ser conduzida para cumprir um importante papel na formação de alunos, na divulgação do conhecimento, na democratização da comunicação e da extensão universitária.

Por ser uma Rádio Universitária pública tem perspectivas laboratoriais e públicas. Por ser pública enseja que seu público são “Todos”, aqueles que estão ligados a condição da cidadania, com sua igualdade de direitos e deveres.

Daí, então, a pluralidade de sua programação e a diversidade cultural com que ela deve chegar aos diferentes públicos.

Como realidade, a Rádio Universitária da UNIFAP é um marco na comunicação do Estado porque chega antes do curso de Comunicação da instituição e por pretender, após sua liberação total pelos órgãos competentes de telecomunicações, pensar em públicos diferentes, com a nobre missão de informar, educar, entreter e estar a serviço do interesse público. Pensar, divulgar e enriquecer com isso a cultura regional e as coisas por nós produzidas, no Amapá, na Amazônia e no Brasil.

Não é meta, ainda, cobrir todo o território amapaense, até porque as rádios universitárias têm média potência, mas no futuro queremos atingir variados públicos, pois uma rádio universitária deve ser uma ferramenta contra o monopólio da informação e a serviço da sociedade.

Estamos em processo de instalação e por isso teremos um Regimento e um Conselho de Administração que regulamentarão a sua programação, pois uma Rádio Universitária que tem função social não pode ser direcionada para grupos privilegiados de ouvintes ou clubes, mas essencialmente para a sociedade, para Todos (Para melhor compreensão indico o texto de Sandra de Deus “Rádios Universitárias Públicas: compromisso com a sociedade e com a informação”. Rev. Em Questão, vol. 9, Porto Alegre, 2003).

sábado, 26 de junho de 2010

É BIG! É BIG!

Hoje é um dia de aniversários especiais para a família Cavalcante:

helena EXIF_IMG

Maria Helena e Maria Célia gêmeas irmãs da Sônia, parabéns.

EXIF_IMG Ismênia Suzuki, sobrinha de Sônia. Está em Brasilia acompanhando seu pai em tratamento de saúde. Felicidades!

UM ANO DO CANTO DA AMAZÔNIA

Hoje faz um ano que começamos a postar este blog, eu e Sônia. O “Canto da Amazônia” começou por insistência dela para que disponibilizássemos informações sobre a diversidade cultural da Amazônia, mas especialmente a do Amapá.

A comunicação digital nos permite a integração e a inter-relação com pessoas de todas as partes do planeta, em uma comunicação sem fronteiras, sem espaço, a qualquer tempo. Nós sabíamos disso, mas não tínhamos ideia do quanto esse sistema era amplo. E o “Canto” seguiu seu curso com tranqüilidade até que foi transformado em coluna do jornal “A Gazeta”, a convite do seu superintendente Silas Júnior.

Hoje o blog tem quase 27 mil acessos, o que representa uma freqüência de mais de dois mil acessos mensais, com inúmeros comentários sobre as postagens. Elas variam desde textos sobre arte e cultura a aspectos sócio-políticos do Amapá, também publicados aos domingos na “Gazeta”, a fotos históricas, familiares, paisagísticas, de eventos e de personalidades.

É hora, então de agradecer a todos os nossos leitores-internautas que nos prestigiam diariamente, bem como aos amigos que fazem comentários, que colaboram fornecendo dados e imagens, e que dão opiniões sempre legais para o aprimoramento deste veículo.

Reiteramos, portanto, nossos agradecimentos a todos os que acessam o “Canto da Amazônia”, embalados no sonho de divulgar e valorizar cada vez mais a nossa região e a nossa cultura.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

COLUNA CANTO DA AMAZÔNIA

Publicada no jornal “A Gazeta” de sexta-feira, 25/06/10

EX-REITOR VOLTA PARA CASA

jose maria silva O ex-reitor da Universidade Estadual do Amapá – UEAP, professor José Maria Silva, retornou às suas atividades integrais na UNIFAP, de onde estava licenciado para exercer cargos no Governo do Amapá, desde 2003.

O professor José Maria foi secretário de Ciência e Tecnologia e primeiro reitor da UEAP. Com a mudança de governo solicitou a exoneração em abril, que depois lhe foi negada pelo governador Pedro Paulo, mas pediu novamente em junho, em caráter irrevogável, dada uma situação, segundo me disse o próprio, que lhe vinha tirando o sossego, inclusive com ameaças de morte por uma facção política instalada naquela instituição.

Agora o professor pretende fazer seu pós-doutorado e coordenar trabalho de pesquisa na qual vai enfocar uma espécie de etnografia política do Estado, questões de poder familiar e influência destas no jogo do político local.

ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS

jose carlos tavares O PROFESSOR José Carlos Tavares, reitor da UNIFAP participou na semana passada da Reunião da Academia Brasileira de Ciências que este ano ocorreu em Belém.

Debateu com aquele egrégio colégio o projeto de atração de recursos humanos qualificados para a Amazônia, que a Academia vai apresentar aos candidatos à presidência da República e a outras instituições de pesquisa do Brasil, como o CNPq.

Tavares foi convidado para integrar a ABC e vai aceitar o convite. Em tempo: a ABC não funciona como a de Letras, que só aceita novos membros após a morte de um titular.

AMAZÔNIA E DEFESA

jadson porto Foi adiado para data ainda a ser confirmada o lançamento dos livros “Amazônia e Defesa”, e “Migrações Internacionais na Pan-Amazônia”. O primeiro foi organizado pelo professor Durbens Nascimento, do Núcleo De Altos Estudos Amazônicos da UFPA, e trata do resultado do 3º. Seminário Nacional sobre Defesa e Fronteira na Amazônia, realizado em junho de 2009, em Belém. Foi financiado pelo Edital Pró-Defesa. O segundo foi organizado pelo professor Luis Aragón, também do NAEA/UFPA.

O “Defesa” traz um artigo do professor Jadson Porto, da UNIFAP denominado “A Condição Fronteiriça Amapaense: da Defesa Nacional à Integração Internacional”, no qual o autor discute que a condição fronteiriça amapaense é decorrente da gradação da magnitude do Estado, estimulada pela justificativa de defesa nacional e pela sua integração ao mundo globalizado e articulado em redes.

No livro sobre Migrações há um capítulo inteiro produzido pelo professor Manoel Pinto, também da UNIFAP/MINTEG.

CT-INFRA

Elizabeth Viana A professora Elisabeth Vianna, chefe do Departamento de pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UNIFAP informou que a instituição foi contemplada com R$ 750.000, 00 para o projeto CT- Infra, coordenado pelo Professor Yurgel Caldas.

Os recursos são oriundos da FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos - do Ministério de Ciência & Tecnologia e serão destinados para a infra-estrutura de pesquisa da UNIFAP, que se converterão na construção de prédio, móveis e equipamentos modernos, necessários para facilitar a vida dos pesquisadores institucionais.

BODAS DE BANDOLIM DE OURO

lolito do bandolim Sábado passado, dia 19 o bandolinista Laurindo Trindade, o “Lolito”, e sua digníssima esposa, Senhora Neves Ferreira completaram 50 anos de feliz união.

A data foi comemorada no salão de eventos do Macapá Hotel com muita música ao vivo. Estiveram presentes Manoel Sobral, Beto Sete Cordas, Dos Anjos, Benjamim do Clarinete e toda a família dos Trindade, que tem entre seus membros uma plêiade de músicos, como Leonardo Trindade (“Boca”) e Luís Pacheco, entre outros. Parabéns da coluna ao inimitável instrumentista, que alegra a noite macapaense com seus chorinhos.

PULANDO FOGUEIRA

O dia 29 de junho, dia de São Pedro e das festas juninas, é uma data especial para mim, pois vai fazer exatos 15 anos que parei de fumar, depois de ter passado 25 anos fumando cigarros fortes como minister e holliwood. Nesse dia pulei uma fogueira, após uma cirurgia de uma neoplasia na boca, mas fiquei curado graças aos médicos, à família e aos amigos, aos quais tenho profunda gratidão pela força de me deram.

Por causa do cigarro perdi grandes amigos, inclusive o Ronaldo Bandeira, que um ano antes de morrer escreveu-me dizendo que estava em uma batalha contra o caranguejo e que o venceria. Não venceu. O caranguejo, símbolo astrológico do câncer, ceifou-lhe a vida, mesmo que os médicos tivessem usado de toda a tecnologia para a sua cura.

Como ex-fumante eu sei que é chato pedir, mas, por favor, não fumem, principalmente onde haja crianças.

ZUNIDOR

noé Encontrei em uma rua do conjunto Laurindo Banha o violonista Noé, na batalha, passeando de bicicleta e violão. Ia dar aula para uns alunos daquele bairro.

eunice pereira Nivito Guedes se prepara para ir à Brasília com vários compositores de Macapá que integram o CD sobre DST-AIDS, do Ministério da Saúde, realizado pela SESA, com a coordenação de Eunice Pereira. Enrico di Micelli e Sabatião, entre outros, também vão nessa. É um trabalho inédito no Brasil e o CD está lindo. Nele há duas composições de minha autoria em parceria com o Nivito.

O radialista Armstrong andou sonhando com uma “criança verde”. Não, não era a filha do Hulk e nem marciana. Era uma “criança verdinha”, mesmo. Novinha, novinha, diz ele.

Reitor da UNIFAP, Tavares tem audiência na próxima semana com o Ministro das Comunicações. Informou ainda que todos os recém-aprovados no último concurso para professor serão nomeados a partir de 02 de julho. Uma turma de engraçadinhos do Bar do Abreu apelidou a área do Fundo di Kintal e o motel Tuca’s, no Congós, de “Faixa do Gozo”.

Inderê! Volto zunindo na sexta.

terça-feira, 22 de junho de 2010

SHOW “SÃO BATUQUES” COM BETO OSCAR E HELDER BRANDÃO

Por Mariléia Maciel

Os ritmos e ritos das comunidades tradicionais quilombolas do Amapá são a base do show São Batuques, uma produção que exalta a riqueza poética e melódica das manifestações folclóricas e está sendo preparado pelos músicos Beto Oscar e Helder Brandão. Com músicas de autoria própria influenciados pelos sons dos tambores de batuque, marabaixo, zimba, sairé, tambor de mina e por compositores populares, o show vem mostrar a essência musical deixada pelos antepassados afro-descendentes que continuam sendo preservados dentro das comunidades, mas que, de acordo com os músicos, correm o risco de se estilizarem totalmente e perderem a identidade cultural.

“Neste show iremos resgatar e valorizar a cultura tradicional com releituras que não descaracterizem a raiz cultural das músicas”, fala Beto Oscar. Os dois artistas falam com propriedade sobre o assunto. Eles já estiveram juntos em formações musicais como o grupo Raízes Aéreas, que foi um dos primeiros a introduzir tambores de marabaixo em shows feitos por um grupo de jovens no final da década de 80. Junto com outros talentos como Naldo Maranhão, pesquisaram e trouxeram para grandes palcos os sons produzidos nas comunidades quilombolas.

Além de talento e experiência adquirida em shows e festivais, eles têm no currículo formação que complementa e enriquece seus trabalhos. Beto é cantor e compositor com estudo iniciado no antigo Conservatório de Música e diploma como técnico em violão erudito da Escola de Música da UFPA e graduação plena em música pela UEPA. Também integrou o Senzalas e com ele viajou pelo Brasil e chegou até a Alemanha. Helder Brandão, também compositor e cantor é formado em licenciatura plena em letras na UNIFAP e atualmente é 2º sargento músico da banda da Polícia Militar. Já se apresentou com diversos artistas amapaenses e com eles gravou Cd’s.

O show São Batuques é uma produção de Sônia Canto Produções, tem como produtor musical o maestro Manoel Cordeiro e acompanham os músicos Luiz Papa, na guitarra; Helder Melo no contrabaixo; João Batera na bateria e Fábio Rato na percussão. Estão confirmadas as participações de Zé Miguel e Osmar Júnior.

SERVIÇO :

Data: 02 de julho / Local: Carinhoso Drink’s / Hora: 22:30

Mesa: R$ 60,00 / Individual: R$ 15,00 (na portaria)

Mais informações: 8116-6687

domingo, 20 de junho de 2010

FURAÇÃO DA COPA DE 1970 EM MACAPÁ - AP

jairzinho_fer claudionor_jairzinho_fernando Craque Jarirzinho, orgulho do Brasil na Copa de 70, foi lá no Calçadão do Waldir comprar meu livro Adoradores do Sol. Mesmo não sendo botafoguense, como brasileiro, tenho o maior orgulho de tê-lo conhecido através do meu amigo, delegado Claudionor. Parabéns à galera do Amapafogo pela iniciativa de trazê-lo ao Amapá.

AMANDA MONT’ALVERNE

 amanda
Amanda concentrada na sua festinha de aniversário, na casa de vovó e vovô.

TEMPO DE SÃO JOÃO

Publicado no jornal “A Gazeta” de domingo, 20.06.2010

festa-junina1 Quando chega a época de São João vejo muita alegria nos olhos das pessoas. É um tempo saudável de festas, inesquecível na vida de quem um dia se arriscou a dançar ou a participar de alguma forma dos seus rituais. Rituais estes que se modificam no decorrer dos anos, quando se abandonam práticas que se tornam obsoletas e que não condizem mais com a modernidade instaurada violentamente pela mídia ou pelos costumes.

Um dia desses um amigo me confidenciou que não gosta mais de assistir “essas quadrilhas todas doidas, cheias de remendos e recortes musicais que mais parecem um arremedo de bailado antigo”. Disse que se trata de uma caricatura das quadrilhas do passado, que devido às competições se tornaram visivelmente cultura de massa, feitas para um público ávido de olhar mais a sensualidade das meninas do que os passos seguros e graciosos da dança de salão mais popular do Brasil. Disse-me ainda, com um ar de tristeza, que o São João está carnavalizado e que só falta colocarem abadás nos participantes para desfilarem na Beira-rio.

Claro que respeito a opinião conservadora desse meu amigo, e certamente seu ponto de vista é interessante, mas, convenhamos, um tanto exagerado, tendo em vista que os costumes e as tradições se modificam com o tempo, e que agregam valores quando necessitam e desprendem outros quando não mais precisam. Daí a palavra tradição significar “transmitir”. E transmitir de uma geração para outra, absorvendo tecnologias novas e inúmeras outras formas de expressão, linguagem, comunicação e de desempenho. Os tempos atuais exigem essas mudanças na essência de qualquer manifestação popular, para que elas não se agonizem, para que não morram. Não podia ser muito diferente com as práticas populares das festas juninas.

Hoje, com a evidência dos valores ambientais, com a condução da tradição das festas juninas nas escolas e outras instituições, poucos se arriscam, por exemplo, a acender uma grande fogueira na rua, conscientes que estão do incômodo que poderão causar à vizinhança e, sobretudo, de estarem sujeitos a responder a algum processo por crime ao meio ambiente, se acaso os setores repressivos da área forem chamados para intervir. Há um constante cuidado de se fazer tudo “politicamente correto”. O São João das fogueiras, dos compadres e comadres que “passavam fogueira” se acabou. Hoje as festas ocorrem nos festivais competitivos das quadrilhas e nas quadras das escolas e salões de clubes, com os compressores de ar movimentando as pseudo-chamas sobre um amontoado de isopores que imitam a fogueira. As músicas envolventes dos ritmos nordestinos não foram substituídas totalmente, mas há uma forte tendência a ter os modismos musicais incorporados, pelas facilidades da mixagem em estúdios.

Ainda bem que em Macapá não temos a tradição de soltar balões. Seria o caos ambiental. Entretanto, se alguém passar em frente a uma sede onde se realizou uma dessas festas vai constatar que o cuidado com o meio ambiente está mais para discurso do que para a prática: ainda se vê palmeiras cortadas na véspera da festa permanecerem fincadas por dias no local, e o lixo se espalhando ao sabor da chuva e do vento sem ninguém se tocar.

Para mim o tempo de São João é um tempo meio adolescente, um tempo de lembranças e de amores infantis que se perderam no espocar dos foguetinhos. O São João é um tempo em que os sonhos se confundiam com o colorido das bandeiras. Um tempo em que as brincadeiras da época agora parecem contracenar com a gente, neste cenário onde o fogo das fogueiras é uma ilusão que se apaga paulatinamente em nossas vidas, pois tudo muda e nos resta aceitar as mudanças, sem precisar impor uma resistência antipática a elas. Vamos dar uma chance às novidades dessa juventude alegre e saudável. E viva São João!

Imagem disponível em www.denisluque.files.wordpress.com

sexta-feira, 18 de junho de 2010

COLUNA CANTO DA AMAZÔNIA

Publicada no jornal “A Gazeta de sexta-feira, 18/06/10

TEATRO DA MAIORIDADE

O professor Palhano vem desenvolvendo um interessante trabalho de laboratório de artes cênicas com cinqüenta alunos da Universidade da Maioridade – UMAP.

Ainda este semestre pretende levar ao palco do anfiteatro da UNIFAP várias cenas inspiradas nas histórias pessoais dos alunos, com cerca de uma hora de duração no total. São histórias que ora são dramáticas ora cômicas, como a do aluno que foi garçom do Bar Caboclo na década de 60.

Palhano, que é pós-doutor em teatro, diz que não tem tempo para que as pessoas se revelem artistas. Muitos dos alunos que praticam esta arte depois dos sessenta anos, só o fizeram agora porque nunca tiveram estímulo.

PRIMEIRO CONJUNTO

Hernani_Marly Muita gente acha que os primeiros conjuntos musicais a se apresentarem em clubes de Macapá foram Os Mocambos ou Os Cometas. Estão errados. Segundo o violonista Hernani Victor Guedes o primeirão mesmo foi “Os Seresteiros Tropicais”, composto do próprio no violino, Dário na bateria, Oséas no contrabaixo acústico e Alcides no acordeón.

Normalmente se apresentavam na Assembleia Amapaense, antigo Aéro Clube, que ficava ali onde é hoje o Centro Administrativo do Governo, entre Avenida FAB e Procópio Rola.

Com um repertório incrivelmente pequeno, tocavam em torno de 10 músicas num baile de quatro a cinco horas. A explicação é que repetiam bastante, atendiam aos pedidos dos bailantes e ainda paravam para um intervalo. A sonorização (microfone) era adaptada naqueles enormes rádios com válvulas, pois não tinham caixas de som. (Foto disponível no blog www.alcilenecavalcante.com.br)

CLIMA DE COPA

Depois da vitória apertada do Brasil contra a Coreia do Norte os amapaenses se espertaram mais para decorar suas casas como nos velhos tempos de outras copas.

Mas são as ruas da periferia que vêm dando visibilidade ao maior evento esportivo do planeta, com seus enfeites e bandeiras verde-amarelas. É uma época interessante porque também une as famílias e todo mundo só tem um time. A discussão que ocorre é sempre sobre a “incompetência” do treinador da seleção. Agora é só esperar o domingo para torcer, secar a Costa do Marfim e engordar uns quilinhos.

FESTAS JUNINAS

quadrilha Foram os portugueses que trouxeram as festas juninas para o Brasil, no século XVI. Elas foram assimiladas pelos brasileiros e sofreram adaptações. Hoje estão dissociadas dos ritos católicos e pertencem ao folclore brasileiro, fazendo parte das datas comemorativas nacionais, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.

À exceção dos festivais de quadrilhas, quase não se vê mais em Macapá os folguedos juninos como os pássaros e os bois-bumbás que faziam a alegria da garotada há algumas décadas.

Lembro do “Vem-te-ver” do seu Gabriel, que também organizava o “Tangará” e o “Leão”; do “Papagaio” do Chefe Humberto, encenado pelos escoteiros da tropa Veiga Cabral; e do “Malhadinho”, um pequeno boi que se apresentava nas casas do bairro do Laguinho, e era constituído só por crianças e adolescentes do Morro do Sapo.

Até agora não conheço nenhum trabalho acadêmico sobre essas manifestações tão populares de nossa terra. Uma pena. (Foto: Mariléia Maciel)

COPACABANA

ju_manoel Com um novo CD no forno, a cantora Juliele vai apresentar o seu show “Balé de Luz” na boate e casa de show Copacabana, que será inaugurada na próxima quinta-feira, dia 24. A casa, que tem as ondas da famosa praia carioca em suas calçadas, fica localizada na Avenida Mendonça Furtado, canto com a Rua Odilardo Silva, onde ficava o “Cofre do Tio Patinhas”.

Juliele fará uma temporada de um mês, sempre às quintas-feiras, sob a direção musical do maestro Manoel Cordeiro.

SANDÁLIAS DO CALÇADÃO

waldir Perguntaram para o Waldir do bar Calçadão, do Laguinho, o que tinha naquele saco plástico escuro pendurado no teto do bar. Ele respondeu que eram sandálias. O interlocutor achou estranho e lhe disse que assim ninguém ia saber o que era. – Tá, não! Exclamou o Waldir. - É só perguntar que eu digo o que é, ora!

ZUNIDOR

REITERO os votos de felicidades e muito sucesso ao cantor e compositor, e meu parceiro de inúmeras canções, Osmar Júnior, por mais um ano de vida. Que venha logo o belo DVD e o CD “Cantoria do Lago”, uma excelente produção gravada no misterioso Lago Piratuba.

Deixaram de cuidar das árvores plantadas pelos estudantes de medicina da UNIFAP durante o trote ecológico do início do ano. Muitas morreram.

A diretoria da AMCAP homenageou associados, pessoas e entidades, por ocasião da festa dos seus 14 anos de existência, no malocão do SESI, no dia 10. Eles elas a Rádio Universitária, Ronaldo Abreu e os programas “Movimento em Ação”, apresentado pelo radialista Heraldo Almeida, e “Café com Notícia” de Ana Girlene e Márcia Corrêa.

Inderê! Volto zunindo na sexta.

A GENEROSIDADE DE DOACI

doaci jardim Doaci Jardim é uma espécie de mecenas que tem a capacidade de fazer pelo próximo como ninguém, principalmente pelos artistas amapaenses, que vez por outra estão lhe solicitando apoio cultural.

Apaixonado pela terra e pelas coisas tucujus, ele traz na pele o dom da generosidade, ofertado pelo suor do trabalho que se dedica in totum, no dia-a-dia às suas empresas. Emana do seu jeito um sentimento de pertença, uma dádiva ampla que se espalha nos seus momentos de lazer e de prazer na orla da cidade, entre terraços e botos tucuxis.

Um cara com essa força e com tanta história pra contar só pode merecer loas, pois ele primeiro doa a si para poder doar à coletividade seus sonhos de menino. Menino humilde - é bom que se diga - que venceu na vida pela Inteligência e pelo trabalho.

Não é seu aniversário, mas bem caberia um “É Big!” no Jardim desse cara inquieto e sempre cheio de novas idéias, que também tem a qualidade de ser sincero e amável com todos.

NA TORCIDA PELO BRASIL

HERALDO ALMEIDA

Jornalista Heraldo Almeida, enfeitando a sua casa no bairro do Laguinho

ÍCONES DA MAÇONARIA AMAPAENSE

dr lopes_araguarino Dr. Lopes (GOB) e Araguarino Mont’Alverne (GLOMAP)

ITINERÂNCIAS & ENCONTROADAS

REINALDO_REGINALDO_FERNANDO CLUBE 30 alcineia_lino
Reinaldo e Reginaldo, no Clube dos 30 Alcinéia e Francisco Lino
alcineia_tica lemos BETO PACHECO
Alcinéia e Tica Lemos Alberto Pacheco, no Bar do Abreu
cristiano_tamuata pretinho_tadeu pelaes helida_pennafort
Cristiano “Tamuatá Pretinho” e Tadeu Pelaes Hélida Pennafort
janete_alô, alô IRMÃOS DO HERALDO
Janete, apresentadora do Alô, Alô Amazonia, da RDM Irmãos do Heraldo Almeida
lino_eri milhomem LINO-fern_alcineia_doaci
Francisco Lino e Eri Milhomem Francisco Lino, Fernando, Alcinéia e Doaci Jardim

         IDANILDE_ALBENE_MARCIA_NÚBIA_JULIANA_MARLENE  Torcedoras da PROGRAD: Idanilde, Professora Albêne, Márcia, Núbia, Julieana e Marlene, do Curso de Gestão Estudantil da UNIFAP.

FESTA DO CLUBE DOS 30

O Clube dos 30 comemorou aniversário no dia 15/06.

BAIÔ    TUPINAMBAS -  CLUBE 30
Baiô As Tupinambás
LAERCIO_BIRUNGUETA GUITA _ ZACARIAS
Laércio e Birungueta D. Guita e Sr. Zacarias

Festa da AMCAP

Parabéns ao presidente Cléverson Baia que proporcionaou aos associados uma festa muito bonita para comemorar os 14 anos da entidade, do dia 10/06.

110620104328 eunice_sonia
A alegria e irreverência de Mancha. Eunice, colunista do Jornal do Dia e Sonia Canto
jorginho_lino Jorginho do Cavaco e Francisco Lino ofereceram um show à parte na festa da AMCAP.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

É BIG! É BIG!

niver amanda No dia 16/06 foi o aniversário de Amanda, minha netinha, que completou dois anos.

Antes do seu nascimento compus esta valsa para brindar sua chegada. E ela veio vestida de sonho, iluminada. Nossas vidas ganharam mais sentido porque Amanda existe. Muitas felicidades, querida.

AMANDA

Fernando Canto

Você virá / De um céu de arroz

Espalhando aromas

Você virá / Dizendo ôi

No seu idioma

E chegará / Num caracol

Vestida de sonho

Para brincar / Pra dar amor

A um mundo risonho

Quem somos nós / Para querer

Contrariar / Sua vontade

No seu jardim / Tem tanta flor

Tem tanto amor / Felicidade

Vem pra brincar / Vem pra chorar

Pra dar sentido / Em nossas vidas

Anda, Amanda, querida.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

FILHO LONGE

Conto de Fernando Canto

Para o ASMA, adolescendo.

     É cedo. Ela bate o telefone com raiva. Ou seria ciúme?

     - Esse menino pensa que é homem feito. Fica arranjando umas peruas fedelhas que nem ele e ainda por cima quer que eu mande dinheiro pra comprar presente pra elas. Ora veja só, seu Arthur, aonde é que nós chegamos. Ele também é seu filho. É seu filho...
     Ela me cobra, fala resmungando, mas pedindo cumplicidade. De sua cabeça parece sair uma fumaça que se espalha na sala de jantar, onde leio o jornal e tomo café antes de sair para o trabalho.
     Ela pergunta; - E você? Fica só olhando, não diz nada, é? Pensa que eu não percebo um brilho de orgulho nos seus olhos? Só porque ele é homem, é? Queria ver se fosse uma menina... Pra mim ele ainda é criança...
     - He, he, he!
     Dissimuladamente eu rio da preocupação da mãe com o filho adolescente, embora tenha por castigo uma abrupta interrupção na leitura. Apanho o jornal do chão e chego a ensaiar um discurso.
     - Acont...
     - Acontece coisa nenhuma. Vocês homens apóiam tudo que o filho faz, principalmente quando se trata de mulheres.
     - Deixa o meni...
     - Deixa, nada. Com o fantasma da AIDS rondando por aí... Coitado... Sabe lá se usa camisinha.
     - He, he, he!
     - Não ria tá bom? Eu não quero nem imaginar meu filho padecendo com essas horríveis doenças sexuais.
     - Mas, meu amor... Ele é bem informado, tem leitura e não se mete com qualquer uma... Deixe ele curtir suas férias lá com os avós.
     - Ora, os avós são os primeiros a paparicá-lo e ainda o estimulam deixando ele sair no carro, logo naquela cidade onde só tem piranha. Sabe o que ele me disse, sabe? Que um “avião” caiu no “aeroporto” dele e que ele vai “detonar”, “decolar”, sei lá o quê... Aquele moleque, metido a homem...
     - He, he, he!
     Imagino meu filho namorando com um Boeing 747, abraçado com a aeronave, voando entre as nuvens, aterrissando na pista e a população aplaudindo no terraço do aeroporto. Ela chama minha atenção, baixando a folha de jornal, senta-se na cadeira a meu lado e me encara.
     - Veja você: eu já sei que ele anda pra cima e pra baixo naquele carro, pelas praias, pelas praças, passeando com gatinhas, me disseram... Com galinhas, isso sim, porque só tem galinha e piranha naquela porcaria de cidade. Vamos supor que ele se apaixone e, e... Oh, meu Deus! Não quero nem pensar. Ele é tão novinho...
     Eu digo: - Olha que você nasceu lá, hem? Suas irmãs moram lá, suas sobrinhas moram lá... hem, hem? (Insinuo com sarcasmo)
     Ela levanta e diz: - É. Mas eu não sou igual àquelas galinhas, tá bom? Eu sou de uma outra época, época que havia respeito.
     Eu digo: - Tá bom, tá bom. Não está mais aqui quem falou. Não precisa ficar vermelhinha. Não me bata. Please, my girl! (Continuo a ironia)
     Ela está superpreocupada, Roda pela sala. Eu só olhando...
     Ela pára: - Ai! Eu não quero ainda ser avó, sou muito nova. Acho melhor que ele venha logo. Já começo a me preocupar. Já pensou? A gente cuidando de criança nova... Ora, um fedelho desses que ainda faz cocô na cueca... E você? Você não diz nada? Depois não me venha dizer que eu não avisei, seu machista.
     -He, he, he!
     Ela fala, fala: - Blá, blá, blá...
     Eu penso, penso, o meu pensar pequeno-burguês: - Será que eu sou a espora e ela é a rédea? Sem isso o cavalo desembesta e cai, quebra a perna... Mas com isso o cavalo anda devagar, trota e pára pra comer capim... Metáforas vêm à cabeça. Um carro. Isso. Um carro dá pra comparar. Direção, marcha, embreagem, acelerador, freio... Ora bolas, cada um tem sua estrada. À noite, seu próprio farol, mas os obstáculos a serem ultrapassados são de nossa responsabilidade. É um filho. Temos que indicar o que pensamos ser o melhor caminho. No meu tempo era uma outra coisa. A gente tinha que se virar. Eu nunca tive as informações e as facilidades financeiras que meu filho tem hoje. Tudo é perigoso hoje em dia. A mãe dele não deixa de ter sua razão. Tenho que entendê-la, seja cuidado ou meramente ciúme de mãe. Ela tem razão. Quero acreditar nisso. Então a chamo para uma conversa mais séria. Não percebo que ela já saiu para trabalhar.
     Quando retorno, à noitinha, a encontro com meio-sorriso, mas querendo parecer séria.
     Ela diz: - Mandei só mil reais. Depositei esse valor na conta dele. Só isso e nada mais do que isso. Será que ele pensa que somos ricos, que dinheiro brota no meio da rua? Ah, ele tá muito enganado. Só mando mil, e olhe lá... Não sei pra quê ele quer mais dinheiro? Não basta o que demos para ele levar e o que os avós dão quando ele pede? Esse menino tá é aprontando... Veja se fala com ele, Arthur, veja lá, hem?!
     Ela me adverte do perigo. No fundo eu explodo uma risada. Cá comigo sei que milzinho vai dar para comprar um bom presente pra gatinha e ainda vai sobrar. O filhão é esperto... Vai se divertir à beça com seu “avião”. A mãe e o pai que se danem. Não estarão perto para vigiá-lo, mesmo. É preciso ele aprender a guiar aos poucos sua própria vida.
     Lá no fundão de sua alma preocupada, tenho certeza que a mãe de meu filho sabe disso, apesar da insegurança.
     As oito ela liga. Interurbano. Eu ouço o final da conversa.
     - Filhinho querido, me desculpe de novo por hoje de manhã. Já depositei um dinheirinho na sua conta. Mas não é tudo aquilo que você pediu, viu? A grana por aqui tá curta. Olhe, tome cuidado, tá? Você sabe de quê estou falando, meu filho? Não se faça de desentendido. Converse com seu avô... Não se deixe iludir por essas garotas maluquinhas, meu filho. Se cuide. Beijão. Vou passar pro seu pai, ele quer conversar com você e lhe dar uns conselhos. Tchauzinho!
    Ela passa o aparelho para mim. Está apreensiva. Me vigia. Me marca cerrado. Eu a olho sério nos olhos. Atendo ao telefone e falo:
     - Oi filhão, é verdade que já vou ser avô?

Belém – PA - 1991(atualizado em 2010)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

MACAPÁ ESTÁ NA COPA

perpetuo socorro5_copaÀs vésperas da estréia do Brasil na Copa do Mundo, os amapaenses ainda estão tímidos para externar seu apoio com a decoração das ruas e avenidas da cidade. Parece que todo mundo está esperando para ver o desempenho dos jogadores frente ao primeiro jogo. No bairro do Perpétuo Socorro a torcida já está preparada.

É BIG! É BIG!

osmar_araguari Muitas felicidades e muito sucesso ao meu amigo e parceiro Osmar Júnior que faz aniversário hoje.

CRÔNICA AMOROSA DA CASA DE PRAIA

Publicada no jornal “A Gazeta” de domingo, 13/06/2010

Aquele feriado prolongado caiu como uma cerveja gelada num dia quente.

Iríamos novamente, eu e ela, para a nossa casa de praia curtir a um pouco de calma, já que os filhos e os netos resolveram conhecer outros lugares. A ausência deles doía, pois estávamos tão acostumados que era difícil acreditar que estivéssemos a sós. Vez por outra uma paisagem, uma ponte ou os animais que pastavam ao lado da estrada geravam uma lembrança e um comentário sobre eles. Então fizemos um “acordo” para evitar falar neles, algo meio difícil para nós, tão apegados aos netos.

Chegamos cedo. E após a festa do cachorro e as reclamações habituais do caseiro, fomos à praia, aonde encontramos velhos amigos, para contar novamente antigas e esquecidas piadas e para ouvir as mesmas risadas, agora mais discretas. Foi um dia bom, cheio de novidades positivas e felizes.

De manhã o sol bateu forte na vidraça da janela e se intensificou no quarto. Levantei e não a vi. Depois a encontrei no jardim cuidando das plantas, seu trabalho predileto em nossa casa. Ela estava de chapéu, botas e luvas, com aquelas tesouras, garfinhos e pazinhas alaranjadas, plantando, podando e trocando a terra de uns vasos. E dissecava palavras carinhosas sobre as plantinhas. E me explicava com paciência que a rosa vermelha estava produzindo poucas flores, que a rosa-rosa e a rosa branca precisavam de adubo, que as frutas do pomar estavam esturricadas devido ao calor e outras coisas mais. Falou-me que deveríamos dar mais valor às plantas mágicas da nossa região porque elas protegem a casa e as pessoas dos males dos homens e dos maus espíritos. E discorreu sobre as propriedades místicas do tambatajá, dos tajás rio negro, rio verde, boto e onça, de outros tantos e, principalmente, do comigo-ninguém-pode, que é uma espécie de aninga, explicava.

Não tive mais nenhuma dúvida. Peguei a camionete e fui comprar adubo e terra preta na vila. Ela aproveitou para adquirir novos pés de plantas, que eu até ignorava que existissem. Trabalhamos pesado o dia todo. Eu e o pobre do caseiro que sempre descuidava do jardim da patroa. Consertamos cercas, fizemos leiras, limpamos as varandas, a área de lazer e a piscina, colocamos os colchões de mola para desumidificar ao sol, consertamos móveis antigos e polimos a enorme e pesada mesa de mogno onde toda a família e os amigos se reuniam para almoçar. Depois de tudo limpo e no seu devido lugar fomos jantar. Então ela falou que tinha algo muito importante a me dizer. Enquanto eu imaginava o que fosse ficou no ar o cheiro encorpado de ovo frito quando ela o tirou da frigideira para me servir. O prato de porcelana inglesa - herança dos seus pais – era antigo como o sino da igrejinha da vila. Parecia um gigantesco tacho de comida aos meus olhos, tanta era a fome que eu sentia. Educadamente me contive até ela pôr o prato sobre a mesa. Percebi que no seu olhar sobre meus gestos havia admiração e certa censura. Aquilo foi me encabulando aos poucos, não consegui terminar de comer a omelete, que, aliás, era a única coisa que cozinhava bem. Ela percebeu e me disse: - Coma devagar. Não vou ficar aqui te olhando. E saiu da cozinha.

Na rede da varanda a gente olhava a lua imensurável aos nossos olhos, em silêncio. Até que ela falou: - Obrigada, amor, foi um dia puxado, mas recompensador. Lembra-se disto? Disse-me mostrando um anel de ouro e brilhante, envelhecido. - Encontrei-o ao trocar a terra de um vaso quando meditava sobre o que tem sido a minha vida ao seu lado. Eu agradecia a Deus por ela ser tão cheia de desafios, de vitórias e de superações e por ser prenhe de amor e de perdão, justamente quando arranquei um pé de quebra-pedra e esmaguei a terra de suas raízes. Eu estava sem as luvas de borracha, pois tem hora que elas incomodam, e de repente aquele anel sujo parecia querer se alojar novamente no meu dedo. Foi um dia feliz porque recuperei um objeto que faz parte da nossa história, meu anel de noivado, que você me deu e que eu havia perdido durante a construção desta casa, lembra? Ah, eu tinha chorado tanto e agora ele volta para o meu dedo assim... Tão simples.

Eu a deixei chorar de alegria, um aparente gesto de fragilidade no rosto de uma mulher tão forte e corajosa. Apesar de estarmos cansados, conversamos abraçados a noite inteira, falando da vida, das coisas que vão e que voltam mesmo quando nem imaginamos e, claro, dos netos e filhos, tão inteligentes e bonitos. Então o sol chegou como um imenso anel de brilhante para iluminar nossa história de amor e os sonhos que sonhamos para quem amamos, nos embalando na rede da varanda da nossa casa de praia.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

É BIG! É BIG!

orivaldo Passou despercebida a data do aniversário do meu amigo e educador Orivaldo Azevedo.

Emérito integrante do Grupo Pilão, “Cerol” não vai se aborrecer deste “É Big” atrasado, porém sincero. Parabéns, amigo e Ir.: de sonhos.

COLUNA CANTO DA AMAZÔNIA

Publicada no jornal “A Gazeta” de sexta-feira, 11/06/10

ENREDO DE CARNAVAL

ronaldo_PP Piratas Estilizados trazem para a Avenida Ivaldo Veras, em 2011, o tradicional Bar do Abreu como enredo.

De acordo com o presidente da entidade, Roberval Lima, o tema está sendo feito por carnavalescos da agremiação que também são freqüentadores do “boteco”, principal referência etílica-cultural da cidade.

A escola levará para o desfile, pessoas ligadas ao jornalismo, às artes e aos esportes e, naturalmente, o balcão do bar com uma galera lá dentro.

Dia 26 de junho será lançado o enredo oficial com o nome “Bar do Abreu: estilizando a tradição em doses de poesia na passarela da ilusão”. Quem quiser saber detalhes é só acessar: www.estilizadosoficial2011.blogspot.com . (Foto: Ronaldo Abreu e Governador Pedro Paulo, Vice-Presidente dos Estilizados)

ENREDO DE CARNAVAL 2

fern_osmar Os Boêmios do Laguinho, sempre procurando valorizar a prata de casa, vem com o enredo “Laguinho África Minha: Cantos e Revoadas de Dois Poetas Geniais”, uma homenagem explícita e amorosa à obra lítero-musical de personagens vivos do Bairro Moreno da cidade.

O samba já está sendo composto; as fantasias sendo desenhadas por Hélio Alvarez e as alegorias pelo competente carnavalesco Rodrigo Siqueira. Haveremos de esperar um mundo mágico e coisas fantásticas extraídas das obras dos poetas laguinenses. Agora é só aguardar para ver e sonhar.

CONCURSO DE QUADRILHAS

Encerra domingo o festival municipal de quadrilhas juninas, que desde quarta-feira vem sendo realizado no Sambódromo, através de apresentações de mais de cem grupos inscritos.

O festival é considerado por especialistas como um dos maiores da região, em virtude de congregar milhares de pessoas e produzir um movimento econômico-cultural que a cada ano se avoluma mais.

Na semana que vem acontece o festival estadual, que também reúne dezenas de grupos juninos e será realizado no parque de Exposições de Fazendinha.

FESTIVAL DE MÚSICA DA ESTHER

linomário A escola Estadual Esther Virgulino acabou de realizar no final de maio o seu III FEMAE. O tema escolhido foram os municípios amapaenses, e quem venceu foi Cássia, da turma 112, com a música “Calçoene, terra de encantos”. O CD já está pronto e vai ser comercializado a partir desta semana.

De acordo com o professor Linomário, a escola conseguiu reduzir a zero a evasão escolar do ensino médio, principalmente a do horário noturno, graças aos projetos desenvolvidos (como o do Festival e o Arquimedes) pelos professores, sob a coordenação da sua incansável diretora, a professora Arlene Favacho.

Desde que ganhou um concurso junto ao FNDE em 2008, no valor de 140 mil reais, a escola vem investindo em infra-estrutura e equipamentos, que a fez ter a melhor estrutura de uma escola pública do Amapá.

MARIA BÊ

maria be Depois de um tempão encontrei minha amiga Maria Benigna, ex- presidente do TERRAP e ex-senadora da República, pois era suplente do então senador Bala Rocha, e ficou cerca de 20 dias atuando em Brasília.

Bê, como é conhecida, é advogada aposentada e exercia, no domingo passado, o seu dever de amapaense de assistir e participar do Marabaixo, no Laguinho, com gengibirra e o que mais tinha direito.

CANDIDATOS SANTOS

Os amapaenses como meu amigo Nonato Pires, se perguntam diariamente sobre as contingências da vinda de milagres na política amapaense para o futuro.

Mas os candidatos parecem querer acabar mesmo com o dem(ôni)o e partir para uma guerra santa, oferecendo seus santos nomes ao povo eleitor.

CANDIDATOS SANTOS 2

São LUCAS era um médico muito sábio e foi um dos evangelistas e mártir do cristianismo; São PEDRO negou Cristo por três vezes, mas foi fundador da Igreja e crucificado como mártir. É ele quem manda no tempo e na chuva e tem as chaves do cofre, digo, do céu. São CAMILO, pelo que apuramos, só sabe perguntar para São Luís, lá no hospital, “onde fica o Merengue”? E São JORGE pode ser chamuscado ou engolido pelo Dragão, se não fizer reza forte.

Agora é só torcer para que a política amapaense não vire uma “igrejinha”.

ZUNIDOR

juliele JULIELE reapresenta o show “Balé de Luz” amanhã no restaurante Terrazzo 107, que fica no início da Rua São José, na Beira Rio. Imperdível.

O Curiaú festeja Santo Antonio, com muita folia, batuque e bailes dançantes neste fim de semana. - Vamos passar fogueira, comadre!

Hélder Brandão e Beto Oscar enfim resolveram produzir um show para mostrar suas belas composições. Há muito seus fãs esperavam essa iniciativa. Será no dia 02 de julho, no Bar-teatro Carinhoso, com a chancela de Sônia Canto Produções.

hayanna_ Foi na terça-feira a comemoração de aniversário de Hayanna, atriz, declamadora e multimídia, filha querida de minha amiga Andréia, também atriz.

helder_papa No show de Hélder Brandão, que ocorreu no Sesc Centro, durante o Projeto Botequim, faltou luz. O Papa tocou violão no escuro.

Com exceção do próprio, todo mundo da casa do Dr. Antonio Teles pegou dengue lá no chic bairro Alvorada.

cleverson Já está pronto o CD de Cleverson Baía. Sai em julho.

jackson amaral Jacson Amaral volta aos palcos com o show “Monalisa Gioconda”.

Muita gente boa foi prestigiar o último dia do ciclo do Marabaixo (Domingo do Senhor) na casa de Dona Biló, no Laguinho. Não sei se foi impressão, mas não vi nenhum político por lá.

Dia 10 a AMCAP fez aniversário de fundação.

tavares Parabéns ao Tavares, que fez 65 anos no dia 06 passado. É sempre um prazer conversar com ele.

Inderê! Volto zunindo na sexta.